Bitcoin: Há Uma Crise de Confiança no Mercado de Criptomoedas?

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2025 era apontado por especialistas como “a era de ouro das criptomoedas“. Mas não é o que se tem visto nos últimos dias, com uma aparente quebra de confiança entre o mercado cripto e os investidores que apostaram nele.

O mercado estava otimista quanto a esses ativos por uma série de fatores, mas dois merecem destaque. O primeiro está intrinsecamente ligado às eleições americanas. Durante a campanha, Donald Trump prometeu fazer dos Estados Unidos a capital mundial das moedas digitais e estabelecer uma reserva estratégica de bitcoin (BTC), o que fez o token disparar, passando dos US$100 mil (R$570 mil). Com a concretização da volta de Trump à Casa Branca e uma provável regulação favorável, as criptomoedas tiveram alta impulsionada, especialmente o bitcoin, que chegou ao valor de US$ 75 mil. O segundo, que também aconteceu no final de 2024, foi a disponibilização ao mercado de fundos negociados em bolsa (ETFs) do bitcoin e do ether.

Em 20 de janeiro, no dia da posse de Trump, a euforia quebrou novo recorde, o bitcoin passou dos US$ 100 mil (R$570 mil). Três dias depois, o presidente dos Estados Unidos cumpriu uma de suas promessas ao assinar uma ordem executiva para formar um grupo de trabalho responsável pela criação de um regulamento das moedas digitais no país. No entanto, o cenário que parecia perfeito, começou a se modificar dias antes da volta do republicano à Casa Branca, com o lançamento da meme coin OFFICAL TRUMP. A valorização foi rápida, disparando para mais de US$ 75 (R$ 432), com sua capitalização de mercado ultrapassando brevemente US$ 15 bilhões (R$ 86,5 bilhões). Só que para os executivos de criptomoedas, o token provavelmente prejudicaria a reputação da indústria. JÉ que enquanto uma criptomoeda é um ativo digital baseado em blockchain com uma finalidade (pagamento, reserva de valor ou uso em rede DeFi), as moedas-meme criam ativos por meio de uma rede já estabelecida.

Outros Imprevistos

Além do lançamento da OFFICAL TRUMP e da OFFICIAL MELANIA, dedicada à primeira dama americana Melania Trump, Javier Milei, presidente da Argentina, também resolveu promover uma moeda-meme, chamada Libra. No início do mês, ele divulgou o token em uma postagem em rede social, elevando o seu valor de mercado para mais de US$ 4 bilhões (R$ 23,1 bilhões). A rápida valorização motivou os primeiros investidores a sacarem suas participações, o que enfraqueceu a moeda digital e gerou prejuízos a pelo menos 40 mil pessoas que nela investiram.

Mais recentemente, um novo episódio no mercado de criptoativos ganhou repercussão. Na última sexta-feira (21), a Bybit sofreu um ataque hacker e teve um prejuízo de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,6 bilhões) em ether. Inicialmente, havia a expectativa de que ela precisasse repor este valor aos seus investidores, recomprando o ETH, o que a valorizou em 3,36%. Só que o confudador e CEO da Bytbit Ben Zhou explicou que a empresa já havia garantido um empréstimo-ponte, o qual cobriria 80% do valor perdido em criptomoeda. O fato deixou o mercado em uma nova onda pessimista.

Apesar do caso ter ganhado bastante repercussão, especialistas ouvidos pela Forbes acreditam que a Bybit conseguiu lidar bem com a crise e que a invasão não coloca em xeque o nível de segurança do blockchain, mas os contatos com ela, já que foi usada engenharia social para alterar as interfaces das carteiras frias. “É um infortúnio gigante, mas por ser em criptomoeda, há maior transparência para investigar e congelar fundos para proteger os investidores”, explica Vinícius Bazan, CEO da Underblock.

Quebra de confiança?

Na visão de Bazan, o pessimismo se explica pelas situações que estão ocorrendo no curto prazo, mas que nada disso altera a importância das moedas digitais e seu grande potencial. “É normal que um mercado pequeno, volátil e inovador mude recorrentemente, mas não vejo ceticismo pelas instituições investidoras”, afirma.

Ele explica que muitas delas administram esses ativos de forma segregada, buscando soluções de menor risco e métodos mais tradicionais como os próprios ETFs. “O sentimento do mercado oscila de forma muito dinâmica, eu recomendo que o investidor sempre coloque isso em perspectiva ao tomar uma decisão”, recomenda.

Valter Rebelo, analista de criptomoedas da Empiricus, complementa que há um cenário macroeconômico também influenciando. “Há uma certa instabilidade por conta da política econômica de Trump, como as tarifas de importação e a tentativa de impulsionar o crescimento econômico através do setor privado, o que comprime a faixa de preço do bitcoin, como o que estamos vendo neste momento”, diz.

Sobre segurança, o CEO destaca que ela é uma preocupação constante, mas o ocorrido com a Bybit não é tão impactante quanto parece. “Para mim, foi um fato isolado e não algo sistêmico. O mercado de criptoativos é muito grande perto do ocorrido”, explica.

Bybit Não É a Única

Antes do ataque hacker sofrido pela Bybit, em 2022, a Ronin Network, blockchain voltada para jogos, sofreu com uma invasão de transação que culminou em um prejuízo de US$ 625 milhões (R$ 3,56 bilhões). Naquele mesmo ano, ocorreu uma das invasões mais conhecidas, a da FTX. No mesmo dia em que declarou falência, a corretora foi hackeada e teve um rombo de mais de US$ 600 milhões (R$R$ 3,42 bilhões). Cerca de dois meses depois, em janeiro de 2023, ela foi invadida novamente e perdeu US$ 15 milhões (R$ 85,5 milhões).

No ano de 2021, a vítima foi a correto Poly Network. Por conta de uma vulnerabilidade em seu software, a empresa teve US$ 611 milhões (R$ 3,48 bilhões) roubados, que foram devolvidos.

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