Fenômeno ‘Sephora Kids’ e skincare infantil: especialistas alertam sobre consequências graves

Em um mundo onde a busca pela beleza e pela perfeição se torna cada vez mais presente desde a infância, surge uma discussão sobre a presença de crianças em ambientes antes exclusivos para adultos, como lojas de cosméticos.

A questão ganha ainda mais relevância quando se trata do uso de produtos de skincare por crianças entre 8 e 12 anos.

Fenômeno “Sephora Kids”

O fenômeno das “Sephora Kids”, onde crianças e pré-adolescentes passam horas testando produtos e destruindo amostras nas lojas Sephora nos Estados Unidos, reflete uma tendência preocupante relacionada ao interesse precoce pelo mundo da beleza e skincare.

Essa prática, que ganhou destaque nas redes sociais, levanta questões sobre a influência da publicidade e da cultura do consumo nas crianças.

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Em entrevista exclusiva com a psicóloga Vanessa Cardoso ao ND Mais, ela traz uma reflexão profunda sobre as motivações por trás desse fenômeno da skincare infantil.

Segundo ela, aos 8 anos, as crianças continuam em uma fase de desenvolvimento emocional, e muitas vezes buscam preencher necessidades não atendidas por comportamentos desadaptativos, como o uso excessivo de produtos de beleza e da skincare infantil.

“A criança acaba indo buscar algo que ela não recebeu, como afeto, segurança, validação, proteção, alguém que a defenda. Essas são necessidades emocionais básicas”, afirma a psicóloga.

Vanessa ressalta a importância do papel dos adultos em suprir essas necessidades de forma saudável, proporcionando um ambiente de aceitação e amor.

“Isso não tem a ver, às vezes, com pais que não dão o básico. Às vezes são pais que são bons, do ponto de vista administrativo e material, mas aquela necessidade daquela criança, que ela realmente precisa, emocionalmente falando, em termos de afeto, em termos de cuidar de atenção, ela não recebe”, explica Vanessa.

Riscos do skincare infantil na pele

A preocupação com o uso precoce de cosméticos vai além da esfera emocional e estende-se à saúde da pele.

Para entender os riscos associados ao skincare infantil, o portal ND Mais conversou com a dermatologista Débora Bergami.

Ela alerta para os perigos do uso indiscriminado de produtos contendo ácidos e outros ingredientes agressivos na skincare infantil, que podem causar desde alergias e sensibilidade até mesmo doenças cutâneas graves a longo prazo.

“Existem produtos específicos para essa faixa etária e o uso indiscriminado de produtos para a pele adulta não é adequado. Os ácidos são produtos que exigem uma disciplina e orientação médica para serem usados, podem causar até mesmo manchas se estes cuidados não forem tomados e gerar um problema para a vida toda”, alerta Débora.

Bergami destaca a sensibilidade da pele das crianças e a necessidade de produtos específicos para essa faixa etária durante a skincare infantil.

A especialista ressalta que é fundamental garantir que os produtos da skincare infantil sejam adequados para a idade e que seja feita uma fotoproteção adequada, considerando especialmente o aumento da exposição ao sol.

“Um skincare básico pode ser começado a partir dos 12 anos. Algumas pessoas com doenças de pele ou acne podem necessitar algum cuidado antes dessa idade, mas sempre deve ser orientado por um dermatologista”, afirma a especialista.

A dermatologista também expressa preocupação com o excesso de propaganda e produtos disponíveis na internet, que levam muitas vezes as pessoas a adotarem rotinas de skincare com múltiplos produtos, resultando em problemas na pele.

“Hoje observamos um excesso de propaganda e de produtos na internet sem nenhum tipo de filtro. Com isso, as pessoas costumam fazer skincare com muitos produtos (excesso de produtos). Geralmente quando isso acontece observamos o surgimento de acne. Além disso, a pele pode ficar mais propensa a desenvolver alergia a cosméticos”, alerta Débora sobre a skincare infantil.

A dermatologista enfatiza que não existe um número máximo de produtos recomendados para uma rotina de skincare, já que cada caso é único e deve ser tratado individualmente.

No entanto, ela destaca que o investimento mais importante para a saúde da pele a longo prazo é o uso regular de protetor solar.

Autoestima baixa

Vanessa, psicóloga, relata que o uso excessivo de maquiagem pode afetar negativamente a autoestima das crianças, que podem acabar suprindo uma dor emocional e buscando um padrão de perfeição inatingível.

Ela alertou para o risco de uma exposição precoce a modelos de beleza irreais, que podem distorcer a imagem corporal e prejudicar o desenvolvimento saudável da autoestima.

“O risco desse excesso de validação da rede de filtro é de que a criança não aprende a lidar com a vida real. E na vida real a gente vai ter momentos que seremos aceitos e outros momentos que não seremos aceitos”, diz a psicóloga.

Diante desse cenário, surge a preocupação com a influência da internet e da publicidade na exposição das crianças a produtos e práticas inadequadas.

Vanessa Cardoso enfatiza a importância de um ambiente regulado e de uma educação consciente sobre os padrões de beleza e autocuidado.

Ela destaca a necessidade de um diálogo aberto entre adultos e crianças, incentivando uma autoestima baseada em valores e talentos que vão além da aparência física.

Ambas as especialistas expressam preocupação com a influência da internet e da publicidade na exposição das crianças a produtos e práticas inadequadas.

Enfatizando a importância de uma educação sobre os padrões de beleza, a necessidade de consciência sobre o excesso de produtos e a importância do filtro na escolha dos produtos de skincare.