Boom da IA Torna Zhang Yiming, da ByteDance, a Pessoa Mais Rica da China

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Zhang Yiming, cofundador da ByteDance, tornou-se o homem mais rico da China. Ele ganhou relevância à medida que investidores apostam em empresas com potencial em inteligência artificial. Segundo estimativas da Forbes, sua fortuna cresceu para US$ 65,5 bilhões (R$ 379,34 bilhões), superando os US$ 56,5 bilhões (R$ 327,13 bilhões) de Zhong Shanshan, fundador da gigante de bebidas Nongfu Spring.

Aos 41 anos, Zhang construiu seu patrimônio a partir de uma participação de 21% na gigante de tecnologia, que é de capital fechado. No entanto, ele deixou o cargo de CEO em 2021 e, mais tarde, também renunciou à presidência da empresa.

Nos mercados secundários, a avaliação da ByteDance varia entre US$ 240 bilhões (R$ 1,38 trilhão) e mais de US$ 400 bilhões (R$ 2,31 trilhões), de acordo com estimativas de grandes investidores, incluindo Fidelity Investments e T. Rowe Price Group. A Forbes avalia a empresa em US$ 312 bilhões (R$ 1,80 trilhão), com base em um recente programa de recompra de ações e conversas com analistas e um investidor da ByteDance que preferiu não se identificar.

Esse valor representa um salto de mais de 40% em relação a 2024, quando alguns investidores do mercado privado só estavam dispostos a comprar ações da ByteDance a um preço que sugeria uma avaliação de US$ 217 bilhões (R$ 1,25 trilhão). A empresa se beneficiou do aparente alívio na situação do TikTok nos EUA, depois que o ex-presidente Donald Trump afirmou que “provavelmente” estenderia o prazo de 5 de abril para a plataforma de vídeos curtos ser vendida ou banida, segundo Glen Anderson, cofundador e CEO da corretora norte-americana Rainmaker Securities, em e-mail. No último domingo, Trump afirmou que está negociando com diferentes compradores americanos para uma participação no TikTok e que um acordo pode acontecer em breve.

Enquanto isso, os investidores estão mais otimistas quanto ao futuro das grandes empresas de tecnologia da China, incluindo a ByteDance. Eles estão animados com a postura mais favorável do governo em relação ao setor privado e com os avanços do país em IA, apesar das tentativas dos EUA de dificultá-los por meio de restrições de exportação. O Índice Hang Seng Tech, que mede o desempenho de empresas como Alibaba e Tencent, subiu 80% nos últimos 12 meses. “As ações de tecnologia da China tiveram uma grande recuperação a partir de uma base muito baixa”, afirmou Charlie Chai, analista da empresa de pesquisa 86Research, em mensagem no WeChat.

Concorrência acirrada

A ByteDance viu seu chatbot Doubao se tornar o segundo mais popular do mundo em número de usuários ativos mensais (MAUs). Impulsionado por seu próprio modelo de linguagem avançado (LLM), o produto gratuito alcançou 82 milhões de MAUs em fevereiro. O ChatGPT, da OpenAI, que lidera o ranking, teve 400 milhões no mesmo período, segundo o site chinês aicpb.com, que monitora produtos de IA. O chatbot da empresa chinesa de IA DeepSeek, que surpreendeu o Vale do Silício em janeiro ao lançar um modelo altamente econômico, ficou em quarto lugar, com 62 milhões de MAUs.

Um porta-voz da ByteDance recusou-se a comentar. Embora não esteja mais envolvido nas operações diárias da empresa, Zhang Yiming ainda desempenha um papel-chave na estratégia de IA da companhia, de acordo com reportagens da mídia.

Segundo o portal estatal The Paper, o bilionário tem incentivado um foco intenso em inteligência artificial, com o objetivo final de alcançar a inteligência artificial geral (AGI), ou seja, uma IA que iguale ou supere a inteligência humana. Zhang também lidera a contratação de talentos na área de IA para a ByteDance e, de acordo com a mídia local, concordou em pagar um salário anual superior a 10 milhões de yuans (US$ 1,4 milhão; R$ 8,10 milhões) para atrair um engenheiro de IA de uma empresa concorrente.

Além disso, a ByteDance reservou 40 bilhões de yuans (US$ 5,5 bilhões; R$ 31,84 bilhões) para a compra de chips de IA na China em 2025 e US$ 6,8 bilhões (R$ 39,37 bilhões) para investimentos em infraestrutura de IA no exterior, segundo o Financial Times, que citou fontes anônimas. No ano passado, a empresa gastou US$ 8 bilhões (R$ 46,32 bilhões) em servidores relacionados à IA, hardware essencial para as demandas computacionais desses sistemas, de acordo com um relatório de março da corretora chinesa Cinda Securities.

No entanto, Charlie Chai, da 86Research, alerta que a competição em IA na China está cada vez mais acirrada. A ByteDance opera diversas plataformas de mídia social populares, incluindo o Douyin, versão chinesa do TikTok, o que tem ajudado a impulsionar a adoção do Doubao. Mas, no que diz respeito aos modelos de IA que alimentam esses serviços, a gigante chinesa do e-commerce Alibaba está “liderando a competição”, segundo Chai.

Na semana passada, a Alibaba lançou seu mais recente modelo de IA, o QwQ-32B, que promete desempenho aprimorado e maior capacidade de raciocínio, além de exigir menos dados para treinamento, segundo a empresa. Outro modelo da Alibaba, o Qwen2.5-Max, ocupa a nona posição no ranking global de modelos de IA por votação de usuários, de acordo com a Chatbot Arena, plataforma de classificação desenvolvida por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, entre outras instituições. O modelo R1, da DeepSeek, está em sexto lugar no ranking. Já os produtos da ByteDance não aparecem entre os dez primeiros.

“Embora os chatbots sejam uma interface conveniente para demonstrar o poder da IA ao público, o que realmente importa são os modelos de IA que operam nos bastidores, e estes devem ser avaliados com mais rigor em termos de desempenho e custo”, disse Chai em mensagem no WeChat. Segundo ele, pelos critérios de desempenho e eficiência, os modelos da Alibaba são a melhor escolha da 86Research.

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