Por Que a SpaceX de Musk Cresceu Mais, Mais Rápido e Mais Barato do Que a Blue Origin de Bezos

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Quando Donald Trump for empossado como o 47º presidente dos Estados Unidos, a presença dos bilionários Elon Musk e Jeff Bezos era aguardada na cerimônia de posse, a qual ocorreu no Capitólio, em Washington, D.C. No entanto, quando se trata da rivalidade espacial entre eles, a Blue Origin de Bezos não está no mesmo nível que a SpaceX de Musk.

A primeira lançou seu primeiro foguete ao espaço na quinta-feira (23), 25 anos depois de Bezos fundar a empresa com a fortuna que fez com seu gigante do comércio eletrônico, a Amazon. A SpaceX, que Musk começou dois anos depois, levou apenas seis anos para alcançar o espaço. No ano passado, a empresa lançou com sucesso 133 foguetes, responsáveis por mais de 85% da massa de carga colocada em órbita em todo o mundo até o terceiro trimestre.

Esse é o resultado de abordagens drasticamente contrastantes, sendo uma parte disso baseada na forma como financiaram suas empresas. Bezos, até recentemente, financiou a Blue Origin exclusivamente com sua fortuna e seguiu um ritmo deliberado no desenvolvimento de sua tecnologia de foguetes. Musk, com um capital inicial mais limitado, o que tornava o fracasso uma ameaça constante, adotou uma abordagem mais clássica do Vale do Silício de “falhe rápido e aprenda”.

“Os engenheiros trabalham muito na SpaceX e depois se esgotam. A Blue Origin oferece muito mais estabilidade”, disse Caleb Quilty, analista da Quilty Space. “Com o tempo, ficou claro que a empresa era um pouco estável demais.”

Diferença Bilionária

Bezos investiu US$ 14,6 bilhões (R$ 86,1 bilhões) na Blue Origin, estima Chad Anderson, sócio-gerente da empresa de investimentos Space Capital. Musk, por sua vez, teria investido US$ 100 milhões (R$ 588 milhões) na SpaceX, para desenvolver seu primeiro foguete, o Falcon 1, usando os recursos da venda de sua primeira empresa, a Zip2, por US$ 307 milhões (R$ 1,81 bilhão), e da venda de sua segunda, o PayPal, por US$ 1,5 bilhão (R$ 8,82 bilhões).

No entanto, o CEO da Tesla também recebeu um grande impulso dos contratos de lançamento do Pentágono e da NASA — esta última, em 2006, deu à empresa US$ 278 milhões (R$ 1,64 bilhão) para desenvolver um foguete mais potente, o Falcon 9, que se tornou o principal foguete da companhia. Em 2008, a NASA concedeu à SpaceX um contrato de US$ 1,6 bilhão (R$ 9,43 bilhões) para transportar carga para a Estação Espacial Internacional, como parte de um esforço para incentivar empresas espaciais privadas, acreditando que elas poderiam fornecer serviços a um custo mais baixo. A Blue Origin também venceu contratos significativos com a NASA, mas apenas nos últimos anos.

A credibilidade dos grandes contratos governamentais ajudou a atrair clientes privados e investidores externos: no total, a SpaceX levantou pelo menos US$ 9,5 bilhões (R$ 56,03 bilhões). Isso o deixou com apenas 42% de participação, mas com os investidores fazendo as ações da SpaceX valerem impressionantes US$ 350 bilhões (R$ 2,06 trilhões) na mais recente venda de ações privadas, em dezembro. Agora, suas ações agora valem US$ 147 bilhões (R$ 866,5 bilhões). No total, a fortuna de Elon Musk é avaliada em US$ 434 bilhões (R$ 2,56 trilhões), segundo a estimativa da Forbes, o que faz dele a pessoa mais rica do mundo. Bezos ocupa a segunda posição, com US$ 239 bilhões (R$ 1,41 trilhões).

Cada um no Seu Ritmo

Musk e Bezos foram motivados pelo mesmo objetivo: permitir que a humanidade se mudasse para as estrelas, reduzindo o custo de alcançar o espaço com foguetes reutilizáveis.

No entanto, enquanto a SpaceX é conhecida por seu ritmo acelerado, a Blue Origin adotou uma abordagem mais metódica para desenvolver sua tecnologia, exemplificada pelo seu lema, gradatim ferociter, latim para “passo a passo, ferozmente”.

