Vermute Sai do Esquecimento e se Torna a Nova Estrela entre Drinks

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O vermute era coisa do passado. Tinha entrado para o “cemitério” das bebidas alcoólicas, junto com a grapa, o licor e tantas outras relegadas ao esquecimento. Mas entre 2017 e 2018, vários produtores jovens lançaram suas próprias marcas e reinauguraram uma categoria que, desde então, não para de crescer. Isso acontece na Argentina. Agora bem, se até 2024 se falava no “boom do vermute”, este ano a notícia muda de título, porque o barulho dessa explosão ficou reverberando e já faz parte do som ambiente. Em outras palavras: o vermute deixou de ser moda ou tendência, hoje é uma opção alcoólica consolidada e de consumo frequente.

Segundo dados do International Wine and Spirits Report (IWSR), desde 2018, a Argentina cresce em volume e consumo de vermute, com uma produção total de 7,3 milhões de litros em 2023. “A Argentina é o principal produtor na América Latina, superando o Brasil, que registrou uma produção de 4,5 milhões de litros anuais no mesmo período”, afirma Estefanía Jacobs, gerente de marketing da Campari. “No ano passado, quando se dizia que todas as categorias haviam caído cerca de 30%, o vermute cresceu 15%. Consolidamos a exportação, já estamos no Uruguai, Estados Unidos, Suíça, México e Taiwan”, destaca Julián Varea, mestre destilador e criador da Lunfa, em Mendoza, um dos vermutes pioneiros desse renascimento, e do recente Ajenjo.

Mas as boas notícias não são apenas quantitativas: o vermute argentino também se consolida em prestígio e qualidade, tanto que a publicação Drinks International escolheu La Fuerza como uma das dez marcas de vermute que ditam tendências no mundo – um feito histórico, considerando que é a primeira vez que um nome latino-americano entra nesse ranking dominado historicamente por Itália e França.

Por que o vermute argentino renasce

Existem várias razões para que esse encantamento entre os argentinos e o vermute tenha se transformado em um relacionamento sério. Em primeiro lugar, trata-se de um redescobrimento, de recuperar hábitos esquecidos. “As pessoas recorreram à memória afetiva e voltaram a incorporá-lo, e nisso também ajudou nossa tradição como país produtor de vinho, já que o vermute é composto em 75% por vinho. Portanto, temos uma história nesse segmento que não se observa em outras bebidas, como o gim, por exemplo”, afirma Varea.

Essa conexão também se sente no paladar, como destaca Juan Luciani, embaixador da marca Carpano e Antica Formula: “O gosto pelos amaros e pelos bitters está profundamente enraizado na cultura argentina, como parte do legado das comunidades que chegaram há mais de um século”.

Mas a verdade é que, independentemente do contexto, a história do vermute como uma Fênix que ressurge das cinzas ocorreu em todo o mundo. Após a Segunda Guerra Mundial, as vendas dessa bebida começaram a cair gradualmente até despencarem completamente no final dos anos 1970. Foi preciso esperar até o início do novo século para que ela ressurgisse pelas mãos de pequenos produtores norte-americanos, como Vya ou Atsby, que começaram a produzir vermutes artesanais de alta qualidade.

“Houve um tempo em que o vermute dividia o protagonismo com o gim no martini, mas quando esse coquetel caiu em desuso, o vermute foi relegado a um segundo plano. Pior do que pouco atrativo, tornou-se irrelevante. Agora, em meio à febre atual por licores artesanais, a bebida está em processo de ressurreição”, dizia o jornal The New York Times no início de 2013. Por isso, alguns anos depois, a Argentina resgatou o vermute do esquecimento, também pelas mãos de pequenos produtores, com rótulos como Lunfa, lançado em 2017, ou La Fuerza, em 2018.

Uma tendência razoável

A pergunta é: por que o vermute e não outra bebida? Existem várias respostas. Em primeiro lugar, o vermute está alinhado com uma tendência global: a de consumir produtos com menor teor alcoólico. Comparado ao vinho e à cerveja, o vermute tem mais álcool, mas muito menos do que os destilados, com os quais costuma competir nos bares.

O vermute tem um mínimo de 14% vol. e um máximo de 22% vol., bem distante do habitual em outras bebidas como o gim (40% vol.) ou o uísque (cerca de 50% vol.). “O baixo teor alcoólico faz com que seja ideal tanto para consumo puro quanto para misturas. Além disso, é comum combiná-lo com água com gás, o que permite destacar suas virtudes originais enquanto suaviza sua graduação, sem alterar sua estrutura”, explica Luciani.

Outro motivo está na romantização do passado, um fenômeno presente em diversas áreas, da moda à gastronomia. “Tomar um vermut” passou a ser algo cool. Um exemplo literal dessa inspiração nos avós é o da vinícola Familia Crotta, também em Mendoza. “Há tempos eu pensava em produzir um vermute, porque meu avô já vendia um nos anos 1950. Minha irmã encontrou as fichas técnicas com a receita original e depois fomos ajustando até chegar à fórmula atual”, conta Carlos Crotta, que lançou ou relançou seu vermute em novembro do ano passado.”

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