Para Além de Messi: as Equipes Mais Valiosas da MLS em 2025

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

Momentos após o fim do Super Bowl deste mês, Lionel Messi apareceu nas telas de televisão de toda a América com uma mensagem. “Quando o futebol americano termina, o futebol começa”, dizia o anúncio da Apple TV, indicando o início da 30ª temporada da Major League Soccer (MLS) no sábado (22).

Não é surpresa que Messi esteja no centro das ações de marketing da liga. Além de ter liderado o Inter Miami para um recorde de 74 pontos na temporada regular da MLS no ano passado e conquistado o prêmio de MVP (premiação de jogador mais valioso), segundo estimativas da Forbes, o astro argentino é o motor financeiro que impulsiona o crescimento do seu clube, levando-o a uma receita de US$ 180 milhões (R$ 1,028 bilhão) e um lucro operacional de US$ 50 milhões (R$ 285,5 milhões) em 2024.

O ranking

O efeito Messi se espalhou pelo restante da MLS. Desde que ele trocou o Paris Saint-Germain pelo Inter Miami em 2023, a liga mais que dobrou seu número de assinantes na Apple TV e viu um aumento de 13% na receita de patrocínios em 2024, chegando a US$ 665 milhões (R$ 3,797 bilhões), de acordo com a empresa de pesquisa SponsorUnited. E qualquer clube que tenha a sorte de receber Messi em um jogo, como o Sporting Kansas City, que transferiu sua partida de abril de 2024 contra o Inter Miami para o Arrowhead Stadium e registrou um recorde de público do clube com 72.610 torcedores, pode esperar um enorme aumento na arrecadação com bilheteria.

Embora essa maré crescente esteja elevando toda a liga, levando o valor médio das equipes para US$ 690 milhões (R$ 3,938 bilhões), um crescimento de 121% desde 2019, ainda não houve mudança no topo do ranking. Pelo terceiro ano consecutivo, o LAFC é o time mais valioso da MLS, avaliado em US$ 1,25 bilhão (R$ 7,137 bilhões), logo à frente do Inter Miami, em segundo lugar, com US$ 1,2 bilhão (R$ 6,852 bilhões). O LA Galaxy, terceiro colocado com US$ 1 bilhão (R$ 5,71 bilhões), se torna o terceiro time da liga a ultrapassar a marca de um bilhão.

O LAFC tem crescido de forma consistente ano após ano, fechando um contrato de 10 anos no valor de US$ 100 milhões (R$ 571 milhões) para os naming rights do seu estádio seis meses antes da chegada de Messi e mantendo uma agenda ativa no BMO Stadium com shows. Ainda assim, com uma receita estimada em US$ 150 milhões (R$ 856,5 milhões) e um lucro operacional de US$ 12 milhões (R$ 68,52 milhões) em 2024, o clube não atinge os mesmos patamares financeiros do Inter Miami, que dobrou seu valor de mercado em apenas dois anos.

Por que o Inter Miami não ocupa a liderança?

Diante das sólidas vendas de ingressos para a temporada do Inter Miami, de uma turnê global de pré-temporada que passou por El Salvador e Arábia Saudita, e de uma longa lista de novos parceiros corporativos, incluindo Royal Caribbean, JPMorgan Chase e Duracell, por que o time de Messi ainda não é o mais valioso da MLS?

A resposta está em uma questão ainda sem solução, que também é a principal responsável pela desaceleração do crescimento da liga para 5%, depois de um aumento de 14% no valor médio dos times em 2024. Ou seja, o que vai acontecer com as finanças do Inter Miami e da MLS quando Messi sair, seja quando seu contrato expirar no fim desta temporada ou quando ele inevitavelmente se aposentar nos próximos anos?

O proprietário do clube, Jorge Mas, disse à Forbes no ano passado que está  confiante de que Messi jogará em 2026, quando o Inter Miami planeja se mudar para um estádio de 25 mil lugares como parte do projeto Miami Freedom Park, avaliado em US$ 1 bilhão (R$ 5,71 bilhões). Mas, por precaução, o clube está solidificando sua base financeira ao garantir patrocínios e contratos para camarotes de luxo que podem durar até uma década. Há precedentes na MLS de queda na receita após a saída de uma grande estrela, como aconteceu quando David Beckham deixou o Galaxy em 2012.

“Não dá para comparar exatamente porque a MLS estava em outro patamar na época, mas certamente haverá alguma queda”, diz Edwin E. Draughan, sócio do banco de investimentos esportivos Park Lane. “A questão é o tamanho dessa queda pós-Messi, e isso vai depender muito de como o Inter Miami continuará a engajar sua base de torcedores e a oferecer uma grande experiência.”

