Uma Nova Gucci Vem Aí. Quem Está Servido?

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Você já deve ter ido a um restaurante experimentar um menu degustação. Entre um prato e outro, não é raro que se ofereça algum elemento gastronômico com a finalidade de limpeza do paladar. Pois foi isso que a Gucci fez hoje, em seu desfile em Milão, que teve a assinatura da equipe de estilo, após o anúncio da partida do diretor criativo Sabato de Sarno, que esteve à frente da casa italiana nos últimos dois anos. Limpeza de paladar não é algo ruim, muito pelo contrário: em um restaurante com estrelas Michelin, trata-se de um prato igualmente especial, um elemento de transição entre o que veio antes e o que virá depois – no caso da Gucci, o nome do próximo chef (ou chefe) de moda ainda não foi divulgado. Mesmo assim, o que se viu na passarela nesta terça-feira foi um banquete para os olhos, que promete saciar a fome das clientes.  

Se tem algo que a Gucci sabe fazer bem é limpar o paladar. Quando Alessandro Michele deixou a marca, em novembro de 2022, foram trocadas até mesmo as mesas das recepcionistas do Gucci Hub (os headquarters da marca, de onde opera o ateliê na capital italiana – e, portanto, um lugar ao qual o público final não tem acesso e nem vê). Assim, a marca sinalizava que estava deixando espaço para o novo entrar.

O desfile de hoje ainda tinha um gostinho do que Sabato de Sarno havia criado (pense na dualidade entre os casacos estruturados e a fluidez dos vestidos-lingerie acetinados, um jogo amplamente explorado por Sarno nas últimas coleções), mas a principal referência para a equipe de estilo parece mesmo ter sido a própria Gucci – que, vamos combinar, já é um prato cheio no quesito identidade, com DNA histórico bem definido no prêt-a-porter. A passarela foi desenhada na forma do “Interlocking G”, em uma homenagem ao fundador da casa, Guccio Gucci, e o verde que dá tom à logomarca ganhou protagonismo desde a cenografia até os looks (não havia ali o menor sinal do vermelho batizado de Ancora). 

Do fim dos anos 1960 vieram os shapes que apareceram nos primeiros looks, fazendo um aceno à década que marca a entrada da grife no ready-to-wear, seguidos por peças de pele fake. Do início dos anos 1990, um taste do minimalismo e também a escolha do veludo, que fez história na era em que Tom Ford comandava a casa – impossível não relacionar o tom de laranja escolhido com o desfilado por Helena Christensen em 1995. Um dos símbolos mais reconhecíveis da casa, o Horsebit surgiu adornando joias, cintos de correntes e artigos de couro, como a bolsa que leva o mesmo nome, que completa agora 70 anos. Entre as novidades, está a volta do escarpin clássico – um assunto sobre o qual você vai ler na minha próxima coluna na Forbes que chega em breve às bancas.

Se a coleção de hoje nos disse algo, é que o único passado no qual a Gucci está interessada é o seu próprio: e não é para frente que se anda? Eu sigo ansiosa para conhecer o próximo passo. Pronta para o próximo prato.






Com Antonia Petta e Milene Chaves

Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.

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