O personagem Labubu, da marca asiática Pop Mart, ganhou as ruas, mochilas e redes sociais do Brasil — e não como brinquedo infantil, mas como item de autoexpressão de uma geração que transforma até o excêntrico em manifesto de estilo. Misturando traços caricatos, olhos arregalados e um visual entre o fofo e o perturbador, o boneco se tornou o novo ícone visual da Geração Z, especialmente entre jovens que orbitam os universos da moda alternativa, da cultura pop asiática e da estética “creepy cute”.

No TikTok, vídeos com a hashtag #labubu somam milhões de visualizações, e influencers de diferentes estilos já incorporaram o boneco como parte do look. Para a consultora de imagem Sandra Melo, o sucesso do Labubu não é um acaso — mas sim reflexo de um comportamento coletivo. “A Geração Z busca símbolos que comuniquem complexidade emocional. O Labubu não é só um acessório bonito — ele mistura humor, desconforto e identidade de uma forma que representa perfeitamente a linguagem visual dessa geração”, afirma.
Estudos recentes reforçam esse movimento: uma pesquisa da McKinsey & Company aponta que 58% da Geração Z priorizam autenticidade ao montar sua imagem, mesmo que isso fuja das normas estéticas convencionais. Além disso, segundo a Play Pesquisa, 74% dos jovens brasileiros afirmam que gostam de incluir elementos “não óbvios ou contraditórios” no estilo pessoal, como forma de reforçar sua individualidade.


Segundo Sandra, essa escolha por um acessório inusitado — e até “feio”, sob certas óticas — dialoga com a lógica estética da internet, que valoriza o contraditório. “O Labubu foge da estética polida e perfeita. Ele representa o estranho, o deslocado, o que não se encaixa. E é justamente aí que ele se torna potente: ao virar símbolo de quem quer comunicar uma imagem mais autêntica, cheia de nuances, sem precisar agradar todo mundo”, comenta.
Mais do que uma tendência estética, o Labubu também se conecta com o movimento emocional que envolve objetos afetivos, sobretudo em tempos de excesso de estímulos e inseguranças identitárias. “Muitos desses jovens tratam o boneco como companhia emocional. É um acessório com função estética e simbólica, que fala sobre pertencimento, segurança e até resistência visual”, explica Sandra.
Enquanto para gerações anteriores estilo pessoal era algo mais previsível, para a Geração Z ele é um território expandido. “E o Labubu, nesse contexto, deixa de ser apenas uma febre passageira e se firma como expressão legítima de um tempo em que quem somos está profundamente ligado ao que escolhemos carregar — literalmente — no corpo e na imagem”, completa Sandra.
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