A era da atenção acabou: estamos vivendo a era da intimidade

Virginia Fonseca não é um fenômeno de atenção. Se fosse, sua influência já teria esgotado, como acontece com tantos influenciadores que surgem, bombam e desaparecem. Mas Virginia está aí, firme, crescendo, consolidando-se como um dos maiores nomes do Brasil. Por quê? Porque ela não entrega só atenção, ela entrega intimidade.

Se alguém duvida, é só fazer o teste: pergunte a qualquer pessoa minimamente conectada quantos filhos a Virginia tem. Ela tem três. Maria Alice, Maria Flor e José Leonardo. Pergunte o nome do sogro. Leonardo. Agora, pergunte o nome dos filhos dos seus colegas de trabalho. Difícil lembrar, né? Pois é. Essa é a diferença entre a atenção e a intimidade.

Por bastante tempo, a comunicação digital foi pautada pela guerra da atenção. O objetivo era prender os olhos das pessoas pelo maior tempo possível. Métricas como tempo de retenção, views e compartilhamentos foram elevadas à categoria de dogma. Mas essa batalha acabou, a atenção pode inclusive ser comprada. A atenção, hoje, é o mínimo necessário. Sem ela, não há comunicação. Mas atenção sozinha não gera conexão. Não gera pertencimento. Não gera voto.

O que define os fenômenos de influência hoje é a capacidade de criar intimidade. Intimidade no sentido de pertencimento, de inserção na rotina do público, de estar presente como alguém próximo. Quem segue Virginia não apenas assiste a sua vida, mas sente que faz parte dela. Acompanha seu café da manhã, seus desafios, sua maternidade, sua família.

A política está aprendendo essa lição – e quem não aprender, vai ficar para trás. Prefeitos tiktokers não são apenas virais, são íntimos. A população não sabe exatamente quais projetos de lei Nicolas Ferreira ou André Janones propuseram, mas sabe o que eles representam. Sabe que um briga contra o PT e o outro contra Bolsonaro. Isso basta. Eles se tornaram íntimos do seu público.

A campanha de São Paulo em 2024 trouxe um exemplo fascinante: Pablo Marçal. O Brasil inteiro assistiu à sua performance nos debates. Ele capturou a atenção como poucos. Mas perdeu. Porque atenção não é tudo. Marçal foi um espetáculo. Mas política não se ganha com espetáculo. Se ganha com vínculo.

O futuro da comunicação política não é sobre viralizar. Não é sobre fazer cortes de debates e gerar repercussão. É sobre estar presente na rotina das pessoas. Sobre fazer com que o eleitor sinta que te conhece, que sabe quem você é, que faz parte da sua vida. Se não for íntimo, não vence. Se for só atenção, vira ruído. E ruído se esquece.

A era da atenção acabou. Bem-vindos à era da intimidade.

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