‘Adeus golpistas’: megaoperação tira 540 sites do ar em SP e DF

A quinta-feira (25) começou agitada após uma megaoperação envolvendo as polícias civis do Distrito Federal e de São Paulo. A ação quer desarticular uma organização criminosa especializada em golpes na internet.

Golpistas atuavam na área há pelo menos cinco anos

Megaoperação tirou do ar 540 sites feitos por golpistas – Foto: Reprodução/Unsplash/ND

Ao todo, os policiais cumprem 12 mandados de prisão, 10 de busca e apreensão, bloqueio de 50 contas bancárias dos investigados e a derrubada de 540 domínios de sites falsos.

Só para se ter uma ideia do tamanho da operação, a Polícia Civil do Distrito Federal já indiciou 61 pessoas nesta investigação.

As prisões estão sendo realizadas em São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo.

Como funcionava o esquema?

De acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal, o grupo criminoso alvo da operação desta manhã já estava atuando há pelo menos cinco anos com o conhecido golpe do falso site de leilão de carros.

Para executar o esquema, os criminosos selecionavam sites reais de empresas renomadas do ramo de leilões de veículos e os clonavam, criando réplicas idênticas.

No entanto, a única diferença era a extensão do endereço eletrônico. Enquanto os sites verdadeiros possuíam a terminação “com.br”, os clonados tinham o mesmo nome e aparência, mas com a terminação “.net”.

Após clonar os sites, os criminosos pagavam empresas de marketing digital para impulsionar os endereços falsos nos resultados de busca, como Google.

Golpistas tinham esquema que parecia verdadeiro aos olhos dos clientes

Golpistas tinham esquema sofisticado para enganar a população – Foto: Reprodução/Freepik/ND

Dessa forma, quando alguém buscava pela empresa real, os primeiros resultados apresentavam o site clonado, induzindo as vítimas ao erro.

Elas acessavam o site falso e interagiam com os criminosos pelo WhatsApp, acreditando estar negociando com a empresa legítima, até realizarem os depósitos dos lances.

Os sites clonados forneciam números de telefone para contato, e as vítimas se comunicavam com o grupo por meio do WhatsApp, recebendo inclusive falsas notas de arrematação.

Muitas só percebiam o golpe meses depois, quando o carro nunca era entregue e já não conseguiam mais contato, pois os criminosos haviam bloqueado os telefones.

A sede do grupo criminoso era uma sala alugada em um prédio comercial de Santo André, que foi alvo das buscas realizadas hoje.

Em entrevista à CNN, o delegado Erick Sallum, os autores do golpe trabalhavam das 8h às 18h na sala, agindo o dia todo como se fossem uma empresa legítima, aplicando golpes em vítimas em todo o Brasil.

Essa operação evidencia a forma como a criminalidade moderna atua, escondida nas sombras do mundo digital. Destaca-se, portanto, a importância da atividade da Polícia Judiciária e a necessidade de investimentos em inteligência e capacitação técnica para combatê-la.

Golpistas usavam brasão falso

Os investigadores conseguiram identificar aproximadamente 540 websites maliciosos mantidos pelo mesmo grupo criminoso. Com o uso repetido do mesmo nome em vários golpes, a reputação dessa empresa começava a se deteriorar em sites de reclamação.

Como resultado, os golpistas retiravam o site do ar e substituíam por um novo, pertencente a outra empresa ainda desconhecida.

Muitos desses sites utilizavam até mesmo o brasão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios para criar uma fachada de credibilidade, permitindo que os golpistas se apresentassem como autorizados para atuar nessa área.

Na delegacia do Lago Norte de Brasília, responsável pela investigação, foram registradas dez ocorrências com prejuízos totalizando R$ 470 mil. Estima-se, no entanto, que haja centenas de outras vítimas em todo o território nacional.

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