Bancada da Grande Florianópolis auxilia região a preparar-se para lidar com queimadas

Diante das queimadas e dos impactos da fumaça em Santa Catarina nas últimas semanas, a Bancada da Grande Florianópolis da Assembleia Legislativa convocou reunião ampliada com representantes de órgãos estaduais, universidades e entidades da sociedade civil, no intuito de unir esforços na preparação da região para lidar com a emergência climática.

Realizada na última quinta-feira (19), a reunião foi conduzida pelo deputado estadual Marcos José de Abreu – Marquito (PSOL), coordenador da bancada, e teve como encaminhamentos: a busca por apoio financeiro à política das brigadas comunitárias nos municípios da Grande Florianópolis, incluindo formações, equipamentos e outras infraestruturas necessárias; articulação pela instalação de novas estruturas de monitoramento da qualidade do ar no estado; construção de legislações sobre qualidade do ar e proteção ambiental; e inclusão de mais comunidades tradicionais nos próximos encontros desse fórum, que deve ocorrer ainda neste ano.

Houve consenso na reunião sobre a gravidade e singularidade da situação das últimas semanas e também o estado de emergência climática vivido no planeta. Marquito ressaltou a importância de se investir nas esferas de prevenção, combate ao fogo, monitoramento e restauração de ambientes atingidos. Além de Marquito, compõem a Bancada da Grande Florianópolis os deputados Camilo Martins (Podemos), Sérgio Guimarães (União) e Sergio Motta (Republicanos).

O comandante da 1ª Região de Bombeiros Militar e presidente da Coordenadoria de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, Coronel Zevir, disse que a corporação está investindo na capacitação dos profissionais. “As mudanças estão aí, todo mundo está percebendo. […] Nós temos que nos preparar, temos que estar resilientes. Por isso, temos enviado equipes para participar de grandes operações, a exemplo da que aconteceu há pouco no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Todo esse know-how volta para a instituição, traz um avanço”, contou.

Coronel Zevir afirmou que o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina está, neste momento, montando a primeira brigada comunitária florestal do Brasil, em parceria com o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA). “Nós também queremos montar uma brigada comunitária no Parque Estadual do Rio Vermelho e estender a todas as unidades de conservação do estado.” O representante do quilombo Vidal Martins, Isaías dos Santos, contou que os incêndios no Parque Estadual do Rio Vermelho têm impactado a comunidade, pela fumaça, pelo medo constante de aproximação do fogo e por toda a destruição, incluindo a matança de animais. “Por isso, é tão importante pra nós a implantação de uma brigada comunitária qualificada e estruturada.”

Na reunião da bancada, abordou-se ainda o aumento no número de casos de doenças respiratórias. O superintendente da Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, Fábio Gaudenzi de Faria, mencionou que no Hospital Infantil, por exemplo, o crescimento de atendimentos no período foi de aproximadamente 40%, mas que não é possível afirmar que a causa foi somente a fumaça. “A Saúde sempre trabalha com o rescaldo do problema. Nós sabemos muito bem as questões que decorrem da poluição e de outras situações climáticas. Temos um rol de agravos que acabam acontecendo após esses grandes eventos. […] Para mitigar os efeitos, são muito importantes os dados de monitoramento para que a gente consiga dar os alertas à população.”

O diretor de Controle e Passivos Ambientais do IMA, Diego Hemkemeier Silva, informou que o órgão está preparando a disponibilização de mapas atualizados a cada 24 horas com os focos de incêndio, além de previsões de novos incêndios e da qualidade do ar.

O coordenador da Rede de ONGs da Mata Atlântica e presidente do Conselho Regional de Biologia de Santa Catarina, professor João de Deus Medeiros, defendeu a mudança de leis que atualmente estimulam o uso do fogo e a destruição ambiental. Ele também ressaltou que é urgente a revisão nos padrões de qualidade do ar e da água, pois os nossos “estão ultrapassados com relação a outros países”. A representante da Associação Coletivo UC da Ilha Simone Lueneberg ainda chamou a atenção para a necessidade de fortalecimento dos órgãos ambientais.

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