Oppenheimer: diretor buscou físicos para fazer o melhor filme de 2024, segundo o Oscar

Oppenheimer foi o grande vencedor do Oscar neste domingo (10), levando para casa sete prêmios em treze indicações, incluindo o cobiçado prêmio de Melhor Filme.

O filme recebeu elogios por sua representação precisa da vida do físico J. Robert Oppenheimer e por sua análise do impacto humano e científico do Projeto Manhattan, que culminou no desenvolvimento da bomba atômica durante a década de 1940 em Los Alamos, Novo México.

Para garantir a precisão do filme, o diretor Christopher Nolan consultou vários especialistas científicos para obter informações sobre Oppenheimer, sua vida, e o próprio projeto que levou ao teste nuclear da Bomba Trinity em 16 de julho de 1945.

Depois, vieram os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki no Japão, marcando o fim da Segunda Guerra Mundial com um enorme custo humano.

Os físicos que ajudaram no filme Oppenheimer

A renomada revista Nature entrevistou três dessas pessoas consultadas. Os escolhidos foram:

• Robbert Dijkgraaf, renomado físico teórico e atualmente ministro da educação holandês, que ocupou o cargo de diretor no Instituto de Estudos Avançados em Princeton, Nova Jersey, de 2012 a 2022, uma posição anteriormente mantida por Oppenheimer de 1947 a 1966;

• Kip Thorne, outro físico teórico do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, é um amigo próximo de Nolan e colaborou com ele em diversos projetos anteriores, incluindo a representação do gigantesco buraco negro no filme Interestelar (2014);

• Além disso, David Saltzberg, físico da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, já havia atuado como consultor científico em produções anteriores, como The Big Bang Theory, antes de contribuir com seus conhecimentos para o filme vencedor do Oscar.

O que contam os cientistas

Robbert Dijkgraaf contou para a Nature que o diretor do filme visitou, em 2021, o lugar onde Oppenheimer viveu e trabalhou durante quase 20 anos.

“Também morei naquela casa e, durante 10 anos, trabalhei no mesmo escritório que Oppenheimer já usou. Tivemos uma longa discussão sobre o cientista, mas também sobre física, que adorei”, conta.

Já Kip Thorne disse que falou com Cillian Murphy sobre sua interpretação sobre o grande cientista no filme.

“Conheci Oppenheimer quando era estudante de graduação em Princeton, de 1962 a 1965, e pós-doutorado de 1965 a 1966, então houve alguma discussão sobre o cientista como pessoa”, diz.

David Saltzberg diz que foi chamado para ajudar na produção de cenas que foram filmadas em Los Angeles.

“Trabalhei principalmente com o gerente de adereços. Isso envolvia coisas como decidir o que estava no quadro-negro ou quais equações Oppenheimer entregou a Einstein para mostrar se a atmosfera pegaria fogo”, explica.

A ciência retratada no filme

Saltzberg disse para a Nature que a ciência por trás do filme foi “maravilhosamente precisa”.

“Há uma cena em que Oppenheimer está escrevendo no quadro explicando que a fissão nuclear é impossível, quando Lawrence entra e diz ‘bem, [o físico americano Luis Walter] Alvarez acabou de fazer isso na casa ao lado’. Então coloquei no quadro algumas equações que Oppenheimer poderia ter provado que a fissão é impossível. A maior parte do público não reconheceria isso, mas isso me fez sentir bem”, fala.

Dijkgraaf confirmou a versão do colega cientista e afirmou que o filme foi muito bem feito.

“As discussões de física foram muito boas — as equações certas estavam nos quadros”, finalizou.