Marido de deputada de SC processa Uber após ser banido por racismo

O marido da deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC), o advogado Guilherme Colombo, entrou com uma ação na Justiça de Santa Catarina contra a empresa Uber, após ter sido banido da plataforma por um suposto episódio de racismo contra um motorista.

Uber exclui Guilherme de aplicativo

Em entrevista ao Grupo ND, Colombo afirmou ter sido surpreendido com um e-mail da Uber em 2022 informando que havia sido banido do aplicativo por racismo, o que viola os termos de uso do aplicativo.

Colombo, assessor da Presidência do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), inicialmente achou que se tratava de um engano: “Eles não explicaram o motivo, nesse primeiro momento não falava o que era”.

Buscando esclarecimentos, Colombo contatou a Uber por e-mail, indagando sobre os motivos de sua exclusão. A empresa respondeu:

“Identificamos alguns comportamentos irregulares que violam os Termos de Uso do aplicativo. Esse tipo de comportamento gera o bloqueio da sua conta. Realizamos uma investigação completa e detalhada a esse respeito antes de tomar qualquer decisão. Entendemos o inconveniente que isso pode causar, no entanto, é nossa responsabilidade garantir o uso adequado do aplicativo”.

Após um período sem utilizar o serviço, Colombo sentiu a necessidade de reativar sua conta, especialmente quando sua rotina exigiu deslocamentos frequentes.

“Em junho, quando comecei a trabalhar no centro de Florianópolis, precisei do Uber e tentei reaver minha conta. Contudo, minhas tentativas de contato foram ignoradas pela empresa”, relatou Colombo.

Em face da situação, o advogado entrou com uma ação judicial e pediu R$ 10 mil de reparação, alegando que a empresa não lhe deu acesso à acusação que lhe foi feita, muito menos permitiu o direito à ampla defesa e ao contraditório, excluindo de forma sumária a sua conta.

Pergunta sobre Lula teria gerado suposto racismo; advogado nega

Depois de entrar com a ação, Colombo conseguiu ter acesso a declaração que o motorista fez contra ele. Segundo o advogado, a Uber afirmou à Justiça que suspendeu a conta por um caso de racismo que ocorreu durante uma corrida em Brasília (DF) em 2022.

Segundo a empresa, uma passageira que acompanhava Colombo teria perguntado ao motorista sobre sua avaliação acerca do governo Lula (PT). Diante da resposta que a desagradou, ela teria cantado a canção de ninar “Boi da Cara Preta”.

Questionado sobre o ocorrido, o marido da parlamentar respondeu:
“A denúncia fala de uma música. Mas a gente está falando de uma acusação séria, então vamos tratar de coisas sérias. Esse é um negócio que foi banalizado, quem sabe por uma questão política”.

Colombo também declara que a denúncia contra ele é infundada: “A acusação fala que foi uma passageira. Primeiro, eu sou homem, então já está errado aí. Depois não diz quem era a mulher, se era minha mulher, um amigo ou alguém que trabalhava comigo”.

Quando questionado quem poderia ser a mulher, ele respondeu: “Isso não aconteceu. Até cogitei que alguém pudesse ter usado minha conta indevidamente sem eu saber, mas eu não tenho mais acesso a ela”.

Interrogado se achava que a denuncia de racismo tinha algum cunho político, Colombo disse: “Talvez sim. Está bem claro, porque é muito frágil a denúncia do motorista. Para mim é uma mentira, nem da para saber quem é a pessoa”.

O advogado reforçou que o fato nunca ocorreu e foi ele quem buscou a Justiça. “Ninguém fez uma denúncia formal contra mim, fui eu quem entrou na Justiça. Por um relato unilateral de um motorista que não ocorreu”.

A conta de Colombo foi suspensa dia 2 de novembro de 2022, dois dias depois do resultado das eleições. Colombo assegura que só esteve com Júlia Zanatta em Brasília em fevereiro para a posse da deputada.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Uber e o texto será atualizado em caso de manifestação.