A família da ex-vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, elogiou a operação da Polícia Federal, que prendeu neste domingo (24), os irmãos Chiquinho Brazão e Domingos Brazão.
Eles são acusados de serem os autores intelectuais do crime, que tirou a vida da ex-parlamentar e do motorista Anderson Gomes. Chiquinho Brazão é deputado federal e Domingos, conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro).

Assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes ocorreram há mais de seis anos no Rio de Janeiro- Foto: Reprodução/NY Times/ND
Os parentes de Marielle pediram que as apurações continuem, pois “ainda há muita coisa a ser investigada” e destacaram o importante passo na busca por Justiça neste caso.
“Hoje é um dia histórico para a democracia brasileira e um passo importante na busca por justiça no caso de Marielle e Anderson. São mais de 6 anos esperando respostas sobre quem mandou matar Marielle e o porquê”, escreveu Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial do Brasil e irmã de Marielle nas redes sociais.
Neste Domingo de Ramos (24), dia de celebrar nossa fé, a luta por justiça, e na liturgia o domingo que antecede a Páscoa sobre recomeços e ressurreição, acordamos com a notícia da operação conjunta da Procuradoria Geral da República, Ministério Público do Rio de Janeiro e da…
— Anielle Franco (@aniellefranco) March 24, 2024
Ao todo, 12 mandados de busca e apreensão foram cumpridos neste domingo (24). Além dos irmãos Brazão, o delegado Rivaldo Barbosa e ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro também foi preso.
Os mandados foram expedidos pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes. A operação contou com a participação da PGR (Procuradoria-Geral da República) e do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro).
Caso Marielle Franco: “há muita coisa a ser investigada”
A família destacou que “todas as prisões são preventivas” e ressaltou que “ainda há muita coisa a ser investigada”, mas manteve a esperança, diante de esforços das autoridades.

Marielle Franco foi morta em 14 de março de 2018 na saída de um evento com mulheres negras – Foto: Arquivo/Agência Brasil/Divulgação/ND
“É importante não perdermos de vista que até o momento ninguém foi efetivamente responsabilizado por esse crime, entre os apontados como executores e mandantes. Todas as prisões são preventivas e ainda há muita coisa a ser investigada e elucidada, principalmente sobre o esclarecimento das motivações. Mas, os esforços coordenados das autoridades são uma centelha de esperança”, relatou.
Apuração e expulsão de Chiquinho Brazão
O presidente do União Brasil Nacional, Antonio de Rueda, informou que pedirá a abertura de processo disciplinar contra o deputado federal Chiquinho Brazão, envolvido no caso.
Ele disse ainda que existe possibilidade de ocorrer a expulsão de Chiquinho e também o cancelamento de filiação partidária do deputado.

Deputado federal Chiquinho Brazão foi preso na manhã deste domingo (24) após ser suspeito de mandar assassinar a ex-vereadora Marielle Franco em 2018 – Foto: Câmara dos Deputados/Divulgação/ND
Mesmo filiado ao partido, o deputado já não mantinha relacionamento com o partido e havia pedido ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) uma autorização para se desfiliar.
“O União Brasil reunirá a sua Comissão Executiva Nacional na próxima terça-feira, dia 26 de março. O Estatuto do Partido prevê a aplicação da sanção de expulsão com cancelamento de filiação partidária de forma cautelar em casos de gravidade e urgência”, disse Rueda em nota.
Motivação para o crime
Segundo as investigações da PF, a motivação para o crime foi um embate entre Marielle Franco e Chiquinho Brazão sobre um projeto de lei que regularizava terrenos dominados pela milícia.
A vereadora era contra o projeto e era considerada o principal ponto de resistência dentro da Câmara de Vereadores e pedia que o caso fosse acompanhado pelo Instituto de Terras e Cartografia e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.