Seis anos depois do assassinato de Marielle Franco, o que se tem de novo sobre o caso?

Era dia 14 de março de 2018 quando todos os jornais do país pararam para uma notícia: Marielle Franco foi assassinada. Seis anos depois do crime o portal ND Mais buscou saber, afinal, o que se sabe de novo sobre o caso?

No entanto, o mistério ainda continua. Não se sabe ao certo quem, e por quê, a vereadora da cidade do Rio de Janeiro foi morta junto com seu motorista, Anderson Gomes.

Marielle Franco foi morta em 2018

Assassinado de Marielle Franco aconteceu há seis anos – Foto: Reprodução/NY Times/ND

Nos primeiros cinco anos após os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, a investigação foi marcada por uma sucessão de mudanças de liderança tanto na Polícia Civil quanto no Ministério Público Estadual.

Cinco delegados diferentes passaram pelo caso na Delegacia de Homicídios, enquanto três equipes distintas do Ministério Público se revezaram na condução das investigações.

Essa rotatividade constante de autoridades encarregadas do caso gerou críticas por parte dos familiares das vítimas e de grupos sociais.

A situação se agravou em maio de 2019, quando a Polícia Federal declarou ter identificado depoimentos falsos, supostamente plantados para dificultar o avanço das apurações.

Já em julho de 2021, procuradoras envolvidas no caso optaram por se desligar, alegando interferências externas prejudiciais ao processo investigativo.

O Ministério Público do Rio de Janeiro destacou como um dos principais obstáculos para a identificação dos mandantes o fato de que os executores dos crimes tinham ligações com as forças policiais e conheciam os meandros das investigações da polícia.

Apesar dos desafios, o órgão assegurou seu compromisso em conduzir uma investigação técnica e minuciosa para identificar todos os envolvidos nos homicídios.

Em um desdobramento significativo, em fevereiro de 2023, a responsabilidade pela investigação dos assassinatos de Marielle e Anderson, bem como da tentativa de homicídio contra a assessora Fernanda Chaves, foi transferida para a Polícia Federal, sinalizando uma nova fase no processo de apuração desses crimes chocantes.

E quem foi preso até agora?

Até o momento, quatro indivíduos foram detidos em conexão com o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, ou por seu envolvimento em tentativas de obstruir as investigações em curso.

Em fevereiro deste ano, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), vinculado ao Ministério Público do Rio de Janeiro, efetuou a prisão de Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, sob a acusação de ter desmanchado o veículo utilizado no crime. Conforme apurado pelas autoridades, ele é o proprietário do ferro-velho responsável pela destruição do Cobalt prata usado no assassinato.

Ronnie Lessa, por sua vez, foi detido em março de 2019 por sua participação direta nos homicídios de Marielle Franco e Anderson Gomes.

Segundo informações obtidas através da delação de Élcio de Queiroz, Ronnie é apontado como o autor dos disparos que ceifaram a vida da vereadora e de seu motorista. Élcio, por sua vez, era o condutor do veículo no momento do crime.

Élcio, que está detido desde 2019, colaborou com as autoridades através de uma delação premiada na qual implicou mais uma pessoa: o ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, nos assassinatos.

Suel é acusado de ter disponibilizado um veículo para a quadrilha, ocultado as armas utilizadas no crime e auxiliado na sua disposição. Segundo relatos de Queiroz, o ex-bombeiro também teria participado de uma tentativa fracassada de homicídio contra a vereadora em 2017.

De acordo com as investigações em curso, Suel teria sido o motorista do veículo que não conseguiu interceptar o táxi onde estava Marielle no momento em que Lessa ordenou o ataque. O ex-bombeiro está sob custódia desde julho do ano passado.

Quem foi Marielle Franco?

De acordo com o Instituto que leva o nome da vereadora, Marielle Franco foi uma figura multifacetada: mulher, negra, mãe, filha, irmã e esposa, nascida e criada na favela da Maré.

Com formação em Sociologia pela PUC-Rio e mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Marielle foi eleita Vereadora da Câmara do Rio de Janeiro com expressivos 46.502 votos.

Durante seu mandato, também presidiu a Comissão da Mulher da Câmara, destacando-se como uma voz ativa na defesa dos direitos das mulheres e das comunidades marginalizadas.

Marielle Franco foi assassinada em 2018, no entanto, algumas respostas ainda não foram sanadas com as investigações, que já avançaram

Instituto conta a história da vereadora Marielle Franco – Foto: Reprodução/Instituto Marielle Franco/ND

Sua trajetória como militante de direitos humanos teve origem no contexto do pré-vestibular comunitário e foi impulsionada pela perda de uma amiga, vítima de violência durante um confronto armado no Complexo da Maré.

Antes de ingressar na política, Marielle trabalhou em organizações da sociedade civil, como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm).

 

 

 

Além disso, coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), contribuindo para a promoção de iniciativas voltadas para a garantia dos direitos fundamentais.

A maternidade, iniciada aos 19 anos, foi um elemento central em sua vida, influenciando sua luta pelos direitos das mulheres e sua atuação em prol das comunidades marginalizadas.

Marielle Franco deixou um legado significativo, inspirando milhões de pessoas em todo o mundo com sua dedicação à justiça social e à igualdade de direitos.

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