Papa lê carta de jovem ucraniano e renova apelo pelo fim da guerra

Francisco referiu-se ao conflito entre Rússia e Ucrânia como “desastre vergonhoso”, mas afirmou que “isto não deve dissuadir-nos de implorar pela paz”

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 20 / Foto: REUTERS/Remo Casilli

O Papa Francisco lançou seus tradicionais apelos ao final da Audiência Geral desta quarta-feira, 20. Mais uma vez, ele recordou a “martirizada Ucrânia”, cuja guerra contra a Rússia completou mil dias nesta terça-feira, 19.

O Pontífice leu uma carta enviada por um estudante ucraniano para recordar o triste marco atingido pelo conflito no país do Leste Europeu, que o Santo Padre definiu, com a voz quase embargada de emoção, como um “aniversário trágico pelas vítimas e pela destruição que causou, mas ao mesmo tempo um desastre vergonhoso para toda a humanidade”.

“No entanto”, sinalizou o Santo Padre, “isto não deve dissuadir-nos de permanecer ao lado do martirizado povo ucraniano, nem de implorar pela paz e trabalhar para que as armas deem lugar ao diálogo e o conflito ao encontro”.

“Só o amor, a fé e a esperança dão verdadeiro sentido às feridas”

Na sequência, Francisco leu a carta que recebeu. “Peço-te, não fale apenas dos nossos sofrimentos”, escreve o universitário “Seja testemunha também da nossa fé: mesmo que imperfeita, o seu valor não diminui”, pintando “com pinceladas dolorosas o quadro de Cristo Ressuscitado”.

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Para o estudante, a guerra significou “muitas mortes” e mil dias passados ​​“em uma cidade onde um míssil mata e fere dezenas de civis”. Testemunhar as “muitas lágrimas” derramadas pelos seus compatriotas levou o jovem a querer fugir do seu país. “Senti o desejo de voltar a ser uma criança abraçada pela mãe, sinceramente gostaria de estar em silêncio e no amor”, relata na carta.

Contudo, na escuridão da dor, ele encontrou as forças para agradecer a Deus, porque no sofrimento “aprendo a amar mais”. A dor “não é apenas caminho para a raiva e o desespero”, pois, “se ela baseia-se na fé, é uma boa mestra do amor”, e “se a dor faz mal, significa que amas”.

A carta termina com um renovado apelo à memória dos “mil dias de amor” vividos, ainda que na dor, pelo povo ucraniano. Isto porque, escreve o jovem, “só o amor, a fé e a esperança dão verdadeiro sentido às feridas”.

Outros pedidos do Papa

O Papa recordou ainda a Solenidade de Cristo Rei do Universo, que será celebrada no domingo, 24. “Convido todos a reconhecer a presença do Senhor nas suas vidas”, exortou, “para participar na construção do seu Reino de amor e de paz”. Além disso, citou que nesta quinta-feira, 21, por ocasião da comemoração litúrgica da Apresentação da Bem-Aventurada Virgem Maria, será celebrado o Dia Pro Orantibus.

“Asseguremos a nossa proximidade às irmãs de clausura chamadas pelo Senhor à vida contemplativa”, pediu o Pontífice, fazendo votos “do necessário apoio espiritual e material da comunidade eclesial” aos mosteiros.

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