Os 100 dias da gestão do CEO do Figueirense, Enrico Ambrogini, foram passados a limpo em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, no Estádio Orlando Scarpelli. Entre os temas, a construção de um hotel no CFT do Cambirela, em Palhoça.

CEO Enrico Ambrogini falou sobre os 100 dias de gestão no Figueirense – Foto: Patrick Floriani/FFC/ND
Como exemplo, citou o pagamento de mais de R$ 1,1 milhão em dívidas, parcelamento de R$ 2,3 milhões em impostos e aumento de 4.509 para 7.633 sócios adimplentes no Figueirense.
“É interessante porque o meu contato com a Clave é diário, né? E eles estão animados porque, de novo, eles têm muito menos contato com o futebol, não são do futebol. Então, os resultados de campo eles também sofrem, mas eles não estão acostumados com isso. O que mais interessa é o que está sendo feito fora de campo, porque não é um projeto de curto prazo para eles. Não é algo que se não subir em setembro acabou. Não é. Como a gente falou desde o começo, tinha dois anos de investimento para poder subir. Então não vai ter nenhum problema no campo aqui que vai impactar o apetite da Clave. Eles estão olhando o negócio Figueirense, que é uma marca muito boa. Então, a clave olha o tamanho da marca, não vai ser um resultado ruim, ou esses valores que acontecem, que vai tirar a população dele.
Entrevista do CEO do Figueirense
Desempenho no Catarinense
“Sim, a gente está satisfeito com o orçamento que a gente tem disponível. Se você for pegar para olhar, e eu conversei com outros times, a respeito de orçamento, também de folha, eu fiquei até assustado com o que está sendo praticado aí pelos outros times. Dentro do que a gente tinha disponível, eu fiquei muito contente. Fizemos até um 3 a 1 fora de casa, isso talvez foi um problema da gente ter salto alto, talvez. Não sei achar a resposta para você, porque foi uma surpresa tão difícil de acontecer. Até cheguei a comentar que foi uma das grandes derrotas que eu senti na minha carreira, porque foi pela forma. Aconteceu e agora o papel dos gestores é identificar erros e corrigi-los. Perdi uma chance de disputar uma Copa do Brasil, mas ainda tenho essa chance com a Copa Santa Catarina, não perdi muita coisa. Ainda tenho a chance de disputar uma Copa do Brasil. Que bom que eu cometi os erros agora, que eu consigo não cometer de novo na Série C. Então se chegar depois, a gente vai classificar, vai chegar na hora de jogar os últimos seis jogos ali. Não posso deixar esse nervosismo incomodar, trazer gente mais diferente. Talvez seja uma linha de quem a gente vai trazer, mais experientes. Então, acho que foi positivo, se eu puder olhar e tirar alguma coisa é do que aconteceu errado. Então a gente corre para que não aconteça num grande momento na Série C”.
Jogadores pouco experientes
“Eu não digo é ponto negativo, porque a gente tem que fazer escolha, eu falo aqui internamente, é o cobertor curto. Então a gente tem que escolher onde a gente vai apostar, tentar fazer de um jeito aqui que a gente tenha menos problema ou menos lado negativo nas apostas que a gente faz. A idade ela é importante, quando menor a idade mais barato é o jogador, essa é uma questão que a gente está assumindo. Não é só a experiência, porque tem jogadores de 30 anos que sofrem nesse momento. Vai também a gente saber trabalhar a cabeça dessas pessoas no dia a dia. Isso também é o sonho que a gente está formando. Não é só aumentar a idade que vai dizer que a gente vai ter esses problemas solucionados. Então, o que a gente tem identificado é tentar balancear de uma forma mais coesa para que a gente não sofra nesses momentos. Um momento que você fala, olha, é numa tomada de decisão que a gente está com medo”.

