Estresse por calor: sala de aula mal ventilada pode causar até convulsão em alunos, diz médica

O calor extremo e a falta de ar-condicionados motivou um protesto de estudantes da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) na quarta-feira (20), o chamado ‘biquinaço’. Médica especialista explica os riscos do estresse por calor à saúde.

Pessoas brancas sentadas em escadaria usando biquínis e sungas para protesto referente a estresse por calor

‘Biquinaço’ da PUC-SP ocorreu na quarta-feira (20) e acendeu alerta em especialistas – Foto: Redes Sociais/Reprodução/@ca22deagosto

Os alunos da PUC usaram roupas de banho como sungas e biquínis para reclamar da sensação de abafamento dentro das salas de aula. Segundo os acadêmicos, nem todos os espaços possuem ar-condicionado e alguns ventiladores nos ambientes estão com problemas de funcionamento.

Consequências do estresse térmico para a saúde

O estresse térmico ou ‘estresse por calor’, é uma condição que afeta o organismo em situações de altas temperaturas, comprometendo o bem-estar.

A médica Mayara Floss é membro do grupo de Saúde Planetária da SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade) da USP e explica que a exposição “não necessariamente tem a ver” com ambientes abertos ou fechados, mas sim com a temperatura deles.

Parede vermelha com vários ar-condicionados acoplados

População procura o ar-condicionado e o ventilador para aliviar temperaturas altas que afetam o Brasil – Foto: Unsplash/Reprodução/ND

“Salas mal ventiladas que aquecem e não possuem resfriamento com o uso de ar-condicionado podem sim provocar estresse por calor, que ocorre quando o corpo é exposto a altas temperaturas e não consegue dar respostas adaptativas necessárias – suar, ir para um local fresco, tirar camadas de roupas, tomar água – elevando a temperatura a um limiar de 40°C. Quando chega nesse patamar o corpo entra no que chamamos de exaustão térmica ou insolação, que pode levar a morte”, diz a especialista.

De acordo com a médica, em temperaturas muito altas o corpo não consegue fazer o controle térmico correto, que ocorre em uma estrutura do cérebro chamada hipotálamo, desencadeando o estresse.

“Essa condição pode prejudicar a função cognitiva e causar inclusive alteração do estado mental. A segurança térmica é uma questão essencial para a atualidade, já que devido às mudanças climáticas, há uma previsão de mais eventos extremos de calor”, alerta Mayara Floss.

Estresse por calor x Desidratação

Idoso segurando a mão na cabeça e bebendo água em calor extremo

Verão registrou temperaturas alarmantes – Foto: Reprodução/Freepik/ND

A médica pontua ainda que existe diferença entre o estresse por calor e a desidratação.

A desidratação ocorre quando o corpo perde mais água do que é ingerido, cenário que pode ser provocado pelo suor excessivo ou até pelo baixo consumo de líquidos.

“As duas coisas podem acontecer ao mesmo tempo, porém, o estresse por calor é um grupo de doenças que vai desde câimbra por exercício físico, desmaios, até casos mais graves como convulsões e o estado de coma”, completa a especialista.

Dicas do Ministério da Saúde para se proteger

  • Evitar a exposição direta ao sol, em especial, de 10h às 16h;
  • Usar roupas leves e que não retêm muito calor;
  • Diminuir os esforços físicos e repousar frequentemente em locais com sombra, frescos e arejados;
  • Em veículos sem ar-condicionado, deixar as janelas abertas;
  • Aumentar a ingestão de água ou de sucos de frutas naturais, sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede;
  • Buscar ajuda se sentir tonturas, fraqueza, ansiedade ou tiver sede intensa e dor de cabeça.
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