Ainda Estou Aqui: semelhança de elenco e família surpreende

A semelhança entre as fotos reais da família Paiva e as tiradas do elenco do longa-metragem Ainda Estou Aqui que conta a história do ex-deputado Rubens Paiva tem chamado a atenção na internet.

Filem ainda Estou Aqui é inspirado na família de Rubens Paiva

A foto real da família Paiva – Foto: Divulgação/ND

Foto do elenco do filme – Foto: Divulgação/ND

O filme “Ainda Estou Aqui”, protagonizado por Fernanda Torres retrata a época da ditadura militar no Brasil e narra a história da família de Marcelo Rubens Paiva, autor conhecido pelo livro “Feliz Ano Velho”. “Ainda Estou Aqui”, que também é uma obra do escritor, serviu como base para o longa-metragem de Walter Salles.

Comparação entre foto real e ator do filme – Foto: Divulgação/ND

O livro “Ainda Estou Aqui” fala sobre a trajetória de Eunice Paiva, mãe do autor. Casada com o deputado Rubens Paiva, Eunice esteve ao seu lado durante a cassação e o exílio dele em 1964.  Anos depois, em 1971, após Rubens ser preso, torturado e morto por agentes da ditadura, ela assumiu sozinha a criação dos cinco filhos, entre 10 e 18 anos.

Comparação entre filme e foto real – Foto: Divulgação/ND

Após o desaparecimento, Eunice entrou na faculdade de direito, conciliando a rotina de estudos com a criação de seus cinco filhos com Rubens. Formada, se tornou uma advogada bastante respeitada no meio, se envolvendo em lutas sociais e políticas, inclusive combatendo a política indigenista até o final da ditadura. Com isso, ela se tornou uma das poucas especialistas em direito indígena do Brasil.


Trailer do filme “Ainda Estou Aqui” – Vídeo: videoplayback (1)

Eunice teve um papel importante na criação da Constituição Federal Brasileira, sendo consultora da Assembleia Nacional Constituinte em 1988. A advogada também esteve por trás de uma lei que reconhece pessoas desaparecidas na ditadura militar como mortas.

Somente em 1996, 25 anos após o desaparecimento do marido, Eunice conseguiu emitir o atestado de óbito de Rubens Paiva. Ela teve uma vida longa, falecendo aos 86 anos em 2018 após uma batalha de 14 anos contra o Alzheimer.

Quem era Rubens Paiva, que inspirou o filme Ainda Estou Aqui

Rubens Beyrodt Paiva nasceu em Santos e era filho do ex-prefeito de Eldorado, cidade de São Paulo, Jaime Almeida Paiva. Se casou com Maria Lucrécia Eunice Facciolla, com quem teve cinco filhos. Era engenheiro civil e fez parte do movimento estudantil chamado de “O Petróleo é Nosso”, conquistando cargos importantes na militância.

Em outubro de 1962, foi eleito deputado federal por São Paulo pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Se manifestando contra o golpe de estado, teve o mandato cassado em abril de 1964 pelo Golpe Militar.

Rubens Paiva foi exilado primeiramente na Iugoslávia, se mudando para a França posteriormente, e nove meses depois iria a Buenos Aires. No entanto, ele conseguiu uma forma de ir à São Paulo se reencontrar com a família, e juntos se mudaram para o Rio de Janeiro.

O ex-deputado voltou a exercer a engenharia, mas sempre envolvido com a política e mantendo contato com exilados. Logo, os policiais acreditavam que ele era um contato de um militante bastante procurado.

Foi quando seis homens invadiram a casa de Rubens Paiva, em 20 de janeiro de 1971, e o levaram. Ele foi dirigindo o próprio carro, que anos depois acabou se tornando uma prova de que ele foi preso.

Rubens Paiva acabou morrendo em consequência das agressões da tortura, mas as autoridades diziam que ele estava desaparecido. Eunice nunca desistiu de buscar a verdade e lutar por justiça.

A mentira foi descoberta somente em 2014, quando o ex-major Raimundo Ronaldo Campos admitiu o esquema. Apesar de ter conseguido o atestado de óbito do marido anos antes, o corpo de Rubens Paiva nunca foi encontrado.

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