A ascensão dos nepobabys: quando o legado é inspiração e não peso. Por Katti Villain

Katti Villain escreve artigo sobre o conceito de “nepobaby”, destacando figuras como Fernanda Torres, João Campos e Juliana Pavan, e explora como carregar um sobrenome de peso pode ser tanto um desafio quanto uma inspiração para construir uma trajetória própria.

Neste domingo, Fernanda Torres entrou para a história ao ganhar o Globo de Ouro, um feito que abre caminho para o que pode ser a maior conquista de sua carreira: o Oscar. Se isso acontecer, Fernanda se tornará a primeira brasileira a levar a estatueta para casa. É impossível não lembrar de sua mãe, Fernanda Montenegro, que, em 1999, emocionou o mundo com sua atuação em “Central do Brasil” e foi indicada ao Oscar. Na época, não venceu, mas deixou um legado de excelência artística que agora sua filha honra, provando que talento e dedicação são passados de geração em geração.

Outro nome que merece destaque é João Campos, reeleito prefeito do Recife com expressivos 78,11% dos votos. João não apenas dá continuidade ao trabalho de seu pai, Eduardo Campos, mas também trilha um caminho próprio. Com carisma, competência e uma visão moderna de gestão, João se destaca como uma liderança que pode, em um futuro próximo, almejar voos ainda maiores, quem sabe até a presidência.

E não podemos esquecer Juliana Pavan, que fez história ao se tornar a primeira mulher a comandar a prefeitura de Balneário Camboriú em 60 anos. Seguindo os passos do pai, o ex-tudo, Leonel Pavan, e que entre seus feitos foi prefeito de BC por três vezes, Juliana demonstra potencial para se consolidar como uma das melhores prefeitas que a cidade já teve, uma possibilidade que, inclusive, o próprio pai afirmou acreditar. Juliana está demonstrando que, além de ser filha de um nome político forte, é uma mulher capaz de se destacar por méritos próprios e conquistar seu espaço na política.

O termo nepobaby vem do inglês nepotism baby e é usado para se referir a filhos de pessoas influentes ou famosas que, de alguma forma, utilizam os caminhos abertos por suas famílias para construir suas próprias trajetórias. Embora o termo tenha surgido com uma conotação crítica, muitas dessas figuras têm mostrado que, além da oportunidade inicial, possuem talento e dedicação para trilhar seus próprios caminhos. Seja nas artes, na política ou na comunicação, os nepobabys estão ganhando espaço e provando que o peso de um sobrenome pode ser transformado em inspiração.

Eu sei bem como é carregar um sobrenome de peso. Em 2020, assumi a direção da comunicação da Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú, o mesmo cargo que, anos antes, foi ocupado pela primeira vez pelo meu pai, Elias Silveira, um jornalista com mais de cinco décadas de profissão. Agora, eu com 15 anos de carreira no jornalismo aceitei o desafio de ser diretora de jornalismo da Prefeitura de Balneário Camboriú. Um jornal local destacou que essa seria uma das maiores responsabilidades da minha trajetória, acho que já tive vários desafios, mas também lembrou algo que me define e que me valida além de todas as minhas experiências: eu respiro jornalismo desde que nasci.

Ser um nepobaby é tanto um desafio quanto um privilégio. Existe a cobrança constante de provar que nossos méritos não se resumem ao nosso sobrenome. Mas há também a vantagem de crescer sob a influência de pessoas que nos ensinam a importância do trabalho, da ética e da paixão pelo que fazemos.

Acredito que Fernanda Torres, João Campos, Juliana Pavan e tantos outros nepobabys compartilham o mesmo medo que eu: o de não corresponder às expectativas e ouvir que nossas conquistas são apenas consequência de quem são nossos pais. Mas também compartilhamos a força de transformar o peso do sobrenome em combustível para ir além, criar nossa própria história e honrar o legado que nos inspira.

Como disse Fernanda Torres, “a vida presta” e é por isso que continuamos, com dedicação e autenticidade, assim como nossos pais, a deixar também a nossa marca no mundo.

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