3 Sinais de Que Você Pode Ter a “Síndrome do Filho de Ouro”

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O “filho de ouro” geralmente é o oposto do “ovelha negra” da família. Ele é o orgulho e a alegria dos pais, o padrão que todos os outros são forçados a alcançar. Isso pode até parecer a receita para uma infância perfeita, mas acredite: o filho de ouro também sofre. Assim como a ovelha negra, ele não escolheu esse rótulo e, muitas vezes, sente o peso de expectativas altíssimas.

Apesar do que muitos imaginam, o filho de ouro nem sempre tem tudo de bandeja. O mundo pode ser cruel com ele, já que desde cedo aprende que precisa manter as aparências para merecer amor.

Veja 3 sinais de que você pode ter a síndrome do filho de ouro:

1. Você tem uma relação difícil com seus irmãos

Ser o filho de ouro pode criar tensões silenciosas entre irmãos. Você pode nem ter percebido o favoritismo na infância, mas seus irmãos sentiram — e isso pode ter gerado ressentimento e rivalidade. Muitas vezes, essa dinâmica não tem nada a ver com algo que você fez, mas com a forma como seus pais posicionaram cada um dentro da família.

Pesquisas publicadas no The Family Journal mostram que as crianças podem ser empurradas para diferentes papéis dentro da família, como herói, bode expiatório, filho perdido, mascote, cuidador ou manipulador, dependendo da dinâmica familiar.

Na vida adulta, você pode perceber que se conectar com seus irmãos é complicado. Talvez eles enxerguem você como o “favorito”, enquanto você, no fundo, sente que nunca é bom o bastante, a menos que atenda a expectativas impossíveis.

Essas relações conturbadas não se resumem a ciúmes. Elas refletem as lacunas emocionais criadas quando o favoritismo dos pais coloca irmãos uns contra os outros, elegem um como exemplo e o outro como problema.

Por exemplo, o bode expiatório da família pode crescer se sentindo insuficiente, sempre se comparando ao irmão “perfeito”. Enquanto isso, o filho de ouro pode acabar reproduzindo o discurso dos pais, culpando o bode expiatório pelos problemas familiares. No fim, nenhum dos dois enxerga a verdade: ambos são apenas peças de um enredo maior.

Se o seu papel na família sempre foi manter uma imagem impecável, talvez você tenha se distanciado emocionalmente, com medo de decepcionar seus pais ao demonstrar fragilidade ou se aproximar de um irmão “menos favorecido”. Na vida adulta, essa distância pode se tornar um abismo difícil de transpor.

2. Você sente uma necessidade constante de agradar os outros

Apesar da visão que as pessoas têm, ser o filho de ouro também é uma estratégia de sobrevivência. Muitos percebem cedo que, se deixarem de ser o favorito, podem ser tratados como o novo bode expiatório.

Isso pode parecer egoísmo, mas, na verdade, é autopreservação — afinal, todos buscamos a melhor forma de ser aceitos por quem amamos. Isso é ainda mais verdadeiro em ambientes dos quais não podemos escapar, como o nosso próprio lar.

O problema é que, para manter esse favoritismo, o filho de ouro precisa agradar constantemente a figura parental que lhe deu esse rótulo — mesmo que isso o prejudique. Assim, ele desenvolve um comportamento de querer agradar a todos, algo que pode se estender para a vida adulta. Desde pequeno, ele aprende que só será aceito se corresponder a um determinado padrão de comportamento.

Um estudo publicado em 2024 no International Journal of Society Reviews aponta que níveis baixos de autoaceitação estão ligados à necessidade de agradar os pais.

Muitos filhos de ouro percebem que ser o “modelo ideal” causa menos conflitos dentro de uma estrutura familiar problemática. No entanto, reprimir constantemente suas próprias emoções para satisfazer os outros pode trazer consequências para a saúde mental, levando a ansiedade extrema e até depressão.

3. Você tem um medo paralisante de falhar

Especialistas em educação infantil reforçam a importância do reforço positivo para a autoestima da criança. No entanto, quando isso é exagerado, pode ter o efeito contrário: em vez de confiança, gera pressão.

Ensinar uma criança que falhar faz parte da vida é tão essencial quanto celebrar suas conquistas. Quando os pais veem o erro como algo vergonhoso, criam filhos com mentalidade fixa, que precisam vencer a qualquer custo, em vez de uma mentalidade de crescimento, que os prepara para superar desafios.

Ser o padrão de excelência da família deixa pouco espaço para falhas e, por consequência, pouco espaço para aprendizado. Nenhuma criança é perfeita, mas o filho de ouro pode acabar acreditando que deve ser, porque foi isso que projetaram sobre ele. Assim, quando as coisas saem do esperado, ele pode se sentir arrasado.

Se você se identificou com essas experiências — e, principalmente, com o rótulo de filho de ouro — o primeiro passo é entender que nada disso é culpa sua. Você nunca pediu para ser colocado em um pedestal, e os papéis que lhe impuseram não definem quem você é.

Se suas relações familiares foram prejudicadas por essas dinâmicas, reconstruí-las exige honestidade, empatia e tempo. Compreender como o favoritismo influenciou seus vínculos pode ajudá-lo a criar conexões genuínas, baseadas no entendimento mútuo.

Por fim, se libertar do rótulo de filho de ouro significa redefinir seu valor além das conquistas e da validação externa. Você é muito mais do que o papel que lhe foi dado na história da sua família. Na vida adulta, você tem o poder de sair desse pedestal e se redescobrir nos seus próprios termos, com autenticidade, autocompaixão e uma nova sensação de liberdade.

*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder. 

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