Mãe e padrasto presos por morte de criança de 4 anos em SC ostentavam ‘vida de luxo’ em praias

Mãe e padrasto presos nesta quarta-feira (27), no Rio Grande do Sul, pela morte do filho dela, um menino de 4 anos, viviam fugindo por cidades praianas e ostentando uma vida de luxo. O homicídio ocorreu em Florianópolis, em 2015. Os dois foram presos pelo crime de maus-tratos contra criança com resultado de morte após mandados expedidos em 2023.

Parte de cima de uma viatura da Polícia Civil

Prisões feitas na quarta-feira (27) fazem parte das investigação da PCSC com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul – Foto: PCSC/Divulgação/ND

Mãe e padrasto viviam em condomínio de luxo, diz polícia

De acordo com a Delegacia de Capturas da DEIC (Diretoria Estadual de Investigações Criminais) da PCSC (Polícia Civil de Santa Catarina), os dois escolhiam cidades praianas do litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

A mãe e o padrasto, conforme apontaram as investigações, alugavam casas e hotéis por temporada nas cidades turísticas utilizando documentos falsos.

“Eles viviam uma vida confortável, uma vida de luxo, passando por cidades como Canela, Capão da Canoa, em balneários conhecidos por mansões e condomínios de luxo”, explicou o delegado titular da Delegacia de Capturas da DEIC, Allan Antunes Marinho.

Mãe e padrasto de criança que morreu em 2015 em SC - Foto mostra homem e mulher de costas sendo presos pela polícia

Mãe e padrasto da criança foram presos 8 anos após crime – Foto: PCSC/Divulgação/ND

Foragidos não demonstraram arrependimento

Os dois foram presos pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul durante a madrugada, em uma casa alugada por eles na cidade de Capão da Canoa, no Litoral Norte do Estado.

Mesmo após a prisão, de acordo com a PCSC, a mãe e o padrasto continuaram defendendo a versão de que a criança teria morrido em decorrência de uma queda acidental.

No momento da prisão o padrasto chegou a apresentar à polícia uma CNH falsa. Além disso, também foram apreendidas no local camisas da PCSC e uma carteira funcional de Oficial de Justiça.

“Eles não se mostraram arrependidos em momento algum, pelo contrário, ainda contestaram dizendo que foi uma queda e tentaram sustentar a versão inicial do acidente no shopping, que a perícia já mostrou que não é verídica”, pontuou o delegado da DEIC.

A prisão do casal foragido foi uma ação da Delegacia de Capturas da DEIC da PCSC, com a 6ª Delegacia da Polícia Civil de Porto Alegre. De acordo com a polícia, os presos ainda devem passar por audiência de custódia junto ao Poder Judiciário do Rio Grande do Sul.

Mulher sendo presa em viatura

Prisão ocorreu nesta quarta-feira (27) no Rio Grande do Sul – Foto: PCSC/Divulgação/ND

Relembre o caso

O crime ocorreu em 2015, na Capital catarinense. Na época, os foragidos afirmaram à polícia que a criança teria caído e batido a cabeça durante passeio em um shopping de Florianópolis.

Segundo a mãe e o padrasto, a criança não apresentou nenhum incômodo após o acidente, apenas no dia seguinte ao acordar, quando então teria sido levada por eles ao hospital e liberada em seguida.

Um dia depois do atendimento, segundo o relato deles à polícia, o menino teria passado mal novamente e retornado ao hospital já inconsciente. A criança chegou a ser reanimada, mas teve morte cerebral no dia 21 de junho de 2015.

“[Eles] Tentaram simular o crime, dizendo que a criança havia caído em um shopping e, no registro da ocorrência, afirmaram que foram em um pronto-atendimento em Canasvieiras e o médico havia dito que era uma concussão, o que não passa de uma mentira. Eles tentaram acobertar o crime”, relembra o delegado Allan Antunes Marinho.

Laudo pericial contradiz versão

De acordo com o laudo da perícia, a causa da morte do menino de 4 anos foi a chamada SBS (Síndrome do Bebê Sacudido), que ocorre quando a criança é balançada de forma violenta, contida, na maioria dos casos, pelos braços e pernas ou pelos ombros.

Os médicos explicaram no documento que, a movimentação agressiva e feita repetidas vezes, pode ocasionar o rompimento de vasos no cérebro e na retina (retinianos), provocando uma série de hemorragias e, consequentemente, a morte.

A defesa dos dois, segundo a PCSC, chegou a tentar diversas alternativas jurídicas para adiar a sentença e facilitar uma possível fuga deles. Na época, a sentença previa 8 anos de prisão para o padrasto e 7 anos para a mãe da criança.

“Nos foi solicitado apoio, em virtude da dificuldade de encontrar os foragidos, que estavam mudando de endereço periodicamente. Em cerca de 2 meses e meio de investigações conseguimos encontrá-los, com ajuda da Polícia Civil gaúcha”, completa o delegado.

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