‘Sexo baunilha’ é o preferido entre as solteiras com mais de 40 anos

Carlos* chegou em meu consultório em busca de psicoterapia para tratar questões relacionadas à sexualidade, preocupado com uma situação que considerava corriqueira relacionada a sexo.

Aos 42 anos e solteiro, ele expressou se sentir invadido por mulheres e suas performances sexuais, desejando um encontro mais direto e sem adornos, preferindo o que poderia ser descrito como sexo convencional. Surgiu então nele uma dúvida: teria algo errado com essa preferência?

Sexo baunilha é aquele mais convencional

Questão reflete bem uma preocupação crescente com as expectativas e pressões sociais em torno da sexualidade, especialmente quando se trata de feminilidades e masculinidades – Foto: Freepik/Divulgação/ND

Hoje decidi trazer esse tema à tona, sob a ótica de um homem para nossa conversa, pois tenho notado, tanto em meus atendimentos no portal Sexo sem Dúvida, quanto e em minha clínica particular, uma demanda crescente específica.

São pessoas solteiras na faixa dos 40 a 55 anos, que preferem o que podemos chamar de “sexo baunilha”, ou seja, sexo sem muitos adornos ou elementos mais elaborados, como roupas de couro, brinquedos eróticos, cenas de strip-tease ou jogos de sedução com velas aromáticas.

Neste cenário surge a dúvida: é realmente necessário tantos cursos sobre práticas sexuais específicas, strip-tease, ou estratégias de sedução para manter ou aumentar a atratividade sexual?

Essa questão reflete bem uma preocupação crescente com as expectativas e pressões sociais em torno da sexualidade, especialmente quando se trata de feminilidades e masculinidades.

A ideia de que a atratividade sexual está intrinsecamente ligada a habilidades técnicas ou comportamentos específicos pode ser emblemática e problemática.

Isso pode criar uma narrativa na qual as pessoas se sintam inadequadas ou pressionadas a performar e a se conformar a determinados padrões ou normas de desempenho sexual.

Além disso, essa abordagem tende a subestimar a importância da comunicação, da intimidade emocional e da conexão genuína entre parcerias, na construção de uma vida sexual satisfatória e gratificante.

Sexo sob expectativa social pode ter efeito negativo

Embora a educação para a sexualidade seja valiosa para explorar novas formas de prazer e promover o autoconhecimento, é importante questionar se a obsessão por técnicas específicas pode estar desviando o foco de aspectos mais fundamentais da sexualidade, como consentimento, respeito mútuo e satisfação emocional.

Na verdade, em uma sociedade marcada pela sexualização constante, é mais comum que uma vida sexual prazerosa, tranquila e até mesmo monogâmica seja subestimada ou até mesmo negligenciada em comparação com práticas sexuais mais elaboradas ou vistas como mais selvagens e emocionantes.

A pressão social e os padrões culturais muitas vezes enfatizam a necessidade de aventuras, novidades e experimentações na vida sexual, o que pode levar à desvalorização das escolhas mais simples ou tradicionais.

Lembre-se de que vale o que é consentido e te traz prazer, saúde e paz!

*Nome fictício e situação adaptada de forma a manter o sigilo e ética profissionais.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.