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Nesta terça-feira (10), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA). Em maio, o índice subiu 0,26%, ante 0,43% registrado em abril, indicando uma desaceleração. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação teve alta de 5,32% contra 5,53% no mês passado. O movimento foi motivado pelo recuo dos custos dos alimentos e do transporte, que compensaram o aumento da energia elétrica. Os resultados ficaram abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters de avanços de 0,33% no mês e de 5,40% em 12 meses.
Embora o acumulado em 12 meses até maio tenha mostrado desaceleração, ainda segue bem acima da meta de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Vale lembrar que na próxima semana o Banco Central (BC) se reunirá para decidir sobre a taxa básica de juros, atualmente em 14,75% ao ano.
Pesquisa Focus divulgada na segunda-feira (9) mostra que a expectativa do mercado é de que a inflação encerre este ano a 5,44%, com a Selic se mantendo no patamar atual. A curva de juros futuros também mostra apostas majoritárias em manutenção.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, mantém a expectativa de alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ressaltando: “caso os próximos dados mostrem um comportamento mais benigno, especialmente em relação à atividade econômica e ao mercado de trabalho, é possível que o ciclo de alta de juros tenha chegado ao fim”.
Diante das expectativas de inflação desancoradas, o BC deve manter a taxa básica de juros em patamar restritivo por um tempo, em meio ainda a uma economia resiliente e mercado de trabalho aquecido.
Energia x alimentos
O destaque no IPCA de maio foi a alta de 3,62% da energia elétrica, após recuo de 0,08% em abril, levando os custos do grupo Habitação a subirem 1,19% no mês, devido à mudança na bandeira tarifária. No final de abril, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que as contas de luz teriam bandeira tarifária amarela no mês de maio, o que impõe um custo extra de R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos. O cenário deve piorar em junho, uma vez que a bandeira será vermelha patamar, com cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 kW/h consumidos.
A pressão da alta foi compensada na leitura do índice geral pelos resultados registrados em alimentos e transportes. Os três grupos têm um peso de 57% no IPCA, de acordo com o IBGE.
O grupo Alimentação e bebidas desacelerou, com alta de 0,17% em maio, ante 0,82% em abril, marcando a menor variação mensal desde agosto de 2024. Com isso, a alimentação no domicílio saiu de uma alta de 0,83% em abril para 0,02% em no último mês, com quedas nos preços de tomate (13,52%), arroz (4,00%), ovo de galinha (3,98%) e frutas (1,67%). “A queda nos preços do tomate pode ser explicada por um aumento da oferta devido ao avanço na safra de inverno”, explicou o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves.
Já o grupo Transportes registrou queda de 0,37% em maio, com destaque para os recuos na passagem aérea (11,31%) e combustíveis (0,72%). Todos os combustíveis pesquisados apresentaram deflação em maio: óleo diesel (1,30%), etanol (0,91%), gás veicular (0,83%) e gasolina (0,66%). “A queda nas passagens aéreas se deve por ser um período entre as férias escolares, quando as companhias aéreas costumam baixar os preços”, disse o gerente da pesquisa no IBGE.
Ponto de atenção do BC, a inflação de serviços teve pouca alteração ao desacelerar a alta a 0,18% em maio, de 0,20% em abril. Em 12 meses, no entanto, a inflação de serviços ainda chega a 5,80%, acima da taxa do IPCA nessa base de comparação, em meio a um mercado de trabalho aquecido e renda maior.
O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, recuou em maio a 60%, de 67% no quarto mês do ano. “Além do resultado quantitativo positivo, tivemos um bom qualitativo da inflação. O núcleo, medida que exclui os itens mais voláteis como alimentos e energia, desacelerou de 0,5% em abril para 0,3% em maio, o menor valor desde setembro de 2024. A inflação de serviços recuou entre todas as principais medidas, com exceção dos administrados, refletindo o aumento no custo da energia elétrica”, destacou André Valério, economista sênior do Inter, que também vê alta de 0,25 ponto na Selic na próxima semana.
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