Temos um compromisso com os mais pobres, afirma assessora da CNBB

A Igreja celebra a oitava edição da Jornada Mundial dos Pobres, evento que coloca em perspectiva a vida dos mais necessitados e convida fiéis a ajudar e se colocarem no lugar dessas pessoas

Thiago Coutinho
Da redação

“Ouve o meu clamor” é o tema proposto pela VIII Jornada Mundial dos Pobres / Foto: Freepik.com

Neste próximo domingo, 17, a Igreja celebra a VIII Jornada Mundial dos Pobres. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora, celebrará a data a partir do dia 10.

Anualmente, o evento é celebrado em torno de um tema e um lema, que este ano serão “Ouve o meu clamor” e “A oração do pobre eleva-se até Deus” (Eclo 21,5), respectivamente. “O Papa Francisco [ao instituir esta data] enxergou a oportunidade em construir processos de formação, reflexão e gestos concretos nas comunidades e com as pessoas em situação de vulnerabilidade ou extrema pobreza”, explica Alessandra Miranda, assessora da Comissão Sociotransformadora da CNBB.

“No Brasil, iniciamos a ação no domingo que antecede o Dia Mundial dos Pobres”, prossegue a assessora. “O objetivo para a realização é que, as comunidades, grupos e pastorais se preparem para a vivência plena deste tempo da graça de Deus junto aos empobrecidos”.

Banner para a Jornada Mundial dos Pobres / Foto: CNBB

A aplicação do tema e do lema da campanha serão refletidos em algumas ações propostas pela comissão da CNBB. “Na carta enviada pelo Papa Francisco, em decorrência do VIII Dia Mundial dos Pobres, ele diz: ‘A oração do pobre eleva-se até Deus’ (cf. Sir 21, 5). No ano dedicado à oração, em vista do Jubileu Ordinário de 2025, essa expressão da sabedoria bíblica é ainda mais oportuna a fim de nos preparar para o Dia Mundial dos Pobres”, detalha Alessandra.

A oração, de acordo com a assessora da Comissão Sociotransformadora, chega à presença de Deus pois é uma prece dos pobres e mais necessitados. “Reflitamos sobre esta Palavra e ‘leiamo-la’ nos rostos e nas histórias dos pobres que encontramos no nosso dia a dia, para que a oração se torne um modo de comunhão com eles e de partilha do seu sofrimento. Ouvir o clamor do povo nos dá a possibilidade e responsabilidade, enquanto igreja missionária, ir ao encontro e escutar os clamores, as dificuldades e desafios encontrados para a sobrevivência e garantia da dignidade”, pondera.

Caminhar juntos

O Papa reforçou um conceito de que precisamos “caminhar juntos, como irmãos e irmãs, construindo um mundo mais justo e fraterno para todos”. A centralidade da mensagem do Bispo de Roma, para Alessandra, está transcrita em suas intenções.

“‘É uma oportunidade pastoral que não deve ser subestimada, porque desafia cada fiel a escutar a oração dos pobres, tomando consciência da sua presença e das suas necessidades’. Este compromisso, sem dúvida, é a mensagem que provoca e questiona a ação eclesial e o compromisso com os mais pobres. Importante priorizar a sinodalidade e o compromisso que ele nos convoca, assim como o Jubileu da Esperança em 2025 e sua opção por uma igreja peregrina e fiel ao seguimento de Jesus”, afirma.

Ações concretas

Existem alguns exemplos de ações concretas de solidariedade que, segundo Alessandra, os fiéis podem colocar em prática neste tempo de ajuda aos mais necessitados. Para a assessora, o amor pede gestos verdadeiros e transformadores. Os pobres estão em todos os lugares, ocupam distintos espaços e vivem realidades diversificadas. “Realizar ações nos espaços onde vivem, criar momentos de convivência, sobretudo que possibilitem espaços de escuta”, frisa.

É importante estar atento às desigualdades, cujas causas são estruturais. “Identificar violações dos direitos e formalizar uma denúncia, uma audiência pública na câmara dos vereadores/as ou deputados/as, uma manifestação ou um abaixo-assinado”, relaciona Alessandra.

Organizar mutirões para tentar atenuar o sofrimento dessas pessoas com comida é também uma maneira que o fiel católico pode ajudar. “É possível realizar esses mutirões em parceria com o poder público: emissão de documentos (certidão de nascimento, carteira de identidade) inscrição no CadÚnico – Cadastro Único para Programas Sociais, além de atendimentos relacionados à prevenção de doenças e cuidado a saúde, como consultas, exames e vacinas”, sugere Alessandra.

Realizar momentos de oração também é uma maneira de acalentar o coração e a vida dos mais necessitados. “No próximo dia 17, as Celebrações Eucarísticas devem estar voltadas para o Dia Mundial dos Pobres, ao preparar a liturgia, ajudar a comunidade a rezar esta realidade. Preparar momentos com símbolos, gestos, preces que reflitam que o pobre está no coração de Deus. É possível também reservar um lugar especial para as pessoas mais vulneráveis nas igrejas”, recomenda.

A participação das autoridades

Dados do Governo Federal atestam que entre 2022 e 2023, 9,6 milhões de pessoas saíram da condição de extrema pobreza no País. Ainda assim, o Brasil segue sendo um dos países com maior desigualdade social no mundo — algo que dificulta sobremaneira a ascensão social dos mais pobres. “Os governantes têm um papel fundamental para a superação das misérias e violências geradas pelas desigualdades sociais”, afirma Alessandra. “É urgente que o poder público conheça e atue por meio das políticas públicas e outras ações sociais de forma que respondam as necessidades das pessoas”, diz.

“A transparência dos recursos, atenção plena, acolhida à diversidade e planejamento qualificado e estratégico que articule os poderes municipais, estaduais e nacional”, prossegue a assessora, “têm a tarefa de tirar mais pessoas da extrema pobreza e possibilitar condições para todos e todas de terem suas dignidades asseguradas”, finaliza.

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