O impacto da endometriose no dia a dia

Por Maíra Kraetzer Alves, psicóloga especializada em psicologia da reprodução humana e atenção psicossocial da infertilidade.

Cólicas fortes, por vezes incapacitantes, dor na relação sexual, dor ao evacuar: você reconhece esses sintomas? Isso pode ser endometriose…

Os sintomas da endometriose podem ser debilitantes e interferir diretamente no desempenho profissional. Dores pélvicas intensas, cólicas menstruais incapacitantes, fadiga crônica e desconforto gastrointestinal tornam difícil manter uma rotina produtiva. Muitas mulheres acreditam que sentir cólicas fortes é normal e acabam ignorando sinais que indicam algo mais sério. A falta de informação e o atraso no diagnóstico podem contribuir para a progressão da doença.

A endometriose também pode afetar o humor e a qualidade do sono, aumentando os níveis de estresse e ansiedade. O impacto emocional da doença, somado à incerteza sobre seu controle, pode gerar angústia e frustração. Mulheres que enfrentam esse diagnóstico muitas vezes vivenciam um luto silencioso, lidando com expectativas frustradas e a necessidade de reorganizar a vida de acordo com os desafios impostos pela condição.

Endometriose : um desafio na vida das mulheres

A endometriose é uma condição que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, ou seja, 1 em cada 10 mulheres sofre com a doença. Ela impacta não apenas a saúde física, mas também o bem-estar emocional, profissional e social das mulheres. Trata-se de uma doença inflamatória crônica na qual o tecido semelhante ao endométrio cresce fora do útero, causando dor intensa, fadiga, alterações intestinais, trazendo dificuldades no dia a dia, e, em alguns casos, infertilidade. O grande problema é que seus sintomas são progressivos e por vezes silenciosos, o que pode retardar o diagnóstico e o início do tratamento.

A estimativa é que as pacientes demorem cerca de 7 à 10 anos até receberem o diagnóstico da doença. Comumente, as pacientes relatam extensa trajetória tanto na busca de respostas, quanto de tratamento. Não é raro encontrarmos pacientes sentindo-se culpadas, pela demora do seu diagnóstico, haja vista a possibilidade de agravamento do quadro e complicações da doença.

 Desafio da infertilidade

Estima-se que cerca de 30% a 50% das mulheres com a doença enfrentem dificuldades para engravidar, seja devido à obstrução das trompas, inflamação ou aderências ocasionadas (que podem alterar a anatomia do útero e também de outros órgãos da pelve). Mulheres que têm endometriose e que desejam engravidar, muitas vezes, acabam por se deparar com um cenário que envolve a necessidade de consultas médicas frequentes, exames invasivos e, em alguns casos, tratamentos de reprodução assistida. Esse processo pode gerar um desgaste físico e emocional significativo, além de exigir ajustes nas rotinas pessoais e profissionais.

Cabe ressaltar que lidar com a infertilidade pode ser bastante desafiador. O diagnóstico de infertilidade tem grande potencial desorganizador: ver o projeto parental em risco pode gerar intenso sofrimento. As pacientes sentem-se sozinhas e incompreendidas. Muitas vezes o acompanhamento psicológico é indicado, de maneira a oportunizar suporte emocional diante desse momento tão desafiador.

O Impacto da endometriose no dia a dia

Os sintomas da endometriose podem ser debilitantes e interferir diretamente no desempenho profissional. Dores pélvicas intensas, cólicas menstruais incapacitantes, fadiga crônica e desconforto gastrointestinal tornam difícil manter uma rotina produtiva. Muitas mulheres acreditam que sentir cólicas fortes é normal e acabam ignorando sinais que indicam algo mais sério. A falta de informação e o atraso no diagnóstico podem contribuir para a progressão da doença.

A endometriose também pode afetar o humor e a qualidade do sono, aumentando os níveis de estresse e ansiedade. O impacto emocional da doença, somado à incerteza sobre seu controle, pode gerar angústia e frustração. Mulheres que enfrentam esse diagnóstico muitas vezes vivenciam um luto silencioso, lidando com expectativas frustradas e a necessidade de reorganizar a vida de acordo com os desafios impostos pela condição.

A progressão da doença e seus impactos

A endometriose pode se manifestar de formas diferentes em cada mulher, com sintomas que variam em intensidade e frequência. Em muitos casos, a doença avança silenciosamente, afetando órgãos como ovários, intestino e bexiga. A dor tende a se tornar mais intensa com o tempo, e sem um tratamento adequado, as lesões podem se espalhar, tornando a abordagem médica mais complexa.

Manejo  do estresse

Bem sabemos que a vida moderna nos impõe uma série de exigências que, muitas vezes, nos exigem alto índice de entrega, comprometimento e dedicação. A necessidade de equilibrar carreira profissional, relacionamento, família, entre outros; nos coloca em situação de esforço contínuo, levando a expressivos níveis de estresse.

Pacientes com endometriose, devem dar especial atenção a esse fator, haja vista que o estresse contínuo pode contribuir sensivelmente para o aumento da sensação de dor e por consequência da redução da capacidade laborativa.

Estratégias para melhorar a qualidade de vida

Apesar dos desafios, algumas estratégias podem ajudar mulheres com endometriose a manterem uma melhor qualidade de vida e equilíbrio entre trabalho e saúde:

  1. Autoconhecimento e Gestão da Saúde: Buscar acompanhamento médico especializado é essencial para um diagnóstico preciso e um tratamento adequado. O uso de medicações, mudanças na alimentação e terapias complementares podem ajudar a controlar os sintomas.
  2. Adaptação da Rotina de Trabalho: Sempre que possível, é importante dialogar com gestores e colegas sobre a condição, buscando flexibilidade, como horários adaptáveis ou a possibilidade de home office em dias de crise.
  3. Apoio Psicológico: O impacto emocional da endometriose pode ser significativo. Buscar suporte psicológico ajuda a lidar com sentimentos de frustração, ansiedade e incerteza, como também desenvolver estratégias para o manejo da dor.
  4. Atividades Físicas e Bem-Estar: Práticas como yoga, pilates e meditação podem contribuir para o alívio da dor e do estresse, promovendo uma melhor qualidade de vida.
  5. Redes de Apoio: Participar de grupos de mulheres que enfrentam a mesma condição pode ser encorajador. Compartilhar experiências e trocar informações ajuda a lidar com os desafios da doença de forma mais leve.

A endometriose é uma doença que vai muito além da dor física. Ela impacta o emocional, a vida profissional e o bem-estar geral. Mulheres que trabalham e enfrentam essa condição precisam de acolhimento, suporte e estratégias para conciliar saúde e carreira sem abrir mão da qualidade de vida. Com informação, tratamento adequado e apoio, é possível transformar essa jornada em um caminho mais leve e promissor.

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