Depressão x vida sexual: como ter qualidade mesmo com o uso de antidepressivos

Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil se destaca como o país com maior número de pessoas afetadas pela ansiedade e pela depressão.

Depressão x vida sexual

Os diferentes tipos de antidepressivos apresentam diferentes perfis de efeitos colaterais – Foto: Pexels

Esse cenário reflete uma realidade global, onde muitos indivíduos enfrentam transtornos de  depressão e ansiedade, resultando em um aumento significativo no número de pacientes em tratamento com antidepressivos.

Essas estatísticas não apenas nos alertam sobre a importância da saúde mental, mas também evidenciam uma interligação entre saúde mental e saúde sexual.

Este cenário ressalta a necessidade de diálogos e promoção do bem-estar emocional e físico das pessoas.

Com o objetivo de despertar a atenção para a intersecção entre saúde mental e sexual, gostaria de refletir sobre o desafio enfrentado por aqueles que, embora necessitem de antidepressivos, desejam preservar uma qualidade de vida sexual satisfatória.

Não abordarei os aspectos farmacológicos específicos, interações medicamentosas ou os efeitos colaterais de cada medicamento, pois essa não é minha área de atuação.

No entanto, podemos explorar juntas alguns dos possíveis impactos negativos na função sexual associados ao uso de antidepressivos e discutir estratégias para lidar com esses desafios.

Por que é necessário abordar a relação entre saúde sexual e o uso de antidepressivos? É essencial reconhecer que os antidepressivos podem afetar a função sexual de algumas pessoas, resultando em efeitos colaterais, como a diminuição do desejo sexual, dificuldades de excitação, incapacidade de alcançar o orgasmo, entre outros.

É fundamental ressaltar que nem todas as pessoas experimentarão esses efeitos colaterais, e que a gravidade de tais efeitos pode variar de indivíduo para indivíduo.

Além disso, diferentes tipos de antidepressivos apresentam diferentes perfis de efeitos colaterais, o que significa que algumas pessoas podem tolerar melhor um tipo específico de medicamento em comparação com outro.

É sabido que o uso de antidepressivos pode afetar a saúde sexual de diversas maneiras. Embora esses medicamentos sejam eficazes no tratamento de distúrbios do humor, como depressão e ansiedade, alguns deles podem desencadear efeitos colaterais sexuais em algumas pessoas.

Muitos antidepressivos, especialmente os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs), têm sido associados à redução do desejo sexual em algumas pessoas.

Além disso, podem dificultar a excitação sexual, tornando mais desafiador alcançar a estimulação física necessária para o ato sexual.

Isso pode resultar na diminuição da lubrificação vaginal, tornando a atividade sexual desconfortável ou dolorosa, e também pode causar dificuldades em alcançar ou manter uma ereção, conhecida como disfunção erétil.

Os antidepressivos podem ainda prejudicar a capacidade em atingir o orgasmo ou até mesmo inibir completamente essa capacidade.

Se você está tomando antidepressivo e reconheceu alguns dos efeitos sexuais negativos do antidepressivo, é fundamental conversar com seu/sua médico/a.

Existem várias opções disponíveis, como ajustar a dose do medicamento, mudar para um antidepressivo diferente que tenha menos efeitos colaterais sexuais, ou explorar outras estratégias para minimizar esses efeitos. É fundamental não comprometer a vida sexual nem o efeito terapêutico necessário da medicação.

Lembre-se de que cada pessoa é única e o que funciona para uma pode não funcionar para outra. Experimente diferentes abordagens e esteja aberta a ajustar suas estratégias conforme necessário.

Efeitos colaterais relacionados ao uso de medicação contra depressão

Além disso, se você estiver experimentando efeitos colaterais sexuais devido ao uso de seu antidepressivo, sempre consulte um/a profissional de psiquiatria antes de realizar qualquer alteração no uso de sua medicação.

Apenas o/a médica pode fazer os ajustes necessários na dose do medicamento, recomendar um antidepressivo alternativo com menos efeitos colaterais sexuais ou prescrever um medicamento adicional para ajudar a contrabalançar esses efeitos

No entanto, há várias estratégias que você pode tentar para melhorar sua qualidade de vida sexual, mesmo quando exposta aos efeitos dos antidepressivos.

A atividade física regular pode ajudar a melhorar o humor, a autoestima e a saúde geral, o que por sua vez pode ter um impacto positivo na função sexual.

Se a relação sexual está sendo afetada pelos efeitos colaterais dos antidepressivos, considere explorar outras formas de intimidade com sua parceria, como massagens, abraços, beijos e carícias.

É preciso entender que o sexo não precisa ser genitalizado. Explore outras formas de prazer sexual. Em vez de se concentrar apenas na penetração, explore outras formas de prazer sexual que podem ser menos afetadas pelos efeitos colaterais dos antidepressivos, como sexo oral, estimulação manual, massagem erótica ou brinquedos sexuais.

Lembro sempre da importância da comunicação com a parceria. Logo, abra uma comunicação franca com sua parceria sobre os desafios que você está enfrentando com os antidepressivos e como isso está afetando sua vida sexual.

Trabalhem juntos para encontrar soluções e manter a intimidade sexual.

Por fim, considere a terapia sexual enquanto sua aliada. Uma psicóloga especialista em sexualidade humana pode te ajudar a compreender melhor suas dificuldades sexuais, agregar conhecimento sobre saúde sexual e mental, que podem ajudar a reduzir a ansiedade e o estresse.

Isso, por sua vez, pode melhorar a função sexual e ajudar a construir de forma colaborativa estratégias para melhorar a sua vida sexual, mesmo enquanto estiver tomando antidepressivos.

 

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