Balneário Camboriú prevê nova onda de valorização nos imóveis em até 200%; entenda

Com apenas 18 mil km² e população de pouco mais de 145 mil habitantes, Balneário Camboriú já tem o metro quadrado mais valorizado do país, e deve ser impactada nos próximos meses por um um novo salto de desenvolvimento que vai impulsionar tanto o mercado imobiliário, como o setor de turismo. A novidade é uma proposta de alteração no Plano Diretor para implantar um modelo quase inédito no Brasil que permite áreas destinadas a hoteis dentro de prédios residenciais.

Vale destacar que a cidade já é considerada uma das mais verticalizadas do país com 57,2% da população morando em prédios e possui os maiores arranha-céus do Brasil. Atualmente, Balneário Camboriú possui uma hotelaria com poucas redes, composta por cerca de 110 estabelecimentos com pouco mais de 20 mil leitos, sendo que a cidade espera receber em 2024 cerca de 4 milhões de turistas.

“Em algumas regiões da cidade haverá um incentivo vocacionado tanto às empresas hoteleiras quanto às construtoras, ou seja, haverá um índice máximo de capacidade para implantação do hotel, e não haverá cobrança de outorgas onerosas, ou seja, pagamento pelo uso do espaço aéreo além do permitido por lei, e isso deve impulsionar à criação de hotéis porque será isento. Também queremos ampliar o potencial construtivo em projetos de uso misto, incentivando a fachada ativa com a instalação de comércio, mas o potencial construtivo da parte residencial, que é aquela que adensa e cria um ambiente mais difícil de enfrentamento na questão da mobilidade, não será ampliado”, explica o secretário de Planejamento de Balneário Camboriú, o engenheiro Rubens Spernau.

Para o especialista em mercado imobiliário de alto padrão, Renato Monteiro, a mudança no Plano Diretor vai impactar positivamente a cidade nos próximos anos, já que irá gerar a qualificação na rede hoteleira, assim como acontece com a construção civil. “Com essa novidade, Balneário Camboriú vai ganhar uma rede hoteleira moderna e de alto padrão,  já que os empreendimentos da cidade são referência nacional e internacional pela sofisticação. Com opções de hospedagens que vão atender as necessidades de um público mais exigente, a cidade vai atrair um turismo mais qualificado e com maior poder aquisitivo, o que reflete diretamente no mercado imobiliário, inclusive, com valorização dos imóveis que pode chegar a até 200% nos próximos cinco anos”, afirma Renato.

“O público de classes A e A++, diferentemente de outras classes sociais, não costuma alugar hospedagens de casas e apartamentos de temporada ou por aplicativos. Eles preferem toda a comodidade que um hotel oferece. Por isso, temos uma excelente oportunidade de atrair pessoas de alto nível para turismo e atender com melhor qualidade aqueles turistas de negócios e eventos, especialmente com a implantação do centro de eventos na região. Digo isso porque é comprovado que o público de negócios geralmente investe mais do que o de lazer. Porém, no geral, teremos novas possibilidades para ampliar esse público para vir à cidade e, futuramente, se tornar um investidor ou comprador de um apartamento”, exemplifica Renato

Também com objetivo de incentivar a renovação da rede hoteleira da cidade, o governo municipal quer alterar a restrição no tamanho do terreno mínimo para implantação de um hotel, que hoje é  de 2 mil m², o que se torna inviável pelo  preço do terreno.  “Queremos mudar para que a partir de 750 m² de terreno possa ser implantado um receptivo na cidade e um estabelecimento com características executivas se adequa muito bem num ambiente desse. E isso também vai flexibilizar e vai possibilitar que Balneário Camboriú tenha mais empreendimentos hoteleiros, além de ampliar o atendimento da demanda que vem a negócios”, detalha Spernau. A previsão é que em abril as mudanças no Plano Diretor sejam  apresentadas à comunidade em audiências públicas para depois o projeto de lei ser remetido para a aprovação na Câmara de Vereadores.

Setor hoteleiro está otimista

Quem vê a mudança com bons olhos é o presidente do  Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), Orlando de Souza. “O modelo proposto por Balneário Camboriú é relativamente novo no Brasil,  muito embora seja uma fórmula que seja utilizada em outros mercados mais maduros da hotelaria, em especial nos Estados Unidos”, comenta Souza.

Já para o conselheiro da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e hoteleiro na cidade, Osny Maciel Junior, essa será uma grande oportunidade para que a hotelaria se renove, inclusive, para atender uma demanda crescente do turismo de negócios. “Os estabelecimentos terão a necessidade de se atualizar, porque a cidade deixou de ter apenas o turismo de Sol e Mar e tem que receber também o público corporativo devido a abertura do do centro de eventos”, declara Junior.

Inaugurado há menos de dois anos, o Expocentro Balneário Camboriú Júlio Tedesco tem mais de 33,5 mil m² de área construída e já recebeu mais de 100 eventos e cerca de 350 mil pessoas. Para este ano restam poucas datas em aberto e para 2025 conta com um aumento de 10 a 12% de eventos, em comparação a 2024.

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