Novo Estudo Revela Que os Oceanos da Terra Já Foram Verdes

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Carl Sagan descreveu a Terra, ao ser fotografada pela Voyager 1 a uma distância de 6 bilhões de quilômetros, como um “pálido ponto azul”. A coloração é resultado da dispersão de Rayleigh da luz solar na atmosfera, combinada com a reflexão e dispersão da luz sobre a vasta extensão dos oceanos. O tom azul-claro simboliza o berço da vida, mas nem sempre foi assim.

Enquanto a clorofila — um pigmento que absorve a luz azul e vermelha e reflete a luz verde — é amplamente utilizada pelas plantas, as cianobactérias usam um pigmento adicional chamado ficobilina, capaz de absorver luz vermelha e verde. No entanto, a ficobilina não é muito eficiente nas condições ambientais atuais, o que levanta um mistério biológico: por que as cianobactérias evoluíram para usar esse pigmento?

Um novo estudo publicado por uma equipe internacional de pesquisadores, liderada por Taro Matsuo, astrofísico da Universidade de Nagoya, no Japão, sugere que essa tendência evolutiva fazia sentido há 3 bilhões de anos, quando os oceanos da Terra tinham uma coloração diferente.

O planeta primitivo e os oceanos verdes

Os pesquisadores simularam as condições da Terra primitiva e analisaram como o ambiente da época afetava a coloração dos oceanos.

A atmosfera terrestre era então dominada por vapor d’água e dióxido de carbono, criando um ambiente ácido que acelerava o intemperismo e a erosão das terras ainda áridas. Isso fazia com que grandes quantidades de ferro fossem transportadas para os oceanos. Dependendo da carga iônica, o ferro dissolvido podia gerar variações de cor, indo do marrom ao cinza e ao verde. Segundo a simulação, o ferro com carga tripla era provavelmente o mais abundante na solução oceânica, resultando em mares predominantemente verdes.

Nesse ambiente, a evolução dos pigmentos fazia sentido, pois as cianobactérias conseguiam captar a energia luminosa que não era absorvida pela água esverdeada.

A transição para os oceanos azuis

Os oceanos verdes da Terra existiram há 3 bilhões de anos e perduraram por aproximadamente 2,5 bilhões. Durante esse período, as cianobactérias usaram a energia solar para dividir moléculas de água em hidrogênio e oxigênio. O oxigênio livre começou a se acumular na atmosfera entre 2,4 bilhões e 400 milhões de anos atrás.

Com o tempo, esse oxigênio reagiu com o ferro dissolvido, formando depósitos de ferro sedimentar. À medida que o ferro foi sendo constantemente removido dos oceanos, sua coloração mudou gradualmente, tornando-se azul. Esse novo ambiente favoreceu o crescimento de algas que utilizavam clorofila, levando, eventualmente, à evolução das plantas verdes.

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