O que vai acontecer com o arroz, feijão e carne nos próximos 10 anos?

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O arroz e o feijão, ainda que menos consumidos atualmente, devem apresentar estabilidade na produção dos próximos 10 anos

O relatório de “Projeções para o agronegócio 2023/24 a 2033/34” elaborado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em parceria com a Embrapa, divulgado nesta terça-feira (29) apontou para um cenário de redução de consumo dos principais alimentos do prato do brasileiro: arroz, feijão e carne.

O estudo que analisa a produção, consumo, importação, área plantada e exportação de realizadas para 31 produtos da agropecuária brasileira nos próximos dez anos mostrou um aumento discreto na área plantada.

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Arroz

Apesar da preocupação com a redução da área plantada de arroz em decorrência da diminuição do consumo deste alimento — que caiu quase mil toneladas em 10 anos — o cenário para os próximos anos é estável. Com 1.607 hectares em 2024, o relatório prevê uma área de 1.934 hectares de arroz em 2033/34.

A produção de arroz também deve se manter estável, em torno de 10,8 milhões de toneladas. A projeção, inclusive, não descarta a possibilidade de haver importação desse produto de pouco mais de 2 milhões de toneladas anuais nos próximos anos.

Em termos de consumo, o próximo decênio deve repetir uma tendência que desde 1985 acontece no Brasil: a diminuição da ingestão de arroz. A partir de dados do Censo Demográfico para população e domicílios do IBGE, a Embrapa Arroz e Feijão fez um levantamento do consumo de arroz per capita no Brasil. Em 1985, o consumo por habitante era de 40kg, enquanto em 2021, foi de quase 30kg. Apesar de ser uma queda discreta, ela vem se apresentando como tendência.

O estudo não revelou as projeções para exportações de arroz. No entanto, as exportações do arroz beneficiado (sem casca) e não beneficiado (com casca) somaram 1,002 milhão de toneladas no primeiro semestre de 2024, queda de 16,3% ante o 1,198 milhão de toneladas exportadas entre janeiro e junho do ano passado.

Feijão

O feijão, outro alimento que tem sido cada vez menos consumido pelo brasileiro e hoje é de 2,85 milhões de toneladas, tende a ter aumento da produção, com cerca de 3,95 milhões de toneladas, segundo a projeção.

Os dados do relatório conversam com uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2020, que analisa a redução do consumo de alimentos tradicionais dos brasileiros entre 2007 e 2030. O estudo apontou que a partir de 2025 o feijão só entrará nos pratos brasileiros de uma a quatro dias por semana. Em média, hoje o brasileiro come feijão em, no mínimo, cinco refeições semanais.

O próximo decênio poderá ser estável com relação à área de plantio, que hoje está em 2.857 hectares e que deverá atingir 3.945 mil hectares em 2033/34. Em consequência, a tendência é de aumento da produção, com expectativa de cerca de 3,95 milhões de toneladas.

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A projeção também indica que nos próximos 10 anos, cerca de 32 mil toneladas de feijão devem ser importadas. O relatório cita “algum nível de comércio exterior”, mas não especifica expectativas de exportações.

Carnes

As carnes também não fogem das mudanças no padrão de consumo alimentar do brasileiro, no entanto, a expectativa é de aumento na produção para a próxima década.

O relatório aponta que o Brasil deve produzir 37,6 milhões de toneladas de carne de frango, bovina e suína. A produção de carne bovina hoje está em 10.221 e deve atingir 11.260 em 10 anos. A produção de suínos, que hoje é de 5.366, pode chegar a 6.840.
Se confirmada a projeção, a carne de frango atingirá 19.497 toneladas em 2034, cerca de 3,5 mil toneladas a mais do que é produzido hoje. O crescimento anual projetado para o consumo da carne de frango é de 2,2% no período de 2023/24 a 2033/2034.

Em 2033/34, o Brasil deverá consumir 12,8 milhões de toneladas de carne de frango e 5.206 de carne suína. Em 2023, o consumo de carne bovina atingiu 24,2 kg por habitante, o menor nível desde 2004, segundo relatório foi divulgado pela Consultoria Agro do Banco Itaú BBA. Em 2033/34, a projeção indica o consumo de 6.753, apenas 41 toneladas a mais do que se consome atualmente.

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Quanto às exportações, as projeções indicam elevadas taxas de crescimento para os três tipos de carnes analisados e preveem um quadro favorável para as exportações brasileiras. A carne de frango, deve crescer 2,7% ao ano, bovina, 2,5% e suína, 2,3%.

As exportações mundiais de carnes mostram-se favoráveis na próxima década. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetou um acréscimo de 25% nas exportações de carne suína, 24% de carne de frango, e 15% de aumento de carne bovina nos próximos 10 anos. Não foram apresentados dados de importação.

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