O Que Torna o Chardonnay Argentino Tão Especial?

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Os diversos terroirs e vinhedos de alta altitude da Argentina posicionaram o país como um produtor notável de Chardonnay, oferecendo uma ampla gama de estilos, desde expressões frescas e sem passagem por barrica até vinhos ricos, fermentados em barris de carvalho.

O Vale do Uco, região vitivinícola a sudoeste de Mendoza, especialmente em Los Árboles, é conhecido por produzir uvas Chardonnay de alta qualidade, com acidez vibrante e perfis de sabor complexos, graças à sua altitude e clima fresco.

O Chardonnay Argentino

O Chardonnay argentino é conhecido por sua versatilidade, refletindo os diversos terroirs e vinhedos de alta altitude de regiões como o Vale do Uco, em Mendoza, e na Patagônia. O clima único do país e suas técnicas de vinificação resultam em Chardonnays com perfis distintos. O caráter aromático dessa variedade apresenta notas frutadas de frutas tropicais frescas, especialmente abacaxi, manga, mamão e elementos cítricos como raspas de limão, lima e toranja. Há também aromas florais de flores brancas e, em climas mais frios, flores de laranjeira.

Os vinhedos de maior altitude apresentam ainda uma mineralidade que remete a pedra molhada. O envelhecimento em carvalho — processo de maturação em barris de carvalho francês ou americano — contribui com notas de baunilha, amêndoas tostadas e especiarias de confeitaria. O perfil de sabor varia de fresco e vibrante a rico e cremoso.

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A uva Chardonnay é utilizada na produção de espumantes e vinhos brancos

Os Chardonnays sem passagem por carvalho costumam exibir acidez vibrante, destacando sabores cítricos e de maçã verde, com um final limpo. Já aqueles que passam por essa etapa apresentam camadas de caramelo, mel e frutas tropicais maduras, equilibradas por uma textura suave e arredondada.

Os vinhedos de alta altitude acrescentam uma distinta mineralidade de pedra molhada, conferindo complexidade e estrutura ao vinho. O Chardonnay argentino frequentemente equilibra riqueza e acidez vibrante, tornando-o versátil para harmonizar com diversos pratos. Essa diversidade de estilos e expressões garante que a variedade agrade apreciadores tradicionais e aqueles que buscam algo único.

Confira abaixo as notas de degustação de uma seleção de vinhos Chardonnay argentinos:

Trapiche Medalla Chardonnay 2021, Los Árboles, Vale do Uco, Mendoza, Argentina

Los Árboles, conhecido pela produção de Chardonnays excepcionais, localizado no Vale do Uco, em Mendoza, Argentina, está a uma altitude de aproximadamente 1.200 a 1.500 metros acima do nível do mar, o que contribui significativamente para o terroir único da região.

As temperaturas mais frias preservam a acidez das uvas, enquanto a intensa luz solar favorece a maturação fenólica, resultando em sabores vibrantes e coloração profunda nos vinhos. A ampla variação térmica diária também promove um equilíbrio entre açúcar e acidez na fruta, resultando em vinhos complexos.

O vinho envelhece por 9 meses em barricas novas de carvalho francês, seguido de 6 meses de maturação em garrafa. Sua cor é amarelo-palha claro, com reflexos esverdeados. No nariz, apresenta aromas de frutas tropicais, especialmente abacaxi e manga, entrelaçados com sutis notas de especiarias, madressilva e nuances de brioche recém-assado.

No paladar, é encorpado e fresco, destacando sabores de frutas tropicais maduras, complementados por nuances de baunilha e torradas amanteigadas. O final é longo e frutado, com notas persistentes de frutas tropicais e especiarias amadeiradas. O Trapiche Medalla Chardonnay 2021 custa US$ 30 (R$ 171 na cotação atual).

Trapiche Oak Cask Chardonnay 2023, Vale do Uco, Mendoza, Argentina

Os vinhedos da Trapiche estão a 950 a 1.100 metros de altitude. O vinho, de US$ 10 (R$ 57), envelhece por 6 meses em barricas de carvalho francês e americano. Apresenta coloração amarelo-brilhante com sutis reflexos esverdeados.

No nariz, revela aromas de frutas tropicais, com notas de crème brûlée, torta de limão e pera crocante. No paladar, é macio e sedoso, com acidez vibrante. Destacam-se sabores de raspas e flor de limão, além de brioche. O final é longo e suave, com notas persistentes de carvalho e cítricos.

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A altitude de 1.200 a 1.500 metros acima do nível do mar em Mendoza confere à bebida perfil único

Mascota Vineyards Unánime Chardonnay 2022, Vale do Uco, Mendoza

Este vinho é produzido a partir de vinhedos no Vale do Uco, situados a 1.300 metros de altitude. Ele envelhece por seis meses sur lie (sobre as borras) em barricas de carvalho francês, sendo que cerca de 30% do vinho passa por fermentação malolática.

Sua cor é dourado-claro. No nariz, apresenta aromas de flores brancas, raspas de cítricos, frutas tropicais e um toque de mineralidade que remete a pedra molhada.

No paladar, é médio de corpo, com acidez vibrante. Destacam-se sabores de maçã verde, pera e sutis notas de baunilha, indicando influência do carvalho. O final do vinho que custa US$ 17 (R$ 97) é longo e refrescante, com notas persistentes de frutas tropicais e amêndoas.

Kaiken Ultra Chardonnay 2022, Vale do Uco e Luján de Cuyo, Mendoza

Este vinho é produzido a partir de vinhedos situados entre 1.000 e 1.300 metros de altitude no Vale do Uco e em Luján de Cuyo, Mendoza.
O vinho de US$ 24 (R$ 137) é fermentado e envelhecido em barricas de carvalho francês por até um ano, com uma parcela passando por fermentação malolática para agregar cremosidade. Apresenta coloração dourado-brilhante, com reflexos esverdeados.

No nariz, exibe aromas intensos de frutas cítricas, pêssego branco e notas florais, complementadas por nuances de baunilha e tostado provenientes do estágio em carvalho.

No paladar, é rico, cremoso e saboroso, com acidez vibrante e um equilíbrio entre frescor e fruta. Destacam-se sabores de raspas de limão, frutas de caroço – especialmente damasco – e a mineralidade característica da região. O final é longo e frutado, com mineralidade persistente e sutis notas de carvalho.

Luigi Bosca Chardonnay 2023, Vale do Uco, Mendoza

O vinho Luigi Bosca, de US$ 22 (R$ 125), é produzido a partir de vinhedos no Vale do Uco, Mendoza, situados a 1.300 metros de altitude. A bebida geralmente passa por envelhecimento em barricas de carvalho francês por períodos variados, a fim de aumentar sua complexidade e textura. Uma parte do vinho passa por fermentação malolática. Sua cor é amarelo-pálido e límpido, com reflexos dourados.

No nariz, apresenta aromas de frutas tropicais maduras, especialmente abacaxi e banana, entrelaçados com notas cítricas e um toque de baunilha. No paladar, é de médio a encorpado, macio e com acidez vibrante, revelando sabores de frutas de caroço, além de notas tropicais de pêssego e melão, com um toque amanteigado. O final é longo e suave, com um retrogosto frutado persistente.

Esses Chardonnays exemplificam a capacidade da Argentina de produzir vinhos brancos de alta qualidade que refletem o terroir único do país e a expertise dos enólogos. São vinhos excepcionais, amplamente disponíveis e com preços muito acessíveis.

* Joseph V. Micallef é um jornalista e colaborador da Forbes EUA desde 2017, onde escreve sobre comida, vinho, destilados e viagens.

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