2 Sinais de Que Você Não Está Sendo Você Mesmo em um Relacionamento

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Flertar é algo evolutivo. Muitas vezes, flertamos para demonstrar interesse em alguém por quem sentimos atração. Porém, nas fases iniciais de um relacionamento, geralmente existe uma certa incerteza, nenhum dos dois sabe ao certo se aquilo vai evoluir. Nesse período, é comum que as pessoas se comportem de forma ambígua: enviam sinais confusos, se seguram ou mantêm as coisas em um tom leve e brincalhão, em vez de serem diretas.

Ser muito direto logo de cara pode parecer estranho, inseguro ou até desrespeitoso. Por isso, usamos uma comunicação mais indireta e descontraída, para testar o terreno e nos proteger emocional e socialmente. Essa fase tem um papel importante na forma como criamos conexões.

Mas às vezes, ficamos tão preocupados em “fazer tudo certo” que acabamos apenas seguindo um roteiro e esquecemos de aproveitar o momento.

Frases como “Não responda logo depois do encontro” ou “Finja desinteresse para a pessoa se interessar mais” viram regras. Ironicamente, isso nos faz deixar de ser autênticos, como se não houvesse outra forma de se comportar com alguém de quem gostamos.

Você pode achar que esse comportamento ajuda a impressionar e conquistar o interesse do outro. Mas se você não está sendo verdadeiro, como saber se a pessoa realmente gosta de quem você é? Pior ainda: você pode acabar moldando sua identidade em torno da dela, escondendo partes de si mesmo só para agradar.

Aqui vão dois sinais de que seus sentimentos podem não ser genuínos, e de que você está apenas interpretando um papel.

1. Você age com base no que “deveria fazer”, não no que realmente sente

Normas sociais e expectativas ditam como devemos agir ao flertar ou nos envolver romanticamente. São como roteiros mentais que orientam o início e a manutenção dos relacionamentos, moldados por cultura, mídia, gênero, classe, religião e idade. Muitas vezes, seguimos esses scripts sem nem perceber.

Segui-los não é, necessariamente, algo ruim. Eles podem nos ajudar a agir com respeito e a entender melhor nosso papel em situações íntimas. No entanto, também influenciam como nos vemos dentro desses relacionamentos.

Em um estudo clássico de 1989, o sociólogo Elijah Anderson analisou como jovens de baixa renda em áreas urbanas dos EUA criavam estratégias para parecer o parceiro ideal, mesmo quando, na verdade, só estavam buscando algo passageiro ou sexual.

Cumprir essas “táticas” pode parecer essencial, especialmente para quem ainda está formando sua identidade e quer ser aceito pelo grupo social.

Por outro lado, o grupo de amigas de uma garota pode apoiar um relacionamento caso perceba que as intenções do parceiro são genuínas.

Como Anderson resume:

“Enquanto muitas garotas sonham com um futuro juntos, o garoto, pelo menos no curto prazo, geralmente não quer ‘brincar de casinha’, algo que seus amigos ridicularizam.”

Mesmo hoje, ainda adaptamos nosso comportamento para agradar possíveis parceiros, mesmo que isso signifique ignorar nossos próprios sentimentos. Essa desconexão pode gerar relacionamentos inautênticos e até prejudicar a saúde mental.

O sociólogo Brian Soller, em um estudo de 2014, mostrou que a falta de autenticidade em relacionamentos está associada a piores resultados na saúde mental, especialmente entre adolescentes do sexo feminino.

Isso se reflete em “sinais de alerta” difíceis de perceber no começo, pois todos estão desempenhando o papel que acham mais adequado.

Isso pode se manifestar em regras autoimpostas como:

“Preciso responder agora para não parecer carente” ou “Vou fingir desinteresse para manter o mistério”, mesmo que você prefira ser direto. Pode até ser fingir gostar de um hobby só para agradar.

Por exemplo, topar ir às compras com a pessoa, mesmo sem interesse, quando na verdade você preferiria ver um filme. Isso acaba causando frustração quando seu parceiro percebe que você não foi sincero. Ele pode achar que você está se afastando ou que não confia o suficiente para ser honesto.

Mesmo que pareça algo pequeno, esconder seus gostos e vontades pode criar distanciamento.

É importante mostrar interesse na vida do outro, mas nunca às custas da sua própria autenticidade. Por isso, pare de “atuar” só para impressionar.

Quando suas ações seguem mais regras do que sentimentos reais, você provavelmente está apenas representando, e não construindo uma conexão verdadeira.

2. Você usa o mesmo “roteiro” com todos os parceiros

Agimos de formas diferentes com pessoas diferentes. Você provavelmente se comporta de um jeito com seus pais e de outro com seus amigos. Cada relacionamento traz uma nova dinâmica, então, não faz sentido aplicar o mesmo script em todos os casos.

Mesmo assim, muita gente acaba repetindo os mesmos padrões românticos, sem considerar as particularidades de cada nova conexão.

Ou seja, você acaba interpretando o mesmo “personagem” com todos os parceiros. independentemente de quem sejam.

Existe a ideia de que ser “você mesmo” é o suficiente para ser autêntico em um relacionamento. Mas um estudo de 2017 publicado no Personality and Social Psychology Bulletin trouxe uma visão diferente: sentimos mais autenticidade quando nossa versão nos relacionamentos se aproxima de quem aspiramos ser, nosso “eu ideal”.

Você não se torna sua melhor versão seguindo um roteiro, mas trabalhando em si mesmo, se desenvolvendo e ocupando seu espaço. Isso inclui ser verdadeiro com amigos, familiares e, claro, com seu parceiro.

Se alguém demora a responder ou cancela um encontro, talvez você ouça conselhos como “finge que não se importa”. Mas se isso não é o que você sente, não precisa seguir essa dica.

Se expressar o que sente, como ligar para dizer que ficou magoado, ajuda você a ser honesto, tudo bem fazer isso. Só lembre que ser sincero não significa abrir mão do seu amor-próprio.

Conexões verdadeiras têm espaço para espontaneidade e imperfeições. Mas quando você está preso a um roteiro, qualquer desvio parece uma ameaça, porque quebra a história mental que você construiu sobre como o amor “deveria” acontecer.

Scripts de sedução nem sempre ajudam

O ambiente onde vivemos influencia nossa forma de ver o amor. Mas quando nos apegamos demais aos roteiros, perdemos a chance de criar uma conexão emocional verdadeira. Acabamos assumindo papéis como “o conquistador”, “o prêmio”, “o desapegado” ou “o inacessível”, em vez de nos relacionarmos de forma autêntica.

Se demonstrar interesse for interpretado como carência, e você sentir que precisa esconder seu entusiasmo, talvez essa pessoa não seja certa para você. É melhor enfrentar as incompatibilidades do que fingir que está tudo bem quando a pessoa não cumpre o que promete ou desrespeita seus sentimentos.

Trabalhe na versão de si mesmo que você deseja ser. Estabeleça metas pequenas e alcançáveis: talvez você queira ser alguém mais equilibrado emocionalmente, confiável ou assertivo. Pergunte-se o que te impede e comece a agir.

Quando você se desenvolve de forma genuína, atrai pessoas que somam à sua vida, não aquelas que fazem você se sentir preso e diminuído.

Desfaça mentalmente o roteiro que está te limitando, só porque acha que há um jeito “certo” de conquistar ou ser conquistado.

Se alguém realmente quiser construir algo com você, vai aceitar quem você é de verdade e também será autêntico.

Esse é o tipo de amor que todos merecemos.

* Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.

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