Trend nas Redes Sociais, Banheira de Gelo Faz Bem à Saúde Mental

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Já devem ter aparecido para você em alguma rede social perfis de famosos (e não famosos) entrando em uma banheira de gelo e permanecendo ali por alguns minutos. Muitos fecham os olhos e respiram profundamente, quase como se estivessem meditando. Todos dizem sair do banho “uma outra pessoa”, totalmente revigorados.

O uso do gelo na Medicina não é novidade. Pelo contrário. Gregos e romanos já faziam uso de banhos frios para estancar sangramentos e baixar a febre. Nos anos 1980, aqui mesmo no Hospital das Clínicas, em São Paulo, usávamos a alternância de banheiras quentes e frias para acalmar pacientes psicóticos muito agitados.

Nos últimos anos, banhos no gelo tornaram-se populares entre esportistas, especialmente corredores, triatletas e jogadores de futebol. O mergulho em água congelante (entre 13 a 15 graus Celsius) por cerca de 5 a 10 minutos ajudaria a reduzir a inflamação e o inchaço, aliviar dores musculares e, por causa disso, aceleraria a recuperação de um jogo ou de uma prova de longa distância.

A ciência por trás disso estaria no fato de que baixas temperaturas causam estreitamento dos vasos sanguíneos, o que leva à redução do fluxo de sangue para os músculos e, portanto, da chegada de substâncias causadoras de inflamação. Além disso, a contração dos vasos também tornaria mais difícil a chegada, nos músculos, de resíduos metabólicos acumulados durante a prática do exercício. Água fria também seria capaz de reduzir a nossa percepção de dor.

Mais recentemente, algumas pesquisas começaram a investigar os benefícios da imersão em água gelada (tem de ser até o pescoço) para a saúde mental. Embora esses estudos envolvam um número não tão expressivo de voluntários, o que se constatou é que pessoas que passaram pela experiência relataram sentir-se mais alertas, revigoradas, atentas e com melhor humor.

Outra coisa interessante é que, ao que parece, banho em água bem fria parece modular o estresse. Pesquisadores descobriram que, embora os níveis do hormônio do estresse (chamado de cortisol) não caiam durante a imersão, depois que se sai da água eles diminuem por até três horas.

Se tornamos o banho um hábito em nossas vidas, dizem esses estudiosos, podemos fazer com que nosso corpo se “habitue” a liberar menos cortisol em outras situações em que somos expostos a situações estressoras. Bom lembrar que a própria água congelante expõe nosso corpo a um estresse. Porém, uma questão que ainda não foi respondida é se maior resiliência física, ou seja, maior capacidade de nos adaptarmos, significaria também maior resiliência psicológica.

Outro benefício estaria no fato de que o mergulho na água fria aumentaria os níveis de uma substância que prepara o corpo para lidar com o estresse, nos deixando mais alertas. Daí pessoas que praticam imersão em águas super-resfriadas relatarem sentir-se “despertas”.

Mas deixo um alerta: esse é o tipo de experiência que não pode ser feita desacompanhado e muito menos sem a devida orientação, pois há risco de redução da temperatura corporal (a chamada hipotermia) e de arritmias cardíacas. Se ficou com vontade de experimentar, primeiro busque o seu médico e discuta com ele se o mergulho em água fria é indicado para você. Depois, busque um treinador especializado para ensiná-lo sobre as técnicas de respiração profunda que vão auxiliá-lo a preparar o seu corpo e a sua cabeça para o choque térmico e para suportar o frio por um curto período de tempo.

Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

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