O que acontece no grupo de WhatsApp… não fica no grupo de WhatsApp

Era uma vez um tempo em que conversas sigilosas ocorriam em salas fechadas, entre poucos e de confiança. E isso bastava. Mas a invenção dos smartphones, e principalmente, dos aplicativos de mensagens instantâneas, transformou essa lógica para sempre.

Hoje, qualquer assunto pode se tornar público em segundos. Mesmo aquele que você jurava que ficaria restrito ao grupo. Basta um print, um reenvio, um deslize. Às vezes, nem isso: o simples ato de encaminhar uma mensagem para o grupo errado já é suficiente para o caos.

Se você redigiu ou gravou algo no WhatsApp, considere sempre a hipótese de que pode vazar. E, diante disso, a melhor estratégia não é torcer pelo sigilo. É agir como se tudo o que você compartilha nesses aplicativos pudesse ir parar na imprensa, no blog do seu opositor político ou no story daquele desafeto que “só observa”.

Não faltam exemplos: de escândalos envolvendo autoridades do governo americano a episódios como o vazamento de conversas íntimas de Neymar. O risco não distingue celebridades, políticos ou executivos. O que muda é o tamanho do estrago à reputação — que, como já sabemos, leva anos para ser construída e segundos para ser arranhada por um áudio de 12 segundos.

Como se blindar

Nem tudo precisa virar um manual, mas não é má ideia tratar a comunicação informal com um pouco mais de formalidade. Cuidar com o que se escreve e com quem está nos grupos não é paranoia. É cautela.

Uma boa dica é revisar o conteúdo antes de enviar. Pense se aquilo precisa mesmo ser dito por mensagem. Em último caso, escreva como se fosse lido por alguém que você não gostaria que lesse — porque talvez seja exatamente isso que vai acontecer.

Se o vazamento aconteceu, lamento, mas aquela desculpa de que a frase “foi tirada de contexto” não cola mais. O silêncio também não costuma ajudar — só alimenta a curiosidade e o julgamento. Aceite que a melhor saída é reconhecer o erro, explicar o que for preciso e seguir a vida. Como já disse em artigos anteriores, nada como um pedido de desculpas honesto (esse gênero literário raro).

Em resumo: o grupo de WhatsApp virou palco. E como todo palco, exige roteiro e direção.

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