‘Tainha-jubarte’: capturas aumentam 227% nesta safra, com peixes acima de 5 kg

Além dos recordes em quantidade, a safra de 2024 tem tainhas de tamanhos diferenciados. Tem dono de peixaria no Mercado Público de Florianópolis que vendeu peixe de cinco quilos neste mês. Tainha com três a três quilos e meio é fácil encontrar nas peixarias do Mercado.

Foto mostra pessoas comprando tainha no mercado público de Florianópolis

População compra tainha no mercado público – Foto: Germano Rorato/ND

Na Capital, o Tainhômetro registra 200.253 capturas, tendo a praia da Barra da Lagoa como campeã, até sábado (8), com 37.480 capturas. O total capturado nesta safra, até o momento, representa um crescimento de 227% em relação ao total da safra anterior, que teve 61.189 capturas.

Como a oferta está boa e o peixe graúdo, a procura é intensa e os comércios que têm na tainha o carro-chefe faturam acima da média. A dúvida fica para a próxima safra, em função das enchentes no Rio Grande do Sul, já que pescadores e comerciantes temem uma possível escassez no futuro.

Situado no presente, o subsecretário de Pesca, Maricultura e Agricultura de Florianópolis, Laurentino Benedito Neves, celebra os números do que considera uma safra excelente de tainha em todo o Estado.

“A gente esperava por isso, até porque ano passado não foi tão bom assim. Encerramos o emalhe anilhado em 16 dias apenas, capturando 585 toneladas, safra recorde. O tamanho do peixe também supera as do ano passado”, afirma Laurentino.

Germano Rigoto segura uma das tainhas que vende na sua peixaria – Foto: Germano Rorato/ND

Esse peixe, segundo ele, vem do Uruguai e da Argentina e, por conta das chuvas no Rio Grande, não entraram na Lagoa dos Patos. “Formaram gigantescos cardumes aqui em Santa Catarina, por isso, uma safra tão boa e muito bem aproveitada pelos pescadores do nosso litoral. Como temos aproximadamente 30 dias de safra, continuarão os cercos com cardumes grandes”, acredita o subsecretário.

“Tainha-jubarte”, brinca dono de peixaria

Marcelo Jacques, 53 anos, tem uma peixaria no Mercado Público e conta que a maior tainha que pegou nessa safra tinha 4,950 quilos. “Tem tainha aí que a gente chama de tainha-jubarte, com mais de quatro quilos e meio”, brinca Marcelo. Manezinho e na função há décadas, ele explica que esse tamanho de peixe não é recorrente e se lembra de tainhas grandes assim há muitos anos, como nas safras de 2007, 2010 e 2012.

Além do tamanho, ele celebrou os volumes e disse que vem mais por aí. “Há notícias de que tem muito peixe de Araranguá para cá ainda, então a tendência é uma grande quantidade. Com isso, o peixe baixa e ganha todo mundo, aquele que vende e aquele que vem ao Mercado Público comprar. Começamos vendendo a tainha por R$ 25 com ova e hoje está R$ 15 com e R$ 12 sem”, registra Marcelo.

Segundo ele, tanto os compradores que levam para casa quanto aqueles que compram para os restaurantes, priorizam o peixe maior, porque escalada ou em posta fica mais apresentável. Como tem muito peixe grande, a procura está melhor esse ano.

“Todo mundo compra, aquela senhora de 80 anos, o moço, todo morador da ilha. A tainha muda a cara da cidade. A nossa Ilha vivencia a tainha, como o chimarrão para o gaúcho. A garoupa hoje tá R$ 60, pode botar a R$ 40 que ninguém vai comprar. A tainha é a nossa vedete”, afirma Marcelo.

Foto mostra pessoas comprando tainha no mercado público de Florianópolis

População compra tainha no mercado público – Foto: Germano Rorato/ND

Outro dono de peixaria, Jaison Furtado da Silva, 45 anos, comanda a terceira geração da empresa, que está há 28 anos no Mercado. Ele também considera a tainha dessa safra muito maior do que em anos anteriores, porém não tão “ovada”. Na visão dele, o peixe não vinha tão imenso assim há uns três anos, mas não eram todas como esse ano. “Só não sei ano que vem, com essa chuva no Rio Grande. Acho que tirou esses peixes grandes lá de dentro”, supõe Jaison.

No comércio dele, as vendas também estão muito boas. “O preço baixou bastante, porque deu muita tainha, mas estamos vendendo igual. Ganhamos pouco, mas vende bastante, então ganhamos na quantidade. Todo dia é 80 quilos para um, 100 quilos para outro, os restaurantes estão pegando bastante, além das senhorinhas pegando quatro quilos para dar para a filha, para a neta”, conta Jaison.

Natural de Barreiros, São José, e moradora do bairro Bom Viver, em Biguaçu, a aposentada Rosimeri Ferreira, 56 anos, se apresenta como manezinha. Filha de um pescador de Santos (SP), ela foi ao Mercado Público semana passada atrás de tainha e se espantou com o tamanho dos peixes, para ela, uma novidade. “Vou comprar porque é o peixe que eu mais gosto. É mais saborosa, gosto da ova. Vou pegar uma grande para aproveitar”, afirma Rosimeri.

Manezinho do Estreito, atualmente morador dos Açores, o aposentado Dailton Carvalho das Neves, 71 anos, é cliente da mesma peixaria no Mercado há mais de uma década.“Aqui dizem quando o peixe está bom e quando não está”, declara. A opção dele e da mulher, Edilamar Santiago das Neves, também foi a tainha. “Essa época não tem outra. Esse ano está graúda, pode até fritar sem óleo, de tão gorda que tá”, diz.

Dailton também aproveita a entrevista para dar dica: “Tem que saber fazer. Pega a tainha de barriga para baixo, corta dois dedos abaixo da cabeça, espreme e vai sair a gordura. Tirando isso, fica tranquilo para comer”.

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