Mulheres não estão mais adotando o sobrenome do marido como antes; antropóloga explica motivos

Nos últimos anos, foi possível observar uma grande mudança relacionadas à escolha do sobrenome após o casamento. O Portal ND Mais conversou com a antropóloga Adriana Angerami, que explicou o motivo pelo qual muitas mulheres acabam não adotando o sobrenome do marido.

Mulher casando ilustra a matéria sobre sobrenome após casamento

Houve uma diminuição constante na escolha de adotar o sobrenome do marido. – Foto: Freepik/Divulgação/ND

Segundo a antropóloga, as concepções de casamento têm evoluído ao longo dos anos, principalmente com a mudança no Brasil. Com a Lei do Divórcio antes da Constituição de 1988, elas não eram mais obrigadas a adotar o sobrenome do marido.

Um ponto crucial levantado por Angerami foi a inclusão de casamentos homoafetivos na equação. Pois, em relacionamentos entre pessoas do mesmo gênero, adotar o sobrenome do parceiro torna-se uma maneira de legitimar a união, assim como em casamentos heterossexuais.

Diminuição constante em adotar o sobrenome do marido

Conforme informações da Forbes, é possível observar uma diminuição constante na escolha de adotar o sobrenome do marido. Dados mostram que passou de 59,2%, em 2002, para 45%, em 2020.

Imagem de um casamento

A mudança nos sobrenomes por ambos os cônjuges atingiu 7,3% no mesmo ano. – Foto: Divulgação/Freepik

Outro ponto é a resistência à adição dos sobrenomes das esposas pelos maridos, representando cerca de 0,7% em  2022.

Em contraste, a mudança nos sobrenomes por ambos os cônjuges atingiu 7,3% no mesmo ano.

Qual o motivo dessa mudança?

Mulher se questionando sobre o sobrenome do marido

A antropóloga explica as motivações dos sobrenomes dos maridos não serem mais adotados – Foto: Freepik/Divulgação/ND

A antropóloga afirma que a não adoção do sobrenome do marido na visão de algumas se deve à conquista crescente de autonomia profissional e financeira.

“Uso meu sobrenome para fins profissionais e assino documentos. Imagina se eu me casar com meu companheiro e adotar o sobrenome dele? Terei que usar e assinar com outro nome, sendo que já sou conhecida pelo meu sobrenome”, relata Angerami.

Dessa forma, ela destaca que a identidade profissional e social das mulheres modernas é marcada por sua assinatura e presença pública, logo a adoção do sobrenome do marido acaba virando uma reflexão sobre se realmente vale a pena.

Mulher comemorando

A não adoção do sobrenome por algumas mulheres, podem estar vinculadas a essa escolha de preservar a identidade individual – Foto: Freepik/Divulgação/ND

A escolha do sobrenome na prática

O caso aconteceu com Camila de Souza, dona de casa de 40 anos, que mora em São José, na Grande Florianópolis.

Ela se casou em 2019, em uma cerimônia civil e muito íntima, com o pedreiro Rodrigo Ferreira, de também 40 anos. Souza optou por não adotar o sobrenome do marido.

Como ela mesma explicou, a decisão não era uma recusa ao compromisso, mas uma afirmação da própria identidade.

Foto de um casal trocando alianças

A moradora de São José relata o motivo da sua escolha – Foto: Freepik/Reprodução

Angerami explica que a não adoção do sobrenome por algumas mulheres, podem estar vinculadas a essa escolha de preservar a identidade individual. A antropóloga afirma que esta é uma reafirmação da própria identidade e uma preservação da memória familiar.

Neste mundo de constantes transformações, as escolhas relacionadas ao sobrenome no casamento não refletem apenas em culturas ou tradições, mas também as mudanças nas dinâmicas sociais, de gênero e individuais.

A antropóloga finaliza que o ato de adotar ou não sobrenome do marido torna-se, assim, uma expressão complexa de identidade e compromisso que deve ser refletida.

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