A saudade pode nos ajudar a crescer e viver melhor, afirma psicóloga

Especialista oferece dicas para conviver com a saudade; jovens contam como administram esse sentimento em situações específicas

Fernanda Lima
Da Redação

Foto: Unsplash

Ausência de algo ou alguém, de um lugar ou experiência. Muitas vezes ela vem de um luto. Existem diferentes visões sobre a saudade. De acordo com pesquisa realizada por uma empresa britânica com mil tradutores e publicada pela BBC, a palavra da língua portuguesa “saudade” é a sétima mais difícil de ser traduzida entre todos os idiomas.

O Dia da Saudade é comemorado nesta quinta-feira, 30, registrando a necessidade de expressar esse sentimento e ressignificá-lo em diferentes contextos da vida. Para a psicóloga Suzana Mota Barbosa, a saudade é um sentimento que faz parte da experiência humana.

Psicóloga Suzana / Foto: Arquivo Pessoal

“Apesar de muitas vezes a saudade trazer um aperto no coração, ela tem um grande valor, pois nos lembra da profundidade dos nossos laços e da importância das experiências que tivemos, nos mostrando que carregamos conosco o passado como um grande tesouro, que guarda lembranças e histórias poderosas que moldaram quem somos”, sublinha.

Segundo a especialista, a saudade pode ajudar a valorizar o que realmente importa. “Muitas vezes, na correria do dia a dia, não damos o devido valor às pessoas e momentos que temos. Mas quando sentimos falta de algo, passamos a reconhecê-lo com mais clareza. Isso pode nos motivar a viver com mais presença, aproveitando melhor cada momento no nosso hoje”, enfatiza. 

A psicóloga também salienta algumas atitudes  que podem ajudar a lidar com esse sentimento de uma maneira mais saudável e construtiva.“Aceitando a saudade sem medo, ou seja, sentir saudade não é um problema, e sim um sinal de que algo foi importante para nós. Então, em vez de fugir desse sentimento ou tentar ignorá-lo, podemos acolhê-lo e reconhecer seu significado”, comenta. 

Buscar um sentido maior

Outro passo importante  é evitar ficar preso no passado. “O segredo é encontrar um equilíbrio entre valorizar as memórias e continuar seguindo em frente no hoje que temos. Toda saudade, no fundo, é uma expressão do nosso desejo humano pelo Bem, pela Verdade e, em última instância, por Deus. Buscar um sentido maior para a nossa vida pode nos ajudar a lidar com a saudade de forma mais serena e esperançosa”, reforça.

A vida exige renúncias

Ketuny Laila / Foto: Arquivo Pessoal

Há um ano, Ketuny Laila saiu de Minas Gerais para cursar jornalismo em Cachoeira Paulista (SP). Ela conta como consegue lidar com a saudade da sua família. “Tudo em nossa vida exige uma renúncia. Precisei renunciar ao conforto do meu lar para cursar jornalismo em uma outra cidade.  O que sinto mais falta da minha cidade é a culinária e especialmente o tempero da minha mãe”, expressa. 

A saudade do doce de leite, do queijo e das cachoeiras de Minas Gerais trazem um grande significado para Ketuny. Segundo a estudante, a vida de oração é o grande combustível para lidar com essa ausência. “Todas as minhas dificuldades entrego pra Jesus na capela. Minha família está longe, mas Deus está cuidando.  A minha confiança e fé só aumentaram por causa da constância na minha vida de oração. O meu propósito é fazer a vontade de Deus e isso me fortalece e me ajuda a conviver com a saudade de casa”, destaca.

Viver bem o momento presente

Willamys Bernardo / Foto: Arquivo Pessoal

A experiência de perder alguém próximo e querido traz à tona uma ausência dolorosa e, eventualmente, a saudade. O missionário da Comunidade Canção Nova, Willamys Bernardo, registrou os dias difíceis ao receber a notícia da morte de sua mãe. “Para mim foi muito doloroso, mesmo já estando na comunidade. Consegui estar com eles no velório e sepultamento. Tive o auxílio espiritual de Deus e da Virgem Maria”, frisa.

A mãe do missionário morreu aos 47 anos, devido a uma condição inflamatória do pâncreas. Ele conta como aprendeu a conviver com essa perda. “Tive todo o apoio dos meus irmãos de comunidade que nesse tempo me sustentaram na oração. A terapia psicológica também foi fundamental nesse processo de luto”, afirma.

Para Willamys, a saudade ficou mais evidente conforme foram se passando os dias do acontecido. “Após 1 ano, vivi de uma maneira mais profunda a saudade da presença da minha mãe. Porém levando sempre para a oração”, salienta. De acordo com o missionário, exercer a gratidão pelas boas lembranças da mãe tornou-se um combustível nesse processo. 

“Convivo com essa saudade levando a certeza do céu e louvando a Deus pelos momentos felizes ao lado dela. Agradecendo a Deus pela mãe que tive. Ela teve uma história difícil, mas me educou de um jeito totalmente diferente do que ela recebeu. Foi uma mãe incrível”, pontua.

Willamys enfatiza ainda o que aprendeu com a falta da presença de sua mãe. “Essa dor me ensinou que preciso aproveitar cada momento com os meus familiares. Me ensina a viver bem a cada momento”, concluiu. 

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