Receio Sobre Inflação Derruba Ibovespa em Semana Decisiva

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Em um dia sem gatilhos para o mercado de câmbio e negativo para os ativos brasileiros, o dólar oscilou em margens estreitas e fechou pela segunda sessão consecutiva em alta ante o real, com os investidores atentos aos movimentos no exterior e à espera de dados econômicos previstos para o restante da semana.

A moeda americana à vista fechou em alta de 0,42%, aos R$5,7546. Em meio a temores com a inflação, o Ibovespa teve dia negativo, com a blue chip da Vale pressionando. Ao final desta segunda, o índice somou 125.401,38 pontos, com queda de 1,36%.

Pela manhã o dólar chegou a oscilar no território negativo, com agentes aproveitando cotações mais elevadas — acima de R$5,70 — para vender divisas. Às 9h09, logo após a abertura, o dólar à vista marcou a cotação mínima de R$5,7078 (-0,39%).

“No início do dia houve um fluxo (de venda de dólares) de exportador. Agora ele tenta acompanhar a valorização de algumas moedas commodities no exterior, que estavam ganhando mais cedo do dólar”, comentou no início da tarde o diretor da Correparti Corretora Jefferson Rugik, quando as cotações estavam próximas da estabilidade no Brasil.

No restante do dia, porém, a divisa americana à vista subiu gradativamente até ficar próxima do pico no fechamento. O movimento esteve em sintonia com a queda das ações na B3 e o avanço das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).

Semana Importante

Operador ouvido pela Reuters pontuou que a expectativa para o restante da semana, quando serão divulgados dados importantes da economia do Brasil e dos Estados Unidos, manteve certa cautela entre os agentes, que se traduziu na busca por dólares durante a tarde.

Na terça-feira (25) saem dados de confiança do consumidor dos EUA e o IPCA-15 de fevereiro no Brasil — dado considerado uma espécie de prévia para o índice oficial da inflação.

Declarações do Governo

De acordo com o analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, o mercado financeiro brasileiro refletiu nesta sessão a instabilidade gerada pelas declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros, gerando um aumento na aversão ao risco entre os investidores.

“As falas indicaram um otimismo governamental sobre o crescimento econômico superior ao previsto, o que poderia levar a mais pressões inflacionárias, especialmente em um ambiente de mercado de trabalho robusto”, afirmou.

Nesta segunda, Lula reafirmou que a economia do país deve crescer neste ano acima das expectativas do mercado e afirmou que seu governo trabalha para garantir crédito para quem quer ser empreendedor.

No mesmo evento, o ministro do Trabalho Luiz Marinho afirmou que dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de janeiro devem mostrar a criação de mais 100 mil vagas de empregos formais, muito acima da expectativa de analistas. A divulgação oficial está prevista para quarta-feira (26).

Antes da abertura dos negócios, pesquisa Focus realizada pelo Banco Central mostrou nova piora nas previsões de economistas para o IPCA em 2025 e 2026, com a mediana das estimativas agora apontando aumentos de 5,65% e 4,4%, respectivamente.

Na visão de analistas do BB Investimentos, uma realização de lucros que faça o Ibovespa permanecer acima da região dos 124 mil mantém o índice dentro da tendência de alta de curto prazo, conforme análise gráfica semanal enviada a clientes nesta segunda-feira.

Destaques

– AZZAS 2154 ON recuou 7,45%, em dia negativo para o varejo como um todo, tendo como pano de fundo o avanço nas taxas dos contratos de DI. O índice do setor de consumo fechou em baixa de 2,81%. LOJAS RENNER ON perdeu 5%, ampliando as perdas do último pregão, quando despencou 14% após resultado trimestral abaixo do esperado.

– MRV&CO ON caiu 6,79% também afetada pelo movimento nos DIs e antes do balanço do quarto trimestre, previsto para após o fechamento. Em relatório publicado no início deste mês, o BTG Pactual afirmou que a construtora deve apresentar um prejuízo significativo, apesar dos números positivos no Brasil, em razão do efeito das vendas de ativos nos Estados Unidos.

– IGUATEMI UNIT cedeu 4,99%, após a operadora de shopping centers anunciar no final da sexta-feira que a presidente-executiva Cristina Betts deixará o posto que ocupa desde 2021, um movimento que analistas afirmaram ter sido uma surpresa. Ela será substituída a partir de março pelo atual vice-presidente comercial da empresa, Ciro Neto.

– AZUL PN avançou 4,13%, em meio à recepção positiva ao balanço divulgado mais cedo, que mostrou Ebitda de R$1,95 bilhão no período de outubro a dezembro, aumento de 33% em relação ao mesmo período do ano anterior, ajudado por maiores tráfego de passageiros e ocupação de aeronaves. A receita líquida no último trimestre subiu 10,2%.

– VALE ON recuou 0,91%, tendo no radar atualização das projeções de sensibilidade de fluxo de caixa livre para o acionista (FCFE). Para 2025, o indicador em termos reais foi calculado de US$3,8 bilhões a US$5 bilhões (R$ 21,66 bilhões a R$ 28,5 bilhões), representando um FCFE yield de 9% a 12%. Na China, o contrato futuro de minério de ferro mais negociado em Dalian caiu 0,77%.

– PETROBRAS PN cedeu 0,7%, em dia de variações modestas dos preços do petróleo no exterior, após renovar máximas históricas na semana passada. A estatal divulga nesta quarta, após o fechamento, seu resultado do quarto trimestre e do ano de 2024. Um dos focos de atenção estará no anúncio da companhia sobre dividendos.

– SANTANDER BRASIL UNIT fechou negociada em alta de 0,57%, descolada do movimento mais negativo dos bancos do Ibovespa. BANCO DO BRASIL ON caiu 0,61%, ITAÚ UNIBANCO PN recuou 0,55%, BRADESCO PN encerrou em baixa de 1,77% e BTG PACTUAL UNIT perdeu 2,01%.

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