Pedro Donizete Francisco, morador de Varginha, no Sul de Minas Gerais, sumiu em março do ano passado, quando participava de uma romaria com destino ao Santuário de Aparecida, que fica no interior de São Paulo. Desde então, a família vive a tristeza de não saber o paradeiro do idoso de 69 anos.
Junto com a angústia, os parentes também precisaram lidar com falsas pistas, além de trotes e golpes de pessoas que tentam se aproveitar do desaparecimento do romeiro para conseguir dinheiro.
Desaparecimento de idoso em romaria
A romaria saiu de Varginha no dia 21 de março, em um grupo de cerca de 350 pessoas. O filho do idoso, Pedro Augusto Francisco, acompanhava o pai na viagem. Foi quando eles fizeram uma parada na cidade de Piquete, no Alto da Serra, já na divisa com o estado de São Paulo, que Pedro Donizete desapareceu.
“No terceiro dia, lá na cidade de Piquete, a gente estava descendo a serra, pedi para o meu pai aguardar um minuto. Na hora que eu voltei, ele já não estava mais no local que eu deixei. Na minha cabeça, achei que tinha descido a serra. Mas, na hora que eu cheguei no finalzinho da trilha, que tem uma gruta chamada Gruta São Miguel, perguntei para uns meninos que estavam lá, e falaram que não tinha passado ninguém lá naquele momento”, conta o filho.
Após não encontrar o pai, ele voltou a trilha e viu outro grupo de pessoas descendo, mas ninguém tinha visto o romeiro. “Aí já entrei em contato com meu irmão para ele ficar alerta que eu tinha desencontrado dele lá na trilha. E aí começou o desespero.”
Para a neta de Pedro Donizete, Anieli Francisco de Souza, o desaparecimento do avô foi “muito chocante”. “No começo a gente achou que ia achar ele na primeira semana, porque a gente estava com a expectativa que ia achar ele rápido já que ele nunca foi disso”, conta.
Na época do sumiço, a Polícia Civil de Piquete realizou buscas junto com o filho do romeiro, mas não levantou nenhuma suspeita criminal. Foi instaurado o chamado procedimento de investigação de desaparecidos.
Pedro Augusto conta que as buscas foram encerradas após indícios de que o idoso teria saído para a rodovia. “O bombeiro fez duas buscas e no segundo dia encerrou as buscas. E a polícia lá de Piquete, a gente tem que ficar ligando, perguntando. Eu acho que faltou um pouco de apoio.”
Trotes e tentativas de golpe
Na época, a família recebeu muitos relatos, muitas denúncias de que o romeiro tinha sido achado, mas as informações e as pistas eram todas falsas. “A gente recebeu vários golpes. A gente criava expectativa, porque a gente quer encontrar ele de todo jeito, seja vivo, morto, a gente quer pelo menos uma notícia dele, porque estava indo na casa da mãe e não voltou mais”, conta a neta.
O primeiro trote foi de um rapaz de Piquete que ligou e disse que estava com o idoso, e pediu que a família transferisse R$ 10 mil, segundo Pedro Augusto. Depois, surgiram relatos de que o romeiro tinha sido visto em Guaratinguetá, no bairro de Pedrinha. “A gente saiu daqui, fomos lá em Pedrinha, andamos 600 e tantos quilômetros. Na hora, assim, a gente recebia, era um alívio, né? Falei, graças a Deus, alguém viu. Mas na hora que chegava lá não era.”
Houve ainda outro alarme falso, de que o romeiro estaria em Aparecida, mas não foi encontrado nenhum vestígio dele na cidade. As buscas pelo romeiro foram encerradas no início de abril do ano passado, por parte da família também.
“Antes de ligar para a família ou para alguém, liga pelo menos primeiro para a polícia, porque aí a polícia vai saber informar se é ou não, porque é um sentimento muito ruim. É um sentimento muito ruim porque você cria uma expectativa muito grande”, recomenda Anieli.
Esperança
Mesmo um ano depois do desaparecimento, a esperança pelo reencontro continua viva na família de Pedro Donizete. “Muita gente fala assim: ‘Pode perder a esperança, que vivo ele não está’. Mas a gente não tem essa esperança dele estar morto. Não tem esse sentimento”, afirma Pedro Augusto.
Para Anieli, a incerteza sobre o destino do avô é o que mantém a família inquieta. “Se ele tivesse morrido, se a gente já tivesse enterrado ele, a gente já tinha se conformado. Mas agora a gente está sem notícia dele. Então, a família agora, nesse momento, a família está sendo muito importante.”
“De vez em quando a gente vai lá na serra, vai perguntar, a gente prega cartaz lá na cidade. O dia que fez um ano agora a gente foi lá na Gruta de São Miguel, fomos em Aparecida. Você fica imaginando um ser humano no meio de 360 homens e ninguém viu, ninguém sabe, não deixaram nem um, como você diz, uma capa de chuva, o chapéu que ele estava usando, uma coisa. Mesma coisa que uma poeira sumir no ar”, finaliza Pedro Augusto.
Plataforma
A EPTV e o acidade on lançaram nesta segunda-feira (9) uma plataforma para divulgar informações sobre desaparecidos na área de cobertura do Grupo EP. Essa é a única página na internet com esse tipo de serviço aqui no estado de São Paulo.
Famílias ou conhecidos que tem casos de entes próximos que desapareceram podem usar a plataforma para reportar esse tipo de situação. A iniciativa está disponível para as praças de Araraquara, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto e São Carlos.
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Além de informações sobre pessoas desaparecidas, também é possível conferir na página reportagens de serviços como, por exemplo, o programa que integra câmeras de monitoramento das prefeituras ao banco de dados do estado para ajudar a encontrar quem está desaparecido.
Todo conteúdo pode ser encontrado no https://www.acidadeon.com/desaparecidos/.
Série Desaparecidos
Com o lançamento da plataforma, o EPTV1 está exibindo uma série de reportagens especiais com histórias de pessoas que buscam informações de familiares que sumiram de uma hora para outra e que vivem o drama da espera por notícias, e a esperança do reencontro, de um final feliz.
Já o EPTV2 vai contar com reportagens de serviço e orientações voltadas para os familiares e conhecidos dos desaparecidos, como, por exemplo, qual é o procedimento necessário para reportar às autoridades esse tipo de situação.
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