El Niño: o que é e quais são os impactos no Brasil?

Conhecido como fenômeno climático que aumenta a temperatura dos oceanos, o El Niño ocorre em intervalos de cinco a sete anos, devido ao enfraquecimento dos ventos alísios  — ventos secos que sopram de Leste para Oeste.

O fenômeno gera alterações climáticas no que diz respeito à temperatura e umidade no planeta e também causa grandes prejuízos à economia e ao ambiente.

O aquecimento das águas causado pelo El Niño pode resultar em tempestades

O El Niño é um dos responsáveis por aumentar a temperatura dos oceanos – Foto: iStock/Divulgação/its Teens

“O El Niño é responsável por trazer chuvas próximas ou acima da média no Sul do Brasil, num tempo severo, que traz tempestades mais frequentes e um inverno mais frio”, explica o meteorologista Piter Scheuer.

Qual é a origem do El Niño?

O El Niño tem a sua origem no Oceano Pacífico e não é causado por um só motivo, mas por fatores como aquecimento anormal das águas do Pacífico Central e Oriental, enfraquecimento dos ventos alísios e mudança na circulação da atmosfera.

Alguns estudos alegam que o fenômeno ocorre há mais de 500 anos e todos esses princípios têm impactos significativos ao redor do mundo, afetando o clima, as chuvas e toda a condição meteorológica.

Como ocorre o El Niño?

O fenômeno ocorre por meio de um ciclo que envolve o oceano e a atmosfera. Vamos entender passo a passo?

1. Condições normais

Em condições normais, os ventos alísios movem as águas do Oceano Pacífico da América do Sul na direção da Indonésia e da Austrália. Esses ventos empurram as águas mais quentes para o Oeste, fazendo com que a superfície do oceano fique mais fria na costa da América do Sul.

2. Aquecimento das águas

Nesse momento, a intensidade dos ventos alísios é menor e, por isso, as águas quentes acumuladas no Oeste voltam para o Leste. Esse aquecimento das águas costuma acontecer perto do final do ano.

3. Enfraquecimento dos ventos alísios

Durante o El Niño, os ventos são enfraquecidos e isso contribui para o acúmulo de águas mais quentes no oceano Pacífico Central e Oriental.

4. Alterações na atmosfera

Pelo fato das águas ficarem mais quentes nos oceanos, elas elevam-se de forma a impactar a atmosfera, causando mudanças climáticas.

Quais são as consequências do El Niño para os animais marinhos?

Pelo fato do El Niño aquecer as águas e reduzir a velocidade dos ventos, acaba por dificultar a ressurgência — momento em que as águas frias de profundidade sobem para a superfície do mar.

Por isso, as mais diferentes espécies marinhas que antes habitavam o fundo do mar pela temperatura são obrigadas a migrar para regiões que sejam mais frias, o que impacta diretamente a biodiversidade.

No momento em que essas espécies migram para outras regiões, pode haver uma competição entre elas e as nativas, gerando novas interações de predador-presa, alterando os padrões de migração.

Outro fator é o que diz respeito a algumas espécies marinhas dependerem de habitats específicos para sobrevivência, como os recifes de corais, que incluem peixes, moluscos e crustáceos.

Esse deslocamento gera a perda da reprodução e sobrevivência desses animais, podendo, inclusive, facilitar a propagação de doenças e a introdução de espécies invasoras nessas novas áreas, o que prejudica a saúde desses ecossistemas.

E para o Brasil, há consequências?

Mulher com guarda-chuva em um dia chuvoso

A intensidade das chuvas em algumas regiões do país é um dos resultados do El Niño – Foto: iStock/Divulgação/its Teens

O fenômeno não impacta diretamente todas as regiões do Brasil — os seus efeitos variam de acordo com os padrões climáticos de cada lugar. As principais áreas afetadas são o Nordeste e o Centro-Oeste. Nesse período, essas zonas podem experimentar condições de seca e uma falta de chuva mais intensa.

“Quando nós temos a influência do El Niño, o Sul do Brasil tem chuvas mais volumosas, granizos, tornados, enquanto no Nordeste e Norte a seca é extrema, pois toda a umidade que está na Amazônia é evaporada através do fluxo de umidade de ar quente’’, destaca Piter.

Com a falta de chuvas, a agricultura é prejudicada e acaba por diminuir a sua produtividade. Com essa diminuição, a economia do país também é afetada, pois como vamos exportar algo para outro país se a safra não está boa no nosso? Além disso, com as temperaturas elevadas, os riscos de incêndios florestais são maiores.

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