Inclusive, a SpaceX aumentou seu ritmo, passando de 18 lançamentos do Falcon 9 em 2017 para 60 em 2022. Já o foguete New Glenn, da Blue Origin, que inicialmente estava planejado para voar em 2020, permaneceu atolado em atrasos. Em 2021, a empresa de Bezos realizou seu primeiro voo suborbital tripulado, com seu foguete New Shepard, lançando um serviço para levar turistas até a borda do espaço. Só que a SpaceX já havia feito melhor no ano anterior, levando astronautas da NASA bem além, até a Estação Espacial Internacional. O dono da Amazon pode pelo menos se gabar de ter superado Musk de uma maneira: ele estava no primeiro voo do New Shepard, enquanto Musk ainda não voou em um de seus foguetes.

O foguete New Glenn da Blue Origin, visto aqui durante um teste de ignição no Cabo Canaveral, Flórida, em 27 de dezembro, tem 32 andares de altura e foi projetado para lançar 45 toneladas de carga útil em órbita — o dobro da capacidade do Falcon 9 da SpaceX. Foto: Blue Origin.

Dedicação

Após deixar o cargo de CEO da Amazon em 2021, Bezos passou a dedicar mais tempo à Blue Origin e ficou cada vez mais insatisfeito com o ritmo lento, disse um ex-funcionário à Forbes.

“Ele tentou implementar uma série de métricas”, contou ele, sob condição de anonimato. “Ficou frustrado quando isso não funcionou.”

Em janeiro de 2024, Bezos contratou um novo CEO, Dave Limp, que comandava o setor de dispositivos da Amazon. Sob a liderança de Limp, a Blue Origin aumentou ses esforços para preparar o New Glenn para seu primeiro voo e intensificar a produção de seus potentes motores Be-4, que também estão sendo usados pelo foguete Vulcan da United Launch Alliance.

Embora tenha levado um quarto de século para a Blue Origin dar seu primeiro passo rumo ao espaço, ela construiu uma infraestrutura para lançamentos em massa de foguetes que a SpaceX só montou gradualmente depois de alcançar a órbita.

A Blue Origin desenvolveu instalações de fabricação que devem produzir mais de 100 motores Be-4 em 2025, além de múltiplos propulsores para apoiar um ritmo de 12 lançamentos por ano.

A indústria espacial está ansiosa para que a Blue Origin tenha sucesso e ofereça uma alternativa ao quase monopólio que a SpaceX estabeleceu no lançamento de carga ao espaço. O New Glenn tem aproximadamente o dobro da capacidade de carga do Falcon 9, e a Blue Origin está vendendo lançamentos a um preço significativamente mais baixo por satélite, disse o ex-funcionário à Forbes – cerca de US$ 110 milhões (R$ 649,4 milhões), contra US$ 70 milhões (R$ 411,6 milhões) para o Falcon 9.

SpaceX Entra na Corrida

A SpaceX está profundamente envolvida nos testes de um foguete ainda maior, o Starship (seu segundo estágio explodiu durante o voo na noite de quinta). A nave de 121 metros de altura permitirá à SpaceX acelerar a construção de seu negócio de comunicações via satélite, o Starlink. Os investidores estão mais empolgados com as perspectivas da empresa do que com as operações de lançamento da SpaceX, onde, em geral, os lucros são difíceis de alcançar.

“Musk percebeu bem cedo que ele ganharia mais dinheiro no setor de internet do que no setor de foguetes”, disse Henry.

Analistas da Morgan Stanley estimam que a SpaceX gerou US$ 14,2 bilhões (R$ 83,8 bilhões) em receita no ano passado, sendo 65% desse valor proveniente do Starlink. Eles preveem que a Starlink sozinha gerará US$ 48 bilhões (R$ 283,4 bilhões) em receita até 2030 e representará 83% de um expressivo lucro líquido total de US$ 16 bilhões (R$ 94,08 bilhões).

As perspectivas de negócios para a Blue Origin são menos claras. A empresa tem um portfólio saudável de contratos de lançamento para empresas que estão construindo constelações de satélites concorrentes ao Starlink, incluindo a rede Kuiper da Amazon. O governo dos EUA quer usar a Blue Origin para lançar satélites de segurança nacional e, nos últimos três anos, a empresa conquistou financiamentos da NASA: US$ 3,4 bilhões (R$ 20,05 bilhões) para construir um módulo lunar e US$ 172 milhões (R$ 1,02 bilhão) para desenvolver uma estação espacial comercial.

O objetivo final de Bezos é usar a Blue Origin para criar uma economia espacial, onde a manufatura seja realizada fora do planeta e a Terra possa ser restaurada ambientalmente.

“Tenho certeza de que, como empresário, ele tem uma visão de como também fazer isso de forma lucrativa”, disse Henry. “Mas o que isso é, eu não sei.”

 

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