Da Vinha à Adega, Como os Pioneiros Vêm se Transformando

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Ser pioneiro significa ter uma visão de futuro. Na indústria do vinho, a inovação busca hoje combater as mudanças climáticas, oferecer soluções alinhadas aos gostos dos consumidores e aproveitar a tecnologia. Da vinha à adega, passando pela distribuição e a comunicação, estes são os pioneiros do vinho na atualidade.

No vinhedo, os pioneiros são aqueles que propõem soluções inovadoras para preservar a saúde e o equilíbrio das videiras. Após um período de agricultura intensiva, compreendeu-se que uma planta equilibrada produz uvas mais saudáveis, adoece menos e tem uma vida mais longa. O trabalho da Simonit & Sirch, única empresa internacional de consultoria e formação em poda de vinha e reconhecida mundialmente, introduziu técnicas de poda suave, adotadas por vinícolas como a Chateau d’Yquem, em Sauternes, no sudoeste da França, dentro da região vinícola deBordeaux, respeitando o fluxo linfático da videira, reduzindo doenças e prolongando sua vida produtiva, com benefícios também econômicos.

A tecnologia apoia essas inovações: por exemplo, o aplicativo 4grapes, utilizado por produtores como Ripa della Volta, na província de Verona, na Itália, monitora os vinhedos e compartilha informações com a rede local para detectar infecções e otimizar os tratamentos. Os pioneiros são, portanto, aqueles que aprimoram a gestão dos campos, tornando-a mais eficiente e sustentável.

Os pioneiros da viticultura também enfrentam as mudanças climáticas, que têm impactado as videiras com temperaturas mais altas e fenômenos antecipados. Alguns introduziram novas variedades de uvas e exploraram diferentes áreas de cultivo para se adaptar às novas condições. A vinícola Barone Pizzini, na região vinícola de Franciacorta, na Lombardia, por exemplo, experimentou a variedade Erbamat, agora incluída nas regras de produção do Franciacorta DOCG por sua maturação tardia e alta acidez.

Divulgação

As vinhas e suas histórias

Os híbridos, como Solaris e Sauvignier Gris, utilizados por vinícolas como Terre di Ger e Le Carline, ambas italianas, vêm ganhando destaque por sua qualidade e premiações importantes. A exploração de novas regiões também se mostrou pioneira: a De Martino, no Chile, valorizou a região de Itata, dando-lhe visibilidade nos mercados globais. Esses produtores estão liderando a adaptação do setor às mudanças climáticas.

Na adega, os pioneiros respondem às novas demandas dos consumidores. A crescente preocupação com a saúde impulsionou o desenvolvimento de vinhos com baixo ou nenhum teor alcoólico (Lo-No Alcohol). A vinícola Torres lançou o Natureo, um vinho desalcoólico de alta qualidade, acompanhado por um design de embalagem atrativo.

A pesquisa possibilitou a redução de sulfitos nos vinhos sem comprometer sua preservação, graças à diminuição das aminas biogênicas: a vinícola Blank Canvas, em Marlborough, na Nova Zelândia, por exemplo, produz Sauvignon Blanc com baixo teor de SO₂ e níveis reduzidos de histaminas – as verdadeiras responsáveis pelo mal-estar pós-consumo. Além disso, o Consejo Regulador del Duero introduziu o Pink Port, uma versão rosé do vinho do Porto, frequentemente utilizada na mixologia. Inovações como essas demonstram a importância de acompanhar as tendências de consumo para manter a competitividade.

Na distribuição, os pioneiros ouvem as necessidades dos consumidores. O aumento do número de famílias unipessoais levou empresas como a Coppola, dos Estados Unidos, a introduzir vinhos em latas individuais, um formato que vem conquistando espaço até mesmo em mercados tradicionalistas como o chinês.

Marcas como a Symington, com seu Port Tonic enlatado, ampliaram o mercado de vinhos fortificados ao oferecer opções com baixo teor alcoólico em formatos inovadores. Além disso, a digitalização abriu novas oportunidades: vinícolas como Mondavi e Penfolds utilizam NFTs para certificar a autenticidade e a exclusividade de suas garrafas, criando um novo mercado de colecionismo digital.

Na comunicação, os pioneiros inovam a linguagem do vinho para alcançar um público mais amplo. Durante a pandemia, o crescente interesse pelo setor impulsionou o surgimento de influenciadores e blogueiros, embora com o risco de menor credibilidade. Plataformas como a Wine Folly, com sua abordagem visualmente atrativa e acessível, mas sempre precisa, revolucionaram a forma de comunicar sobre vinhos, tornando o tema mais compreensível para todos. Graças a esses pioneiros, o setor se beneficia de novas oportunidades e avança para o futuro com maior consciência e sustentabilidade.

* Cristina Mercuri Dip é colaboradora da Forbes Itália e educadora de vinhos formada pela WSET, com um experiências de trabalho na indústria de vinhos e destilados. 

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