Tradicional colégio de Florianópolis é condenado após demitir professor vítima de homofobia

Um tradicional colégio de Florianópolis foi condenado a indenizar em R$ 40 mil um professor de artes que recebeu bilhetes homofóbicos de alunos do ensino médio durante a aula e foi demitido em seguida.

tradicional colégio de Florianópolis foi condenado após demitir professor que recebeu encontrou bilhetes com xingamentos homofóbicos na sua mesa durante a aula, foto mostra professor escrevendo no quadro enquanto aluno mexe no celular

Professor encontrou bilhetes com xingamentos homofóbicos na sua mesa. No mesmo dia, foi demitido do tradicional colégio de Florianópolis – Foto: Pixabay/Reprodução/ND

Segundo a decisão do TRT-SC (Tribunal Regional do Trabalho), no início de 2023, o professor do colégio particular, localizado no Centro de Florianópolis, começou a receber solicitações de amizade de alunos no Instagram durante a aula de artes. Como o perfil na rede social era pessoal, ele recusou os pedidos.

No mesmo dia de trabalho, durante uma aula, ele percebeu que a turma estava em silêncio, o que era pouco comum. Ao chegar na sua mesa, viu diversos bilhetes com xingamentos homofóbicos.

Alunos replicaram xingamentos utilizados em vídeo crítico do professor

As palavras utilizadas nos bilhetes dos alunos eram as mesmas utilizadas em uma performance do professor publicada no Youtube.

No vídeo, chamado “Sede”, ele colocou em papéis os xingamentos que comumente são falados para pessoas LGBTQIA+. Como forma de criticar o preconceito, ele bateu os papéis simbolicamente em um liquidificador com água e bebeu o produto da intolerância.

Professor foi demitido no mesmo dia em que recebeu xingamentos homofóbicos dos estudantes

Mesmo após ver os bilhetes em sua mesa, o professor continuou a aula. Conforme alegou no processo, o intuito era mostrá-los à coordenação da escola e aproveitar o momento para ressaltar a importância do respeito e combate ao preconceito.

No mesmo dia, nos corredores do tradicional colégio de Florianópolis o professor percebeu “olhares de deboche”. Em seguida, foi chamado por uma funcionária dos Recursos Humanos, onde foi comunicado que o contrato de experiência não seria renovado.

O professor de artes questionou o motivo, mas disse que não teve explicações claras. Segundo ele, dias antes do ocorrido ele recebeu recebido elogios da coordenadora da escola por meio de mensagem.

Tradicional colégio de Florianópolis argumentou que professor não sabia lidar com alunos ‘mais questionadores’

No processo, o tradicional colégio de Florianópolis argumentou que estava no direito de não renovar o contrato de experiência do professor de artes.

A escola também alegou que a demissão foi baseada em relatos sobre a “inabilidade do docente” para lidar com conflitos com os alunos do ensino médio – que em tese seriam “mais questionadores” –, e não por qualquer motivo discriminatório.

Já o professor alegou que, além de não ter tomado uma atitude em relação aos ataques homofóbicos, a demissão ocorreu em função da repercussão entre pais e alunos do vídeo artístico publicado no YouTube.

Na decisão que condenou o colégio a pagar R$ 40 mil em indenização, a juíza Danielle Bertachini afirmou que a escola não fez nada sobre os xingamentos homofóbicos que o professor recebeu na sala de aula.

Além disso, ressaltou que o fato de a instituição não discriminar na contratação de professores homossexuais não a isenta da responsabilidade de coibir atitudes reprováveis de alunos e pais.

O tradicional colégio de Florianópolis irá recorrer da decisão.

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