Campanha em SC “Mulher: o voto que muda a política” é lançada em sessão especial na Alesc

Estimular a participação feminina na estrutura político-social e reconhecer a importância dos posicionamentos das mulheres e suas conquistas são o objetivo da campanha “Mulher: o voto que muda a política”, lançada em sessão especial na noite desta segunda-feira (25) na Alesc, presidida pela deputada Paulinha (Podemos).

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Estimular a participação feminina na estrutura político-social e reconhecer a importância dos posicionamentos das mulheres e suas conquistas são o objetivo da campanha “Mulher: o voto que muda a política” – FOTO: Vicente Schmitt/Agência AL

A proposição é das deputadas Paulinha, que é coordenadora da Secretaria da Mulher, e Luciane Carminatti (PT), procuradora da Mulher na Alesc.

Homenagens Durante a cerimônia de lançamento da campanha, foram homenageadas mulheres que se destacam em diferentes áreas de atuação.

De acordo com a deputada Paulinha, a campanha Mulher: o voto que muda a política tem o objetivo de “mostrar para a sociedade catarinense, pela primeira vez, mulheres que presidem os órgãos onde atuam e o quanto o desempenho dessas instituições têm se renovado com a participação feminina”.

“Repense a sua opção de voto quando se trata de escolher um vereador, uma vereadora, na sua cidade, por exemplo. O chamado é para que a sociedade catarinense compreenda que a nossa participação não é uma questão de disputa, mas uma necessidade de mais justiça, mais equanimidade”.

Participação feminina na política

Carminatti ressaltou a trajetória nada fácil de todas as mulheres presentes e homenageadas durante sessão, e destacou que temas relativos às mulheres deveriam ser tratados não apenas no mês de março, mas nos 365 dias do ano.

“Eu tenho circulado pelo estado de Santa Catarina falando da importância da participação feminina na política. Para incentivar candidaturas e apoiá-las precisamos desde já desenhar um cenário diferente para as eleições deste ano, a começar pelo pleito municipal, porque a situação que nós temos hoje deixa muito a desejar quando o tema é participação feminina”.

Ainda sobre a representatividade feminina, Carminatti pontua que o Legislativo estadual é composto por 37 deputados homens e apenas três mulheres.

“Temos apenas três mulheres para representar mais da metade do eleitorado catarinense que é feminino, formado por mães solo, de filhas, de netas, de avós, de tias, de sobrinhas, enfim de diferentes mulheres com diferentes olhares e concepções. E essa situação não é exclusiva de Santa Catarina, pois se repete em todo o país, onde ser homem branco, hétero, oferece muito mais oportunidades de ser candidato e, principalmente, de ser eleito”.

Participação feminina na política nacional

Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), as mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro, mas apenas 33% das candidaturas são femininas. Destas, apenas 15% são eleitas.

Carminatti destacou que a situação não tem se alterado nos últimos 20 anos.

“O Observatório Nacional das Mulheres na Política analisou dados das eleições de 2002 a 2022. O número de deputadas estaduais eleitas passou de 12,65% para 17%. Em duas décadas não chegamos a 1/5 de todos os deputados eleitos no país. São quatro homens para cada mulher eleita, numa relação evidentemente desigual de poder”, ressaltou.

De acordo com a parlamentar, “o crescimento mais expressivo foi de deputados federais que passou de 8,19%, em 2002 para 17,74% em, 2022. Número ainda com pouca expressão. Mesmo que nós uníssemos toda a Bancada Feminina na Câmara Federal, seria insuficiente para aprovar um Projeto de Lei”.

No Senado Federal, o cenário é ainda mais desafiador, conforme a parlamentar. Segundo Carminatti, em 20 anos, o número de senadoras brasileiras se manteve em 14,81% das cadeiras.

“Quando chegamos ao Executivo Estadual, a situação não é diferente. O quadro de governadores se manteve estável de 2002 para cá. eram 7,41% eleitas. Índice que se repetiu 20 anos depois, e se já é assustador ver o cenário nacional. Ao analisarmos os dados de Santa Catarina, a situação consegue ser ainda pior”

Trazendo mais dados, Luciane apresentou que o “Tribunal Superior Eleitoral mostrou que, em um ranking de 186 países, o Brasil está com 17,5% do parlamento composto por mulheres, enquanto a média mundial é 25,7%. Perdemos para países como Ruanda e Cuba. Perdemos para a Nicarágua, sem contar países desenvolvidos como Suécia e Islândia”, completou.

Mulheres homenageadas

Entre as homenageadas da sessão especial, a desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta, empossada presidente do Tribunal Regional Eleitoral em Santa Catarina, é a primeira mulher a conduzir uma eleição no Estado.

Segundo a desembargadora, sua intenção à frente do TRE é fazer uma política de acolhimento para que as mulheres se sintam mais valorizadas e acolhidas.

“Precisam ser mais incentivadas, pois a política é um espaço predominantemente masculino. Buscamos mudar essa realidade com ações afirmativas, como a política de cotas para encontrarmos a igualdade material entre homens e mulheres. Também precisamos da contribuição dos homens para chegarmos a esse nível de qualidade.”

A desembargadora acredita que “o lançamento da campanha sobre a importância do voto das mulheres representa o início de um longo caminho. Temos mais de 50% do eleitorado feminino, então a representação tem que ser maior, temos que ter consciência para construir uma representação mais igualitária”.

Luciane Ceretta, reitora da Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense), destacou ser fundamental uma campanha que trabalhe a participação da mulher na política nos dias atuais, como também é importante homenagear mulheres que se destacam em suas áreas e que, por conta disso, enfrentaram inúmeros desafios, superaram esses desafios e conseguiram se consolidar.

“É algo de muito significado e que, com certeza, inspirará muitas outras mulheres a também ter a coragem e a persistência para ocupar os lugares que lhes são de desejo”, disse.

A vereadora, Marcilei Vignatti, presidente da União dos Vereadores de Santa Catarina (UVESC), acredita que “a participação das mulheres muda os processos democráticos e a gente faz com que a política fique mais inteira para representar toda a sociedade”.

Sobre as homenageadas, Paulinha exaltou, ainda, as servidoras da Casa que receberam suas placas. “Entre as nossas homenageadas desta noite, nós temos aqui as nossas amadas servidoras, aquelas que estão na casa há muitos e muitos anos”.

Receberam homenagem, também, pelas mãos das deputadas Paulinha e Luciane, da ex-deputada Ada de Luca e do deputado Marquito (Psol), a desembargadora do Tribunal Regional Federal da quarta região, Ana Cristina Ferro Blasi; a vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina, Joana Célia dos passos; a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina, Cláudia da Silva Prudêncio;

Também foram homenageadas a vice-prefeita de Joinville, Rejane Ganbim;  a presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina, Marisa Luciane Schwab, a presidente da associação dos magistrados de Santa Catarina, juíza de Direito, Janeara Maldaner Corbetta; a presidente da associação catarinense de imprensa, Débora Almada.

A sessão homenageou ainda, a secretária de Inclusão da Pessoa com Deficiência e Paradesporto do município de Blumenau, Gisele Chirolli; a vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, Fernanda Vione; a secretária Municipal de Turismo, Esporte e Cultura de Florianópolis, Zena Becker; as vereadoras do município de Águas Frias, e as vereadoras do município de Ipira.

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