Cannabis medicinal demonstra crescimento otimista no Brasil

Nos últimos anos, o uso da cannabis medicinal no Brasil tem apresentado um crescimento significativo, refletindo uma mudança na percepção e na aceitação dessa terapia por parte de profissionais de saúde e pacientes. De acordo com o 2º Anuário da Cannabis Medicinal no Brasil 2023, elaborado pela Kaya Mind, o número de pacientes que utilizam tratamentos à base de cannabis totaliza cerca de 430 mil pessoas.

Esse aumento expressivo pode ser atribuído a diversos fatores, incluindo a ampliação do conhecimento sobre os benefícios terapêuticos da cannabis e a maior disponibilidade de produtos no mercado. De acordo com a Kaya Mind, empresa especializada em dados e inteligência de mercado no segmento da cannabis, atualmente, 51% dos medicamentos à base de cannabis são importados, atendendo a 219 mil pacientes. Além disso, 114 mil pessoas (26%) realizam tratamentos por meio de associações, enquanto 97 mil (22%) têm acesso a esses medicamentos em farmácias.

O Dr. Paulo Casali, geriatra e nutrólogo com mais de 30 anos de experiência, destaca a importância dessa terapia no contexto da medicina integrativa. “A cannabis medicinal tem se mostrado uma opção eficaz no manejo de diversas condições, especialmente em pacientes idosos que buscam alternativas para o alívio de sintomas crônicos. É fundamental que os profissionais de saúde estejam atualizados e abertos a essas novas abordagens terapêuticas”.

Apesar dos avanços, o acesso à cannabis medicinal ainda enfrenta desafios no Brasil. A ausência de cultivo local resulta na dependência de importações, o que pode elevar os custos e limitar a disponibilidade dos produtos. Estima-se que, em 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) tenha destinado R$ 85 milhões para a aquisição de medicamentos à base de cannabis, quase um terço de tudo o que o estado já gastou com cannabis medicinal desde 2015.

Para os próximos anos, as projeções são otimistas. Espera-se que o mercado de cannabis medicinal no Brasil ultrapasse a marca de R$ 1 bilhão em 2024, caso o setor mantenha o ritmo atual de crescimento. Além disso, uma eventual legislação que permita o cultivo nacional e amplie as aplicações da planta poderia gerar R$ 26,1 bilhões para a economia em quatro anos, além de criar 328 mil empregos formais.

O Dr. Casali reforça a necessidade de uma abordagem equilibrada. “É essencial que haja uma regulamentação adequada que permita o acesso seguro e controlado à cannabis medicinal, garantindo qualidade e segurança aos pacientes. Ao mesmo tempo, é preciso investir em educação e pesquisa para que possamos compreender plenamente os benefícios e limitações dessa terapia”.

Em suma, a cannabis medicinal representa uma fronteira promissora na medicina brasileira, oferecendo novas possibilidades terapêuticas e impulsionando debates sobre políticas de saúde e regulamentação. “A conscientização e o engajamento de profissionais de saúde são fundamentais para que essa terapia seja incorporada de forma segura e eficaz no cuidado aos pacientes”, conclui o Dr. Paulo Casali.

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