Maruim: tudo o que se sabe sobre o mosquito que levou Luiz Alves a situação de emergência

O que é o maruim, onde vive e onde se reproduz? Essas perguntas passaram a fazer parte da rotina de muitos moradores do pequeno município de Luiz Alves, localizado no Vale do Itajaí. Em março, a Prefeitura Municipal decretou situação de emergência por causa da infestação do inseto.

Picada do Maruim pode causar dor, urticária e vermelhidão – Foto: Divulgação/ND

Maruim, também conhecido como mosquito-pólvora, é um pequeno inseto que pode causar uma picada dolorida, coceira e hematomas pelo corpo. Em Luiz Alves, os moradores convivem diariamente com as consequências da infestação do mosquito. Para driblar o maruim, algumas pessoas chegam a ficar trancadas dentro de casa, com o ar-condicionado ligado.

Jaqueline Fischer, de 38 anos, moradora de Ilhota, cidade que faz divisa com Luiz Alves, compartilhou imagens aterrorizantes da quantidade de hematomas pelo corpo. “Nós usamos óleo corporal, repelente, mas nada adianta, está crítica a nossa situação. Casas fechadas, as crianças não podem brincar na rua, não temos mais vida”, disse ao ND Mais.

O inseto, que prefere ambientes onde há matéria orgânica em decomposição, pode ser visto nas regiões urbanas, em hortas e jardins. O professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia do Centro de Ciências Biológicas da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Carlos José de Carvalho Pinto, explica que em Santa Catarina as fêmeas costumam colocar ovos em restos de bananeiras, cortadas após a colheita do cacho.

De acordo com o professor, o aumento de maruins em território catarinense e, principalmente, em Luiz Alves, pode ter sido desencadeado pelas chuvas intensas, o que causou um aumento na umidade do solo. “Tivemos um verão muito quente, o que também pode ter colaborado (…) Com o aquecimento global, é possível que o problema com insetos, seja pelo incômodo causado pelas picadas ou a transmissão de doenças, seja aumentado, e já estamos vivenciando isso”, destacou.

Como evitar a proliferação do maruim

Tem como evitar a proliferação do maruim? A reposta é sim. Carlos afirma que para isso é preciso acabar com os ambientes que a espécie usa como criadouros para larvas.

“No caso da plantação de bananeiras, uma medida de controle seria juntar os restos das bananeiras e cobrir com um plástico, por exemplo. Mas sei que isto só seria viável em pequenas plantações”.

Para se proteger das picadas do maruim, usar calças, calçados, meias grossas e camisa de manga comprida podem ajudar. “Pode-se também usar repelentes para diminuir as picadas”, comentou o professor.

Uso de drones para deter infestação do mosquito

Um controlador biológico contra o mosquito continua em fase de testes em Luiz Alves. A Prefeitura Municipal contratou de forma independente os pesquisadores que desenvolveram o produto.

Na última semana, o primeiro teste de aplicação do controlador biológico com o uso de drone começou no município. Diversos aspectos passam a ser observados para chegar aos resultados e determinar a forma mais eficiente que poderá ser adotada para minimizar a proliferação do inseto.

Uso de drones para a aplicação do Controlador Biológico do Maruim começou na última semana em Luiz Alves – Foto: Divulgação/Prefeitura de Luiz Alves//ND

O uso do drone começou na localidade Rio Canoas, um dos bairros mais afetados pela infestação de maruim, e seguiu em outras regiões de Luiz Alves. Escolas e clubes com campo de futebol, locais de uso comum e com grande concentração de pessoas, foram  priorizados com a passagem do equipamento pulverizador.

O produto biológico não contêm, em sua composição, nenhuma substância química. Ou seja, não faz mal à saúde. A nova aplicação deve ocorrer dentro de 15 dias.