25% dos brasileiros duvidam que seja possível controlar as mudanças climáticas

25% dos brasileiros duvidam que seja possível controlar as mudanças climáticas

A maioria (83%) afirmou que pagaria mais por água e alimentos que ajudassem a proteger o solo e reduzissem os riscos de escassez e à saúde – Foto: Veolia/Divulgação

É cada vez maior entre os brasileiros a ideia de que nada mais poderá deter a catástrofe climática. A constatação do chamado “fatalismo climático” foi revelada pela pesquisa Barômetro da Transformação Ecológica que, em sua segunda edição, analisa o grau de aceitabilidade de soluções para reduzir o impacto que o ser humano causa e os desafios para acelerar a transição para uma economia verde e um desenvolvimento sustentável.

Realizado pela Veolia, líder global em soluções ambientais, em parceria com a consultoria francesa Elabe, o estudo mostra que o nível de insegurança ecológica e climática do Brasil foi o mais alto dos 26 países* incluídos na amostra. Essa sensação é impulsionada pela percepção de insuficiência das ações e investimentos dos setores públicos e privados, apontada por dois em cada cinco brasileiros. Além disso, mais da metade dos entrevistados (57%) não consegue imaginar um mundo pós-carbono.

“A percepção é que estamos diante de um cenário fatal, mas então como nos mantermos otimistas? Embora as mudanças climáticas sejam uma realidade, já existem soluções capazes de mudar esse contexto, e outras estão sendo desenvolvidas. Porém, a implementação precisa ser acelerada e apoiada pelos setores públicos e privados, com foco em transformar nossas formas de produção e consumo para diminuir a emissão de gases de efeito estufa e regenerar os recursos naturais. O Barômetro da Transformação Ecológica surge para tornar o debate público, entender quais são os desafios e ouvir populações de todo o mundo sobre o desejo de agir e aceitar as novas possibilidades para um futuro mais sustentável”, diz Lina Del Castillo, Diretora de Marketing, Comunicação e Sustentabilidade da Veolia Brasil.

Saúde e qualidade de vida: motivos para agir

Embora o Brasil esteja entre os 10 países mais otimistas do mundo, acima da média mundial – 63% dos brasileiros ante 55% da população dos outros países ainda acreditam que o futuro está em nossas mãos – muitos vêm cedendo à tentação do fatalismo climático. Atualmente, 25% dos brasileiros duvidam da capacidade da humanidade de controlar a mudança climática e reduzir a poluição, enquanto 11% estão convencidos de que é tarde demais para conter seus impactos.

Apesar do ceticismo por parte dos brasileiros, o estudo também revela que a população está disposta a adotar novos hábitos em prol do combate às alterações climáticas. Questões como saúde, qualidade de vida e segurança alimentar são razões para agirem e aceitarem os custos adicionais e mudanças de comportamento trazidos por ações ecológicas, sejam voltadas para a descarbonização, despoluição ou regeneração de recursos.

A manutenção do poder de compra é um fator-chave na persuasão de três a cada quatro brasileiros a adotarem mudanças. Contudo, para a maioria, os incentivos para a saúde superam qualquer recompensa financeira. Aproximadamente 90% estariam dispostos a adquirir alimentos embalados em materiais reciclados (papel ou plástico reciclado) como uma medida para mitigar a poluição plástica e reduzir a dependência do petróleo.

Transformar águas residuais em água potável

Boa parte dos entrevistados (78%) está disposta a recorrer ao consumo de águas residuais recicladas – Foto: Veolia/Divulgação

Para melhorar a questão da oferta de água potável, bastante crítica em alguns países, os entrevistados se mostraram dispostos a mudar seus hábitos, incluindo uma surpreendente resposta positiva ao consumo de águas residuais recicladas.

Enquanto boa parte dos entrevistados (78%) está disposta a recorrer ao consumo de águas residuais recicladas, a maioria (83%) afirmou que pagaria mais por água e alimentos que ajudassem a proteger o solo e reduzissem os riscos de escassez e à saúde.

Energia local e de baixo carbono

Para contribuir na redução das emissões de CO2, 80% dos entrevistados concordam em produzir energia localmente a partir de resíduos não recicláveis. Já para limitar a poluição causada pela extração de metais raros e reduzir a dependência do Brasil de países que produzem esses metais, 81% da população estaria disposta a pagar um pouco mais por dispositivos elétricos e eletrônicos para garantir que a bateria e o próprio dispositivo sejam reciclados. A pesquisa ainda aponta que 93% da população acredita que inventar novas maneiras menos poluentes pode contribuir para desacelerar a mudança climática.

Sobre a pesquisa

*A pesquisa foi realizada em 26 países em 5 continentes, incluindo mais de 29.500 indivíduos (entre 1.000 e 2.000 por país). Os países foram escolhidos por seu peso demográfico, sua contribuição para as emissões

de gases de efeito estufa, e para garantir a diversidade em antecedentes políticos e culturais ecológicos. No geral, esses países representam quase 60% da população mundial e 67% das emissões globais de gases de efeito estufa. A pesquisa foi realizada de 17 de outubro a 6 de dezembro de 2023, de forma online. Para cada um dos 26 países, uma amostra representativa de habitantes, a partir de 18 anos, respondeu às perguntas.

Sobre Veolia

O Grupo Veolia é referência mundial na transformação ecológica. Presente nos cinco continentes com cerca de 220 mil colaboradores, o Grupo projeta e implementa soluções que atendam aos desafios atuais de cidades e indústrias na gestão de água, resíduos e energia.

Por meio de suas três atividades complementares, a Veolia ajuda a melhorar o acesso aos recursos, a preservar e renová-los. Em 2023, o Grupo Veolia forneceu água potável a 113 milhões de pessoas e saneamento básico a 103 milhões, e produziu 42 terawatts hora de energia, além de valorizar 63 milhões de toneladas métricas de resíduos. A Veolia Environnement (Paris Euronext: VIE) alcançou receita consolidada de 45,3 bilhões de Euros em 2023.

Sobre Elabe

A Elabe é uma empresa de pesquisa e consultoria independente fundada em 2015 por Bernard Sananès. Para empresas, atores profissionais e meios de comunicação, realiza inúmeros estudos na França e internacionalmente, particularmente sobre temas sociais e assuntos relevantes para o debate público.

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