Nova condenação não tira Elizeu Mattos da eleição de Lages, mas fortalece favoritismo de Carmen

A rigor, a nova condenação do ex-prefeito Elizeu Mattos (MDB), pela Vara da Fazenda de Lages, não muda o cenário pré-eleitoral de Lages. Serve, no entanto, para trazer de volta ao debate a Operação Águas Limpas, do Gaeco, que chegou a levar o então prefeito emedebista à prisão em 2014 – interrompendo uma carreira política em ascensão.

Carmen Zanotto (Cidadania) se beneficia do desgaste político de Elizeu Mattos

Deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania) vive auge da carreira política e deve enfrentar adversários desgastados na eleição de Lages – Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados/ND

Elizeu Mattos conseguiu completar, sob desgaste, aquele mandato. Viu o adversário Antonio Ceron (PSD) ser eleito como sucessor em 2016 e reeleger-se por meros 56 votos contra a ex-aliada Carmen Zanotto (Cidadania) em 2020. Os cinco meses de prisão domiciliar e afastamento da prefeitura de Antonio Ceron, de certa forma, equilibraram esse jogo de desgaste político por processos de corrupção.

A condenação confirmada nesta semana não afeta condição de pré-candidato de Elizeu Mattos porque é de primeira instância. Ele chegou a ser condenado a 31 anos de prisão em decisão da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJSC). Essa decisão foi anulada pelo Superior Tribunal de Justiça, que viu parcialidade no julgamento e devolveu o caso ao TJSC. Por isso, o emedebista pode ser candidato.

A Operação Águas Limpas, de Elizeu, investigava corrupção na contratação de uma empresa terceirizada de água e saneamento. A Operação Mensageiro, de Ceron (e mais uma vintena de prefeitos catarinenses), trata de terceirização na coleta de lixo. Com uma década de diferença, o Gaeco pauta a eleição lageana e ajuda, por efeito colateral, a consolidar o favoritismo da deputada federal Carmen Zanotto na disputa.

Nova condenação de Elizeu Mattos traz Águas Limpas ao debate

A nova condenação de Elizeu Mattos traz para o debate um tema que havia esfriado. A Mensageiro abalou o grupo político que comanda hoje a prefeitura. O PSD, tradicional na cidade, partido do ex-governador Raimundo Colombo, decidiu não ter candidato a prefeito este ano.

A missão de comandar o grupo foi dada ao União Brasil, com a pré-candidatura de Lio Marin, ex-procurador-geral de Justiça – por coincidência, comandava o Ministério Público de Santa Catarina quando foi deflagrada a Águas Limpas. Também está na sucessão como pré-candidato o vice-prefeito Juliano Polese, do PP. Poucos acreditam que a prefeitura terá força na disputa deste ano.

Assim, sem más notícias no horizonte, Carmen Zanotto chega à disputa no auge da carreira política. Está no terceiro mandato como deputada federal, a quinta mais votada de Santa Catarina, tendo recebido 55% dos votos dos lageanos para o cargo. Para além disso, ganhou visibilidade incomum nos 17 meses em que ocupou a Secretaria Estadual de Saúde no governo do aliado Jorginho Mello (PL).

Com o PL aliado, o Podemos do deputado estadual Lucas Neves, terceiro colocado em 2020, muito próximo, e os adversários chamuscados por operações policiais do passado e do presente, Carmen Zanotto é mais do que favorita na eleição lageana.

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