Novo reforço, Camilo foi citado como um dos exemplos de atletas experientes no Figueirense – Foto: Ian Sell/ND
Movimentação no período sem jogos
“A gente precisa sim de ativações, essa primeira semana foi uma semana de aceitar o golpe, isso também faz parte. Você tem que ir pra casa, entender o que aconteceu. E agora a gente começa, precisa sim de novas ativações pra trazer o torcedor aqui pra nós. A gente vai, de fato, fazer coisas programadas, tem também esse jogo Wilson Fernandes, não confundir com o jogo da Ronaldinho, mas é uma despedida de Wilson e Fernandes, pra fazer algo maior. A gente vai acertando qual é o momento, porque eu não tô deixando ele (Wilson) se preparar pra não fazer feio. Então, a gente gostaria de fazer por agora, mas tem ativação sim, a gente quer cada vez mais trazer o torcedor aqui pra nós. Eu acredito que esses momentos de transparência também. Que a gente ajude, que o torcedor entenda o nosso momento, já ficou do lado tanto tempo, nos dê mais esse voto de confiança”.
Dívidas da SAF e da Associação Figueirense
“A gente tem que deixar claro a distinção da associação. Então, eu fiquei nessa associação que vai ocorrer muita dívida. Então, nesse braço aqui tem uma dívida de R$ 170 milhões na associação, já a SAF tem dois anos de operação deficitária. Isso está sendo resolvido com a operação judicial, mas na SAF hoje ainda tem por volta de uns R$ 28 milhões de dívida. Isso é bem complicado porque eles não tiram o nosso crédito. Então, não é ruim ter dívida. Se você pega um time com receita que a gente vai entregar, vai contando os aportes que a gente deve ter R$ 14 milhões de receita esse ano. Se você deve R$ 28 milhões ele não deveria assustar. Mas o problema é como essa dívida está estruturada. Eu não consigo ir hoje no mercado e falar, bom, quero reformar o CT, quero investir R$ 5 milhões, vou tomar uma linha de crédito imobiliário ali pra poder reformar, fazer BNDS, etc. Eu não consigo ir, porque a saúde tá meio que contaminada com essa dívida, então eu preciso de própria geração de caixa pra ir quitando essas dívidas pra ir ganhando poder de crédito. Isso vai me comprometer em 40, 45% de orçamento, e vai ser assim esse ano. Eu consegui pagar bastante dívida à vista, porque eu venho em deságio”.
Ginásio Carlos Alberto Campos
“O Tadeu (presidente do Associação Figueirense) vai ter mais respostas, mas um dos dinheiros, vamos dizer assim, a gente destinou no começo para pagar a parte do ginásio. Tinha uma necessidade de pagar um dinheirão e alguma coisa, e a gente usou para pagar, para que a associação pudesse realmente tomar posse do ginásio. Envolve mais coisas do que simplesmente tomar posse”.

Terreno anexo ao ginásio Carlos Alberto Campos, no Estreito, é do Figueira – Foto: Daniel Queiroz/ND
Reforma e hotel no CFT
“O hotel está previsto, fazer tudo ai como concentração, a cozinha, enfim, tudo isso lá dentro. Só que isso envolve um estímulo maior, né? Você levantar um prédio hoje, dobrar aquele prédio que a gente tem hoje, do lado do CFT, envolve uma obra menor. Basicamente já está construído. Fazer uma estrutura de hotel nova, isso é mais custoso. Também está no meu radar, tá? Eu gostaria de fazer já. A hora que eu tiver esse período paralelo, se eu tiver investimento. É uma estrutura que a gente passa de uma equipe de Série B para uma estrutura de Série A se tiver isso”.
Contrato de patrocínio
“O contrato é bom, o problema é que ele foi antecipado. É o meu grande problema, se eu tirar tem uma multa e eu tenho pouco dinheiro. Não posso dizer que ele foi mal negociado, mas ele foi antecipado. Pra nossa gestão é ruim. Se a gente conseguir achar uma bet com bastante apetite é uma linha pra gente poder trocar, mas o ruim do contrato é que ele foi antecipado. Isso não é uma crítica a nenhuma gestão, você faz o que consegue dentro da gestão. Porém, isso pra mim interferiu muito porque é um contrato grande e eu recebo muito pouquinho. Eles são bons parceiros, assim como a Liderança que há patrocinadora há 13 anos”.