Sucuri em SC? Biólogo esclarece suposta aparição de serpente gigantesca na região

O vídeo de uma sucuri (Eunectes murinus) rastejando em direção a um rio viralizou nos últimos dias na região Oeste de Santa Catarina. Isso porque a informação que circula com o vídeo é de que o registro seria em uma prainha nas margens do rio Uruguai, localizada no município de Itapiranga, no Extremo-Oeste do Estado.

sucuri rastejando sentido ao rio

O vídeo da serpente viralizou e causou curiosidade. – Foto: Reprodução/ND

Mas será que existe sucuri na região? O doutor em biologia, Jackson Preuss, explica o mistério por trás do vídeo da sucuri “em Itapiranga”. Segundo Preuss, a serpente que aparece no vídeo é uma sucuri-verde, mas o registro não é no Extremo-Oeste catarinense.

“A sucuri não é uma serpente registrada na região e o que caracteriza isso a distribuição geográfica dessa espécie. Ela não ocorre no Oeste e Extremo-Oeste. Os registros mais frequentes desse animal são na região do Mato Grosso e do Norte do Brasil. Não há registros históricos no rio Uruguai”, afirma o doutor.

Preuss explica que a literatura científica apresenta vários mapas de distribuição que mostram que “a serpente, teoricamente, não ocorre por aqui. Além disso, nesses últimos anos, não há nenhum registro de um animal coletado ou fotografado de forma verídica na região”, acrescenta.

Veja abaixo o vídeo que viralizou na região


O vídeo que viralizou mostra a serpente rastejando para um rio. – Vídeo: Reprodução/ND

Espécies de sucuri

Segundo artigo publicado pelo Instituto Butantan, as sucuris fazem parte da família Boidae, grupo que também engloba as jiboias, salamantas e periquitamboias. Isso significa que o nome popular “sucuri” não designa uma única espécie, mas, sim, um conjunto de quatro espécies que habitam a América do Sul, três delas vivem em território brasileiro.

O doutor em biologia ressalta que elas são as maiores serpentes do mundo em peso e chegam a medir cerca de sete metros. As maiores e mais compridas são as pitons.

“Essa cobra não tem peçonha, elas matam por constrição, ou seja, possuem um conjunto de dentes que segura a presa e por constrição elas aumentam a pressão do animal, o que consequentemente causa uma parada cardíaca”, esclarece.

Elas impressionam pelo tamanho imponente – Foto: Reprodução/Redes Sociais/ND

E é com base nisso que Preuss desmistifica o terror criado em volta das serpentes popularmente conhecidas como anacondas.

“É um mito que elas atacam as pessoas. Não há registros históricos comprovado de sucuris que comeram humanos no Brasil. Há muitas lendas e mitos envolvendo essas serpentes. São animais que se alimentam de outros animais de grande porte como jacarés, aves, mamíferos de pequeno porte. Não somos parte da dieta desses animais”, afirma.

Além disso, o biólogo reforça que, apesar do tamanho, as sucuris são serpentes com temperamento tranquilo e preferem fugir em vez de atacar.

“O filme Anaconda veio para atrapalhar um pouco a conservação desses animais, uma vez que acaba gerando histórias de que eles são agressivos e atacam as pessoas. O filme traz muitas informações erradas sobre as sucuris, o que foi ruim para a fama e para a conservação da espécie”, acrescenta.

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