‘Fui até a porta do inferno, mas não entrei’: advogado criminalista fala sobre seu novo livro

Um homem chega com um corpo no porta-malas para contratar uma defesa para o homicídio. Parece ficção, mas essa é uma das histórias reais contadas no livro “Crônicas de um criminalista”, obra mais recente do advogado Claudio Gastão da Rosa Filho.

Claudio Gastão da Rosa Filho conta em livro de crônicas histórias vividas na carreira como advogado criminalista

Claudio Gastão da Rosa Filho conta em livro de crônicas histórias vividas na carreira como advogado criminalista – Foto: Reprodução/ND

O advogado criminalista de Santa Catarinense estreou como cronista com o livro que reuniu histórias vividas durante os mais de 30 anos de profissão.

A obra traz 20 crônicas que, com ilustrações do chargista Zé Dassilva, falam sobre temas vão do direito à religião, passando por questões centrais da vida moderna, como a influência das redes sociais nos “tribunais” da Internet.

“São todas histórias que marcaram muito, que traduzem angústias daquela pessoa que enfrenta um processo criminal e sofre. Porque o processo criminal ele já começa punindo para saber se a pessoa merece ser punida”, explica o advogado criminalista.

‘Pelo meu cliente, eu vou até a porta do inferno, mas eu não entro’

De acordo com Gastão, o livro também será útil para advogados que estão iniciando a carreira. O criminalista ressaltou a importância do limite entre o advogado e o cliente.

“Eu sempre digo: pelo meu cliente, eu vou até a porta do inferno, mas eu não entro. Infelizmente alguns advogados têm extrapolado essa linha e tem se denunciado em formação de quadrilha, por organização criminosa. O médico pra tratar um paciente não pode estar doente”, pontuou.

O advogado criminalista relembrou uma das histórias contadas no livro de crônicas.

“Eu estava no meu escritório, a pessoa entrou e falou assim: ‘matei o cara e tal, agora você tem que ver o que vamos fazer com o corpo’. Eu respondi: ‘como o que fazer com o corpo, cadê o corpo?’, ‘Está num porta-malas do meu carro’. Eu olhei pra ele, fiquei até com medo, mas fiz a pergunta: ‘E cadê o teu carro?’, ‘Está aqui na sua garagem’”, lembra.

Segundo Gastão, o homem havia trazido o corpo da vítima que tinha matado no porta-malas do carro que usou para chegar até o escritório de advocacia. O carro estava parado no estacionamento rotatório do prédio onde o advogado trabalhava. O homem foi mandado embora pelo criminalista.

“Imagina o estacionamento rotativo e imagina o cadáver no porta-malas? Por isso que eu digo, o advogado tem que se estabelecer uma linha, um distanciamento do cliente,  e existem linhas que não podem ser cruzadas”, ressalta.

Críticas falam que obra é sincera, simples e bem humorada

No “breve prefácio” de “Crônicas de um Criminalista”, o professor, advogado e presidente emérito da Academia Paulista de Letras, Ives Gandra da Silva Martins, afirma que o livro de Gastão Filho “constitui agradável narrativa sobre questões criminais em que atuou, apresentada com sinceridade, simplicidade, coerência e, muitas vezes, com humor”.

O advogado e professor de Direito da USP, Renato de Mello Jorge Silveira, enaltece que a obra “traz, de pronto, algumas reflexões ao debate. Pensamentos oriundos da pena de um advogado – e um brilhante advogado, quanto mais criminalista – são sempre motivo de júbilo por seus colegas”.

Entre as crônicas, estão “Justiça no altar”, “A paixão no banco dos réus” e “O senhor saber que sou inocente, Doutor!”. Em “WhatsApp: mão invisível que assassina reputações”, o autor aborda um dos temas predominantes do livro: o universo digital e seus julgamentos precipitados.

“Crônicas de um Criminalista” está à venda na Amazon e outros sites.

Advogado criminalista Claudio Gastão da Rosa Filho esteve no Grupo ND para falar sobre o novo livro – Foto: Gabriela Ferrarez/ND

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