No final, se o Inter Miami e os outros clubes da MLS quiserem justificar suas avaliações crescentes e alcançar lucros consistentes, com 16 times ainda operando com prejuízo, de acordo com estimativas da Forbes, a liga precisará começar a fortalecer sua base gerando receita real em nível nacional. Mesmo que haja ventos favoráveis com a Copa do Mundo de 2026, que será realizada em solo americano, e com a renovada Leagues Cup, uma competição anual que reúne clubes da MLS e da Liga MX do México, essa esperança depende, principalmente, de outra questão em aberto: o contrato de direitos de mídia da liga.

O contrato de 10 anos da MLS com a Apple, assinado em 2023, após a liga consolidar seus direitos de transmissão locais e nacionais, veio com um valor médio anual de US$ 250 milhões (R$ 1,43 bilhão), abaixo dos US$ 300 milhões (R$ 1,71 bilhão) que a liga teria buscado. Esse valor também está bem distante do que ligas mais maduras, como a NFL (US$ 12,4 bilhões — R$ 70,94 bilhões) e a NBA (US$ 6,9 bilhões — R$ 39,5 bilhões), vão arrecadar com seus novos pacotes de TV nacional. Para piorar a situação, a MLS é responsável pelos custos de produção, que podem chegar a US$ 80 milhões (R$ 457,6 milhões) por ano. A pequena quantia de recursos deixa os clubes com a responsabilidade de cobrir chamadas de capital multimilionárias para cobrir as despesas da liga a cada ano.

Expansão X Desafios

A MLS possui acordos complementares de TV com a Fox, TSN e RDS, e seu contrato com a Apple permite à liga ganhar mais do que a tarifa básica por meio de compartilhamento de receita com base nos números de assinantes. As projeções iniciais sugeriram que a MLS poderia alcançar esse ponto no quarto ou quinto ano do contrato, e a chegada de Messi aumentou as expectativas de que isso acontecesse mais rapidamente. No entanto, isso não ocorreu, e as assinaturas complementares, para titulares de ingressos de temporada e clientes da T-Mobile, entre outros, representam uma grande parte dos dois milhões de usuários do MLS Season Pass.

Mesmo com a janela do serviço, das 19h às 23h, tendo uma média de mais de um milhão de telespectadores únicos em 2024, muitos clubes expressam queixas em particular. “Se você está em casa à noite e está no Hulu ou YouTube, você não nos encontra”, diz um executivo de um time da MLS. “A Apple é muito voltada para destinos. Não é uma plataforma de streaming casual. Esse é o desafio: Como vamos alcançar um público maior?”

A MLS está tomando medidas para expandir o acesso em 2025, colocando 210 jogos fora do seu paywall e criando uma transmissão semanal do Sunday Night Soccer, que será gratuita. Além disso, a Comcast Xfinity e a DirecTV agora distribuem diretamente o MLS Season Pass, e o aplicativo Apple TV finalmente está disponível para dispositivos Android. A MLS também firmou um contrato com o TikTok para redes sociais e está lançando uma série documental da produtora por trás de Formula 1: Drive To Survive da Netflix.

Ao mesmo tempo, no nível local, a presença de público da MLS tem mostrado uma tendência de crescimento em toda a liga, com um aumento de 4% em 2024 nos jogos que não envolveram o Inter Miami. Vários clubes estão obtendo ganhos de forma independente de Messi. Por exemplo, o Austin FC (No. 6 na lista de avaliações, com US$ 825 milhões — R$ 4,71 bilhões) construiu uma base invejável de ingressos de temporada, e o FC Cincinnati (No. 10, US$ 730 milhões — R$ 4,17 bilhões) está entre os líderes da liga com sua receita proveniente de assentos premium, apesar de jogar em um mercado menor. Enquanto isso, o Columbus Crew (No. 9, US$ 735 milhões — R$ 4,2 bilhões) viu uma valorização de 15% em relação ao ano anterior, o maior crescimento da MLS, fora os 17% do Inter Miami, e se destaca em praticamente todas as categorias de receita.

Executivos de toda a liga também estão otimistas de que as transferências de jogadores podem se tornar uma fonte de receita mais significativa. De acordo com o banco de dados de futebol Transfermarkt, a MLS gerou quase US$ 250 milhões (R$ 1,43 bilhões) em vendas de jogadores nas janelas de transferências de verão e inverno mais recentes, o que foi quase o dobro do segundo melhor valor da história da liga e incluiu nove negócios com taxas de US$ 10 milhões (R$ 57,1 milhões) ou mais. “Do ponto de vista da saúde da liga, isso parece ser um bom presságio para o crescimento e a qualidade do jogo em campo”, diz Draughan, da Park Lane. “Do ponto de vista da avaliação, acho que o veredito ainda está em aberto. Eu ainda esperaria para ver uma tendência consistente de valorização nesse sentido.”





 

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