Vocações sacerdotais crescem em Burkina Faso apesar do terrorismo

País africano sofre com violência promovida por grupos extremistas desde 2019 mas observa aumento no número de seminaristas

Da Redação, com Fundação ACN

Padre celebra Missa em Burkina Faso / Foto: Reprodução Fundação ACN

Desde 2019, Burkina Faso tem sofrido com o terrorismo e a perseguição aos cristãos no país. Contudo, apesar do cenário hostil, as vocações sacerdotais seguem crescendo no país.

O reitor do seminário de São Pedro e São Paulo de Kossoghin, padre Guy Moukassa Sanon, relata que o número de estudantes aumentou de 254 no ano letivo de 2019-2020 para 281 no ano passado. O sacerdote atribui este fato ao bom trabalho vocacional desenvolvido na Igreja local e às pessoas “que testemunham o amor de Cristo de uma forma evidente” na vida cotidiana.

Padre Sanon indica ainda que o despertar de uma vocação é mais fácil “do que num contexto materialista em que não se espera nada de Deus”. Como a secularização não está presente em Burkina Faso como na Europa, observa-se um número de seminaristas tão grande que sequer há espaço suficiente para todos.

“Transformámos as salas comunitárias em pequenas unidades separadas por divisórias para os acolher. No entanto, as condições estão longe de ser as ideais para os estudos, e mesmo isso não foi suficiente para poder receber todos os estudantes, pelo que tivemos de acolher 22 seminaristas no exterior e enviar outros 11 para um seminário no Mali”, relata o reitor.

A ameaça terrorista

Outro desafio na formação dos futuros sacerdotes é a coexistência de diversas religiões, cujas diferenças são exacerbadas pela falta de segurança no país. Padre Sanon aponta que há diferentes grupos terroristas: alguns matam pessoas sem distinção, enquanto outros visam diretamente os cristãos.

Leia mais
.: Bispo de Burkina Faso alerta o terrorismo na África Ocidental

.: Relatório da ACN denuncia aumento de perseguição a cristãos no mundo

“Antes do terrorismo, a coexistência entre muçulmanos e cristãos não era um problema, mesmo nas nossas famílias, que muitas vezes são constituídas por pessoas de várias religiões. Muitos seminaristas têm pais muçulmanos e, embora isso possa ter causado alguma desilusão no início, acabou por não ser um problema. No entanto, atualmente, se não tivermos cuidado, a coesão social pode vir a estar ameaçada”, afirma o sacerdote.

Fiéis participam de Missa em Burkina Faso / Foto: Reprodução Fundação ACN

Acolhimento aos seminaristas

No final do ano passado, partilha o reitor, alguns seminaristas não retornaram para casa durante as férias para não correr riscos. Cerca de 40% deles provêm de dioceses da chamada “zona vermelha”, mais afetada pelo terrorismo.

Em 2022, um estudante do terceiro ano de Filosofia chamado Marius foi raptado quando ia visitar o pai, que vive numa aldeia isolada numa região sob domínio terrorista. Seu corpo nunca foi encontrado, mas a família acredita que ele foi assassinado.

Diante deste perigo, alguns seminaristas são acolhidos em centros diocesanos ou famílias de acolhimento ou convidados por outros seminaristas a passar as férias com as suas famílias em regiões mais seguras.

O post Vocações sacerdotais crescem em Burkina Faso apesar do terrorismo apareceu primeiro em Notícias.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.